Pós-Graduação em Estudos Rurais
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PPGER - Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais
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Item A cidade e o amanhã: ensaio sobre o centenário de Pedro Leopoldo(UFVJM, 2024) Martins, Marcos Lobato; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)Inserir ResumoItem O acesso à previdência social pelas mulheres trabalhadoras rurais pela via do Sindicato dos Trabalhadores Rurais: o estudo de caso da experiência de Medina e Congonhas do Norte(UFVJM, 2021) Moraes, Érica Pinto de; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lima, Josélia Barroso Queiroz; Souza, Cristiane Luiza Sabino de; Stocco, Aline Faé; Lovo, Ivana CristinaTrata-se de uma investigação sobre o acesso à previdência social pelas mulheres trabalhadoras rurais pela via do Sindicato dos trabalhadores rurais. Através da metodologia de estudo de caso, cuja a investigação empírica foi realizada com os funcionários e dirigentes dos sindicatos de Medina e Congonhas do Norte no período pesquisado de 2008 a 2016. A escolha destes dois sindicatos deu-se por: ser a investigadora advogada que acompanha casos de mulheres trabalhadoras rurais ao direito previdenciário desde 2015 até o presente no enfrentamento da burocracia administrativa, onde temos naturalizado os abusos históricos dirigidos às mulheres. A experiência com a defesa do direito da mulher sobretudo, a negra, trabalhadora rural, em sua maioria semianalfabeta e minha inserção junto ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Congonhas do Norte levou-me ao problema de pesquisa. Qual papel do sindicato de trabalhadores rurais no acesso à previdência social das trabalhadoras rurais? A investigação via estudo de caso foca a experiência de Medina e a de Congonhas do Norte de modo a comparar as estratégias de mediação dos dois sindicatos na construção do acesso à previdência. O período demarcado para levantamento dos dados empíricos foi de 2008 a 2016 tendo por marcos temporais, a Lei 11718/2008, que regula o trabalho e a previdência social rural, tendo como marco final o ano de 2016, marcado pelo golpe político, econômico e midiático que levou a destituição da Presidenta Dilma Rousseff e a instituição Emenda Constitucional 95/2016 que contingenciou os recursos voltados para os direitos sociais. A justificativa desta pesquisa se estrutura pelo ataque, pós golpe, aos direitos das mulheres, sobretudo das mulheres trabalhadoras rurais no trânsito da burocracia institucional, uma vez que, historicamente, tais mulheres foram mantidas apartadas dos direitos sociais, a saber: previdência social, educação, assistência e a saúde. Ressalta-se que apenas após a Constituição Federal de 1988, tais direitos foram garantidos a todos brasileiros considerando a igualdade de gênero como fator democratizante. Objetivou-se pois com essa pesquisa, conhecer, comparar e avaliar as diferentes formas de mediação realizadas pelos sindicatos avaliando o impacto dessas mediações no acesso aos direitos previdenciários das mulheres trabalhadoras rurais. O estudo de caso implicou na análise de documentos administrativos, documentos públicos, visando a coleta e condensação dos dados junto ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), sobre as concessões de aposentadorias por idade de mulheres e homens (segurados especiais) no período de 2008 a 2016. Além da comparação do número de processos administrativos confeccionados pelos agentes sindicais, de ambos os sindicatos, no mesmo período. Para retratar a o cotidiano das mulheres trabalhadoras rurais de ambos sindicatos coletamos fotografias do acervo de cada sindicato. Para finalizar foram realizadas entrevistas semiestruturadas com agentes mediadores dos sindicatos dos trabalhadores rurais, envolvendo, ainda, a revisão bibliográfica sobre a pesquisa. Para análise dos dados coletados faremos a análise qualitativa, tendo por referência a literatura estudada e metodologia de Bardin (1979). Ressalta-se ainda que essa investigação está vinculada ao Mestrado em Estudos Rurais. Pelo parecer nº 33458420.6.0000.5108, obtivemos a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa/UFVJM. Entrevistamos os mediadores sindicais visando identificar o domínio de conhecimento técnico sindical e previdenciário dos mesmos, focamos ainda a questão de gênero que marca a história do apartamento das mulheres trabalhadores rurais. Optou-se por não ouvir mulheres trabalhadoras rurais, pois o objetivo principal desta investigação foi analisar o sindicato como mediador no acesso ao direito previdenciário das trabalhadoras rurais.Item Agricultura familiar e os circuitos curtos de comercialização no município de Diamantina, MG, durante a pandemia da Covid-19(UFVJM, 2022) Oliveira, Leandro Fernandes; Fávero, Claudenir; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Murta, Nadja Maria Gomes; Silva, Daniel Ferreira daO trabalho foi realizado com o objetivo de identificar e compreender as possibilidades de comercialização dos produtos da Agricultura familiar no município de Diamantina, além de verificar as alternativas e os impactos causados no período da pandemia da COVID-19, entre os anos de 2020 e 2021. Para isso foram obtidas informações sobre a participação de agricultores familiares na Feira Livre do Largo Dom João, na “Feirinha do Elefante” e nos Programas Governamentais, PAA – Programa de Aquisição de Alimentos e PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar. A coleta de dados do PNAE Estadual foi realizada por meio do portal do FNDE e controle da MTES; os dados do PNAE municipal foram obtidos junto a Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Diamantina; para os dados do PAA e da Feira Livre do Largo Dom João consultamos a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Agropecuário e Meio Ambiente da Prefeitura de Diamantina; e os dados da “Feirinha do Elefante”, foram obtidos diretamente com o proprietário da mesma. Verificou-se expressiva ampliação dos canais de comercialização institucionais (PAA e PNAE) no período analisado, mas que mesmo assim chegou a um percentual pequeno dos agricultores familiares do município. Constatou-se a importância que a Feira Livre do Largo Dom João tem para a Agricultura Familiar do município, pois mesmo esgotando todos os recursos dos programas institucionais, não houve alteração na quantidade de produtos comercializados e nos valores obtidos pelos agricultores na mesma. A Feirinha do Elefante, canal que surgiu com o fechamento da Feira do Largo Dom João devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19, apresentou uma expressiva comercialização de produtos no período avaliado, tornando-se mais um importante canal de comercialização da Agricultura Familiar no município. Pelas informações analisadas, ficou evidente o potencial latente de expansão da comercialização de produtos pela Agricultura Familiar do município de Diamantina.Item Agricultura familiar e política pública: o Programa de Aquisição de Alimentos - Datas/MG (2003-2019)(UFVJM, 2019) Santos, Ângela Aparecida; Chaves, Edneila Rodrigues; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Chaves, Edneila Rodrigues; Martins, Marcos Lobato; Melo, Thiago Vasconcelos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Galizoni, Flávia MariaO estudo aborda a agricultura familiar e política pública com investigação para o modelo de agricultura familiar em âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para a sociedade de Datas– MG, no período de 2003 a 2019. Os objetivos específicos foram: caracterizar a estrutura fundiária e investigar a configuração da produção agrícola em Datas; abordar as políticas públicas para a agricultura familiar e analisar o PAA como política pública em nível nacional; investigar o Programa na esfera da gestão, desempenhada pelas instituições locais Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e Centro de Referência de Assistência Social (Cras); investigar o Programa na esfera dos beneficiários, com a identificação do perfil dos agricultores, fornecedores de alimentos, bem como a identificação do perfil das famílias consumidoras destes; analisar o PAA quanto às limitações observadas pelos agricultores e pelas famílias consumidoras e formular proposições para melhor desempenho local do Programa; e investigar seus impactos para os beneficiários, com base na análise realizada. Para realização deste trabalho foram utilizadas informações obtidas a partir de material bibliográfico, de dados estatísticos e de pesquisa de campo.Foram consultados materiais bibliográficos que abordam a temática e dados dos censos agropecuários de 1995/1996 e 2006 (IBGE), dados fundiários do banco de Dados da Luta pela Terra- Dataluta para os anos de 1992, 1998, 2003, 2012 e 2014; e dados do relatório ano agrícola 2016/2017 da Emater-MG.Na pesquisa de campo foram submetidos questionários estruturados com questões abertas à Emater-MG, Cras e às famílias consumidoras. Aos agricultores familiares foi submetido questionário com questões abertas e fechadas. Em termos de resultados e de conclusão, verificou-se que no cenário agrícola de Datas, há a predominância do segmento da agricultura familiar. Os principais produtos fornecidos pelos agricultores para o PAAsão frutas e hortaliças. O Programa incentivou a produção dos agricultores familiares, com aumento da produção agrícola e introdução de novas culturas nas unidades de produçãomunicípio. O Programa apresenta limitações que resultam nas dificuldades encontradas pelo Crasna sua esfera de gestão. Tais limitações dizem respeito à insuficiência de produtos para atender a todas famílias cadastradas, isso devido à participação de poucos agricultores familiares como fornedores para o Programa. As famílias que se beneficiam apontam vários benefícios para o grupo familiar, entre eles, a melhoria na alimentação, mas o Programa não é eficiente para atender a todas as famílias cadastradas. Propõe-se favorecer a participação de um número maior de agricultores para ampliar fornecimento de produtos para que mais famílias cadastradas sejam contempladas pelo Programa e favorecer o fortalecimento dessa agriculturade forma continuada.Item Agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha: produção agropecuária e o acesso às políticas públicas em Almenara/MG, 2006-2018(UFVJM, 2018) Pereira, Marcos Vinícius Pacheco; Chaves, Edneila Rodrigues; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Chaves, Edneila Rodrigues; Martins, Marcos Lobato; Conceição, Ariane Fernandes daEste trabalho constitui em dissertação de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Rurais/UFVJM e tem como o tema a agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha, com recortes especiais para o Território do Baixo Jequitinhonha e o município de Almenara – MG. A construção do conceito de agricultura familiar para o Brasil insere-se nos anos de 1990, em processo de reconhecimento e de valorização do segmento agricultura familiar, em três eixos: a luta social e política; o debate acadêmico e científico; e o reconhecimento institucional via políticas públicas. Nos moldes capitalistas, o desenvolvimento econômico de caráter modernizador e conservador aderido pelo País acarretou em diversas realidades rurais, nas quais, a agricultura familiar se organiza de acordo com as particularidades do espaço geográfico em que está inserida. Sendo assim, tem-se como objetivo investigar o perfil e a atual configuração da agricultura familiar no município de Almenara, região do Baixo Jequitinhonha, com atenção para os aspectos que conduzem à caracterização da produção agropecuária e políticas públicas vigentes. Em termos de método, realizou-se breve estudo bibliográfico sobre os sistemas agrários da região, marcada pela grande fazenda de pecuária extensiva e de pequenas unidades de produção de cunho familiar. Para a caracterização do espaço geográfico e do meio rural do recorte de estudo, utilizou-se dados dos últimos censos demográficos (IBGE, 2000/2010) e agropecuários (IBGE, 2006/2017). Adotou-se como perspectiva de análise um estudo de caso, que se deu através de observação em incursões no município, nos ambientes de ocupação e articulação dos agricultores, como as feiras livres, e em comunidades rurais, em especial a Comunidade Umburana, que serviu como objeto de análise direta. As principais questões abordadas foram: o perfil dos agricultores e dos estabelecimentos rurais; a produção agropecuária e da agroindústria; e a disponibilidade e acesso de políticas públicas. Em termos de resultados, verificou-se que a análise do setor de agricultura familiar em questão e em âmbito dos três eixos referidos ofereceu melhor compreensão de sua configuração, especialmente numa região que ainda requer atenção das instituições governamentais, dados seus baixos índices socioeconômicos e heranças deixadas pelo seu processo de colonização e povoamento. Os dados reunidos apontam para a nítida presença de agricultures familiares em Almenara, com aspectos tradicionais e uma participação ativa na produção de alimentos voltados para o autoconsumo e abastecimento da população, via feiras livres. Em relação às políticas públicas, observa-se que programas de assistência técnica e de financiamento e empréstimo de crédito fundiário estão vigentes na região, mesmo não atendendo a todos os problemas e demandas da população rural. Aponta-se assim, para uma adequação e revisão dessas políticas públicas, e indica-se a realização de estudos mais aprofundados que compreendam os sistemas agrários da região, onde inclui-se o sistema de agricultura familiar.Item Agroecossistemas, trabalho e autonomia: o cotidiano de mulheres camponesas em realidades do Vale do Jequitinhonha(UFVJM, 2021) Lopes, Bárbara Letícia; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Weitzman, Rodica; Lima, Josélia Barroso QueirozEsta pesquisa tem o interesse em compreender como se dá a autonomia das mulheres diante da distribuição e decisão sobre o trabalho em agroecossistemas agroecológicos. As famílias que compõe o grupo participante desta investigação vivem e desenvolvem suas atividades em duas localidades no Vale do Jequitinhonha. A divisão sexual do trabalho constitui uma das principais formas de desigualdades entre homens e mulheres sendo esta construída historicamente. É preciso entender que homens e mulheres estão inseridos em construções sociais que influenciam o seu modo de perceber, pensar, sentir e agir, e quando analisamos a questão do trabalho não podia ser diferente. A situação de mulheres camponesas não é diferente do que está registrado na literatura feminista, elas ficam responsáveis pelo trabalho do cuidado do lar e dos filhos e de outras tarefas entendidas como “feminina”. É sabido que não se conseguirá superar as desigualdades no campo se não rompermos com as velhas formas de opressão e estarmos atentos a novas formas de opressão que podem surgir com os rearranjos sociais e econômicos. Com a utilização da observação participante, que considera e incentiva que os pesquisadores vivenciem o dia a dia daqueles a quem estudam, possibilitando uma compreensão melhor do universo em estudo, e com o uso de ferramentas como entrevistas, dinâmica da rotina diária e fluxogramas sobre o fluxo do trabalho no agroecossistema, foi possível perceber que existe uma divisão sexual de trabalhos nas famílias participantes da pesquisa e que está se apresenta de várias formas e intensidades, mesmo se tratando de agroecossistemas que tem como base o exercício da agroecologia. Acompanhando a rotina de duas famílias, ficou evidente que as mulheres estão presentes em todas as etapas da produção, desde a colheita até a comercialização. Entretanto, por vezes, seus trabalhos são invisibilizados e tidos apenas como “ajuda” dos serviços feitos por seus companheiros. Estando o trabalho doméstico sobre responsabilidade das mulheres, gera sobrecarga e reduz seu tempo livre, impossibilitando que elas possam usufruir desse tempo em atividades de lazer ou para descanso. Por fim, mesmo as duas famílias sendo acompanhadas por organizações que realizam e incentivam discussões sobre a igualdade de gênero e autonomia feminina, e que já estejam vivenciando um aprofundamento conceitual e prático da agroecologia, há ainda um caminho a ser percorrido para que as desigualdades nas relações de gênero possam ser superadas de fato, já que nesse caminho há uma conexão direta com a estrutura patriarcal e capitalista predominante na sociedade.Item O Batuque como ferramenta de resistência territorial e identitária na Comunidade Quilombola Baú, Araçuaí/MG(UFVJM, 2020) Gonzaga, Paulo Henrique Lacerda; Sulzbacher, Aline Weber; Neves, Antônio Cosme das; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sulzbacher, Aline Weber; Neves, Antonio Cosme das; Santos, Renato Emerson Nascimento dos; Vittoretto, Bruno Novelino; Figueiredo, Ana Flávia Andrade de; Santos, Rosanea dosA pesquisa aborda o batuque e a sua contribuição na organização e manutenção do território e da identidade das comunidades quilombolas, analisando a origem do batuque na África e no Brasil, compreendendo sua relação com as danças, cantos, toques de tambor, religiosidade e os saberes quilombolas. O estudo foi desenvolvido na Comunidade Quilombola Baú, onde busco entender sua dinâmica de resistência territorial histórica em Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, MG. A metodologia adotada para esse trabalho foi a etnografia participativa.Item Como "o campo" está online? Influências da política pública "Alfenas Digital" na inclusão de sujeitos rurais(UFVJM, 2018) Pereira, Tamires Lopes; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Lima, Luiz Henrique Magnani Xavier de; Martins, Marcos LobatoCom o processo de avanço tecnológico atrelado a necessidade de novas informações, ocorreu uma busca incessante por mecanismos que fossem capazes de promover a cultura e dinamizar o desenvolvimento de uma sociedade em constante transformação. Compreender quais têm sido as implicações do acesso a rede de internet que se encontra dentro do complexo sistema de inovação tecnológica, e o resultado desta utilização dentro das configurações dos territórios em que vivem os sujeitos usuários e não usuários de um Projeto denominado “Alfenas Digital”, torna-se um objeto de pesquisa arrojado frente ao cenário de mudanças que o rural vem sofrendo. O “Alfenas Digital” é um projeto que visa a inclusão socio-digital da população carente a partir da oferta de sinal gratúito de internet, atuando inicialmente na zona urbana e alguns bairros rurais do municipio de Alfenas/MG. O propósito deste trabalho é fornecer uma análise sobre os efeitos do uso da internet na inclusão digital dos sujeitos rurais, investigando a geração de capacidades econômicas e comunicacionais no contexto de dois bairros rurais estudados. Parte-se da hipótese que a gestão do projeto “Alfenas Digital” não se assume enquanto política pública; pois o mesmo, não possui etapas como: formulação, planejamento e avaliação, que são fases essências no contexto de uma política pública. Considerou-se ainda que, tal política tem acarretado transformações (impactos) sob as realidades pesquisadas. Por fim, admitiu-se também que aspectos ligados a estrutura têm sido um dos fatores fundamentais que limitam a proliferação da internet no meio rural. Sendo assim, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa tendo como base a Perspectiva Orientada aos Atores (POA) conjuntamente, com a Teoria Fundamentada em dados, e o uso de instrumentos para coleta de dados: grupos focais, entrevistas semiestruturadas e observação direta. Na análise dos dados os recursos empregados foram da análise de conteúdo, que apontou como resultados a confirmação das hipóteses desta pesquisa, dado que, o acesso proporcionado pela ação pública tem potêncializado articulações produtivas, com o mercado, comunicacionais, políticas, religiosas, educacionais e informacionais; fomentando indiretamente no beneficiário o seu papel de cidadão. Comprovou-se, além do mais, que a estrutura se apresentou como um fator limitante da expansão do acesso a internet, sobretudo nas realidades rurais. Entretanto, a gestão do Projeto Alfenas Digital não o reconhece enquanto política pública, pois atribuem que etapas como o diagnostico, planejamento, intervenção sobre uma realidade, avaliação das intervenções e seus resultados, ainda não se fazem necessárias, priorizando apenas a oferta do sinal de internet,o que inviabiliza um diálogo intersetorial planejado entre setores da gestão pública e entre estes e a sociedade civil organizada. Finalmente, salientou-se que as intervenções das políticas públicas carecem ser de cunho participativo, e que considerem a geração de capacidades, para além da pura oferta de acesso à internet.Item “Como é em cima, é embaixo”: simbologias, mito e resistência dos Homens Pretos do Rosário do Serro(UFVJM, 2018) Lima, Daniela Passos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Cambraia, Rosana Passos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Martins, Marcos Lobato; Silva, Rubens Alves da; Fonseca, Mariana BracksA identidade negra que se expressa nos rituais congadeiros em torno da devoção à Nossa Senhora do Rosário resistiu no decorrer dos séculos e da diáspora africana a partir da reinterpretação de símbolos da cultura européia segundo os códigos culturais africanos. A partir do estudo e interpretação dos símbolos, a começar pelo mito, os aspectos mais ocultos da cosmovisão africana se revelam como forma de resistência do Povo Preto do Rosário. A Festa do Rosário é o tempo-espaço de produção e transmissão epistemológica dos saberes africanos e sua ressignificação em solo brasileiro. Através da celebração, a exaltação do ethos dos Homens Pretos se dá, na medida em que a festa instaura um momento simbólico de subversão dos valores sociais e morais da sociedade contemporânea. Esta pesquisa teórica tem como ponto de partida os conceitos da antropologia da religião, para iniciar uma discussão sobre o sagrado e as práticas religiosas de povos tradicionais, que se identificam na compreensão das suas práticas rituais, como forma de acessar e reintegrar-se à esfera do sagrado. A historiografia da tradição da festa do Rosário traz à luz as suas origens, possibilitando compreender a cosmovisão dos Povos do Rosário. Frente ao desafio de não haver estudos precisos sobre as origens étnicas das comunidades fixadas no Serro (MG) durante o período escravista, surgiu a necessidade de estudar e trazer à discussão a filosofia dos povos bantu e sudaneses, que trouxeram como resultados práticas em comum, todas expressas nos rituais do Rosário. A observação da festa, rito de onze dias de duração, revela a toda sociedade os aspectos mais essenciais do seu modo de vida, ainda que velados sob cantos, procissões e ritos de passagens, que as diversas pesquisas de antropologia comparada das religiões e a história desta tradição ajudam a compreender. Desse modo, esta pesquisa analisa a Festa do Rosário do Serro, para interpretar através dos símbolos, os aspectos de resistência da comunidade dos Homens Pretos do Rosário, cujos fundamentos permanecem em consonância com a tradição rural do Vale do Jequitinhonha, e com os preceitos ancestrais dos povos afro-brasileiros.Item Comunidade Cabeceira do Piabanha, território de resistência: “Nossa identidade, parte da gente”(UFVJM, 2018) Lopes, Edivaldo Ferreira; Fávero, Claudenir; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Costa Filho, Aderval; Sulzbacher, Aline WeberA presente pesquisa foi realizada com o objetivo de investigar os processos de ocupação e o domínio fundiário na comunidade tradicional Cabeceira do Piabanha, localizada em Salto da Divisa, no Baixo Vale do Jequitinhonha. Buscou identificar os fatores que vêm desencadeando diversos conflitos e as formas de organização e estratégias de resistências que a comunidade tem empreendido para defender o seu território frente às pressões sofridas historicamente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada na abordagem metodológica da pesquisa participante e da observação participante. Utilizamos ainda a pesquisa bibliográfica e outras técnicas, como estudo de documentos relacionados a comunidade e entrevistas com moradores. A história da comunidade tradicional em pauta se insere, de maneira contundente, nas formas que o capital utiliza para se expandir no campo. Na maioria dos casos, o capital, apoiado pelo Estado, se vale de meios lícitos e ilícitos para garantir sua reprodução ampliada. Desde o ano de 1952, data em que ocorreu a ocupação do território pelos pioneiros, até a atualidade, a comunidade tem sido vítima de processos de exploração e expropriação, em sua maioria, praticadas por fazendeiros. Mais do que ser conivente com essa situação, o Estado brasileiro tem impulsionado alguns desses processos de forma direta ou indireta. Na pesquisa empreendida, observamos que, diante dos diversos processos de exploração e expropriação sofridos, a comunidade tem efetivado estratégias de lutas e de resistência que, até o momento, têm garantido sua permanência no território. Concluímos que o território tradicional Cabeceira do Piabanha pode ser descrito como um produto das diversas territorialidades ali imbricadas historicamente, considerando o fator espaço-tempo. O conjunto de territorialidades da comunidade, para além de possibilitar a constituição da identidade coletiva do grupo, apresenta-se como estratégias de resistência frente aos seus antagonistas.Item As comunidades rurais do Parque Estadual do Biribiri, Minas Gerais: análise socioambiental, fundiária e cultural para o desenvolvimento do Turismo de Base Comunitária na comunidade de Pinheiro(UFVJM, 2022) Santos, Beatriz Roque dos; Nascimento, Alan Faber do; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Nascimento, Alan Faber do; Martins Fonseca, Virgínia; Araújo, Hugo Rodrigues de; Fontana, Rosislene de Fátima; Salgado, Hebert CanelaA presença e uso humano das áreas naturais obrigaram os órgãos públicos a elaborem políticas públicas e demarcações voltadas para a preservação ambiental. A apropriação e uso do meio ambiente para desenvolvimento da agricultura embasada nos modos de vida tradicional, especialmente nas comunidades rurais que usufruem da terra como forma de sustento e produção, foram pautas de discussões sobre o uso e apropriação destas áreas. Como soluções destas demandas foram sugeridas a inserção de Unidades de Conservação (UC). O que ocorre neste processo em maior parte é que estas áreas foram inseridas sem a participação das comunidades pertencentes ao seu entorno, por este motivo durante seu processo e até os dias atuais, ainda existem conflitos, sendo um dos mais agravantes a questão fundiária. Na perspectiva de tentar sanar este mecanismo regulatório os órgãos gestores têm inserido ações embasadas nas políticas públicas buscando assim promover uma aproximação entre as comunidades e as UCs. Diante desse contexto histórico, este trabalho tem como objetivo analisar a realidade socioambiental, política, cultural e fundiária da comunidade de Pinheiro,assim como as mudanças ocorridas na comunidade pelo processo de inserção do Parque Estadual de Biribiri, localizado no município mineiro de Diamantina, na perspectiva de analisar possibilidades de inserção do TBC. Para tanto, foi utilizado como metodologia a revisão bibliográfica que trata do tema proposto, pesquisa documental do Plano de Manejo do PEBI, Plano Diretor de Diamantina e levantamento de dados complementares através da pesquisa de campo sendo composta por observação participante, conversas informais com os comunitários sobre tal realidade e aplicação de entrevista com a gestão atual, representante da comunidade e comunitários. Os resultados mostraram que a questão fundiária existente no parque é um dos principais empecilhos, na qual ainda não se encontra regularizada suas áreas em função da falta de recursos financeiros para indenizar a Companhia S.A que detêm 95% da área do parque. Além disso, há a questão dos processos de uso e ocupação de áreas irregulares em seu entorno e os conflitos existentes entre a gestão da Unidade de Conservação e com a comunidade em função da proibição do usufruto dos recursos naturais. Relacionado à questão das políticas públicas ambientais e sua aplicabilidade notou-se que as ações previstas foram desenvolvidas em sua quase totalidade pelas gestões do parque e que a comunidade que vê na atividade turística uma saída para promover a inserção social em áreas ambientalmente protegidas, contanto que haja apoio do poder público. Ao final da pesquisa foram disponibilizadas propostas que servirão de subsidio para a elaboração de um plano de ação embasado no turismo de base comunitária para fortalecer assim, a relação do órgão gestor do PEBI com a comunidade de Pinheiro trazendo os resultados e o reconhecimento que tal comunidade tanto almeja.Item Conservação da agrobiodiversidade em um agroecossistema familiar em São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro – MG: um estudo de caso(UFVJM, 2022) Matos, Euro Henrique Caetano; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Carvalho, Igor Simoni Homem de; Rech, André Rodrigo; Redin, EzequielA diversidade de estratégias de manejo da agrobiodiversidade criadas por agricultores e povos tradicionais ao longo de milênios passa pelos cultivos, seleção, multiplicação, armazenamento e intercâmbio de variedades locais. Tais práticas ressaltam o caráter de conservação da diversidade agrícola e dos saberes locais sob essas variedades, uma vez que existe nesse processo uma coevolução de relações e interações entre plantas, animais e essas populações. Este estudo objetivou conhecer as estratégias e práticas de uma familia de agricultores na conservação da agrobiodiversidade vegetal em agroecossistema localizado em São Gonçalo do Rio das Pedras, Serro-MG. Com abordagem qualitativa, se classifica como descritivo com delineamento de estudo de caso único e incorporado. A identificação da família se deu com base no método de amostragem não probabilística “seleção intencional”. Foram realizadas três visitas de campo ao agroecossistema familiar entre os meses de dezembro de 2020, junho e julho de 2021, tendo como abordagem metodológica o uso de ferramentas participativas e da etnobotânica. O capítulo três se dedica aos referenciais teóricos que discutem o conceito de agrobiodiversidade e guardiões da agrobiodiversidade. No capítulo quatro são agregados dados e análises acerca das estratégias e práticas adotadas durante a trajetória da unidade familiar. Por fim, o capítulo cinco desenvolve uma reflexão sobre estratégias e práticas que refletem na identidade guardiã da agrobiodiversidade da família estudada. Foram registradas 52 famílias botânicas, 173 espécies botânicas, e 242 etnovariedades distribuídas nos ambientes de quintal, horta e roçado. Com relação à origem das plantas, constatou-se que 80% dos ingressos de material reprodutivo são provenientes de redes de circulação de sementes locais por intermédio de relações sociais. Quando avaliada a conservação das espécies, foi registrado que 96,3% dessas conservam materiais reprodutivos, sendo reproduzidas no próprio agroecossistema. O principal motivo de cultivo das plantas é para o autoconsumo alimentar, correspondendo a 30,5% das menções. Os dados obtidos indicam que a gestão da agrobiodiversidade na propriedade é baseada na complexificação, quando observada a diversificação de arranjos e tipos de cultivos dentro das unidades produtivas do agroecossistema. Constatou-se também a ocorrência de conservação on farm da agrobiodiversidade quando observado o predomínio de uso e reprodução do acervo genético na própria unidade de produção familiar, fortalecendo o caráter camponês da família agricultora.Item Da existência ilhada ao território: estratégias e trajetórias da comunidade de Croatá, MG na busca de conquistar seu território(UFVJM, 2018) Santos, Rafael Pereira; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Chaves, Edneila Rodrigues; Nascimento, Alan Faber do; Paes, Silvia Regina; Santos, Juracy Marques dos; Figueiredo, Ana Flávia Andrade deA dinâmica territorial experienciada e engendrada pelos sujeitos sociais coletivos da Comunidade Quilombola, Pesqueira e Vazanteira de Croatá, em Januária - MG, constitui o escopo investigativo desta pesquisa. Nesta perspectiva, investiga-se os processos de apropriação-expropriação-reapropriação do território, abordando as territorialidades nos múltiplos lugares etnográficos que compõem o território da comunidade, às margens do rio São Francisco. Os processos sociais de expropriação instituído pelo desenvolvimentismo na década de 1970 materializou-se na restrição da terra, água e na violência contra a comunidade. Frente a esta experiência e outras ameaças existentes, estes sujeitos têm emergido aglutinados e configurando processos de intensa resistência, demonstrando o seu projeto instituinte ao defender e garantir a apropriação física, simbólica e a reprodução da vida a partir de sua organização étnica quilombola que se associa a uma política de identidade pesqueira e vazanteira, por eles anunciadas. A partir da abordagem etnográfica esta pesquisa desenvolve uma interpretação densa e compartilhada viabilizada pelas incursões de campo na comunidade e em outros ambientes de articulação política compreendidos como espaços de exercício de sua territorialidade. Os resultados das análises apontam para um processo de reprodução social territorializante na interface da expropriação pela formação de fazendas sobre a terras tradicionalmente ocupadas. A emergência destes sujeitos coletivos tradicionais tem protagonizado processos de articulação em sua múltipla/indivisa identidade: pesqueiraquilombola-vazanteira cujo modo de vida está imerso nas dinâmicas ambientais do rio São Francisco. A posse sobre o território se dá a partir das práticas de sociabilidades em rituais de instituição que institui, autentica e atualiza a posse em comum no grupo de interconhecimento pela nomeação e apropriação pelo trabalho. As territorialidades exercidas em vista da ampliação do território pelos comunitários são construídas pelo engajamento no projeto instituinte de territorialização do Movimento de Pescadores (as) do Brasil. Tal engajamento tem colocado em questão, na esfera da insitucionalidade, o desvelamento das relações de poder no conflito entre a comunidade e as empresas rurais no cotidiano e nos órgãos de Estado direito, seja pela sua ação ou inação deste último.Item Da produção à comercialização: o sistema de gestão dos feirantes de Sabinópolis/MG(UFVJM, 2022) Gonçalves, Janice Queiroz de Pinho; Redin, Ezequiel; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Redin, Ezequiel; Silva, Gustavo Pinto da; Pereira, Anderson AlvarengaEsta dissertação tem como proposta conhecer o perfil dos feirantes do município de Sabinópolis-MG, suas práticas de controle financeiro do negócio, os conhecimentos adquiridos que subsidiam o melhor desempenho econômico-financeiro de suas atividades, além de identificar aqueles que contribuem para a gestão do negócio Com o intuito de diagnosticar as práticas adotadas tanto para a produção como para a comercialização, utilizou-se a análise e a descrição do processo de construção social da feira no município, possuindo estratégias metodológicas a observação, a entrevista e como instrumento o questionário. A justificativa pela escolha do tema está pautada no interesse em conhecer as técnicas utilizadas pelos feirantes nos processos de produção e comercialização de mercadorias, tendo como norteador a matriz SWOT para a coleta de informações sobre as oportunidades e ameaças, os pontos fortes e fracos vivenciados no dia a dia. Como metodologia utilizou-se a abordagem qualitativa para coleta de informações, tendo pautado na pesquisa exploratória os critérios da revisão bibliográfica de artigos, teses, dissertações, livros e pesquisas sobre o tema. Os feirantes devidamente cadastrados na Associação Comunitária dos Feirantes e Artesão de Sabinópolis – ACFAS e vinculados na Secretaria Municipal de Agricultura do município de Sabinópolis/MG formam os sujeitos dessa pesquisa. A amostra consistiu daqueles com atuação na feira livre que aceitaram participar de todo o processo de entrevista. Os resultados indicam a importância da feira para o município, enquanto circuito curto de comercialização, espaço de convívio social, valorização da cultura e do trabalhador rural. Identificou-se que tanto para os feirantes quanto para os consumidores, a feira é representativa em relação a cultura, manutenção de renda, oferta de produtos de qualidade (produtos naturais, livres de agrotóxicos, produzidos artesanalmente), confiança estabelecida, além de ser um espaço de socialização da comunidade. A maioria dos relatos apontou desconhecimento quanto à forma de calcular os custos das matérias-primas utilizadas na produção, das embalagens e dos cuidados com a mercadoria. Falta aos feirantes maior orientação no processo de produção e beneficiamento de seus produtos, divulgação da feira, formação dos preços de vendas, os cuidados necessários para armazenamento e conservação, rotulagem e embalagem dos produtos. Por fim, a diversidade dos produtos poderia ser trabalhada no âmbito do apoio e fomento da produção regional, de forma a ampliar o atendimento ao mercado regional em substituição aos produtos trazidos do CEASA, visto o potencial produtivo dos municípios da microrregião de Guanhães.Item De lembrar, de ter e de comer. A cultura alimentar e a manutenção da agrobiodiversidade na comunidade Quilombola de Raiz(UFVJM, 2018) Souza, Marta Aguiar de; Fávero, Claudenir; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Murta, Nadja Maria Gomes; Costa Filho, AdervalAs formas de lidar com a terra, a água, as plantas e os animais praticadas pelos agricultores ao longo dos últimos 12.000 anos foram responsáveis pela enorme variedade de cereais, frutas, verduras e animais que fazem parte das nossas vidas, ou seja, a agrobiodiversidade que conhecemos e desfrutamos. No entanto, as mudanças na agricultura que vem acontecendo no século passado e em especial a partir da década de 1960, contribuíram muito para a redução da diversidade das plantas cultivadas. O modelo desenvolvimentista que incentiva a padronização de sistemas agrícolas e seus produtos vem comprometendo ou inviabilizando formas de vida tradicionais em todo planeta. A indústria de alimentos é um braço forte desse modelo com a função de uniformizar o gosto e a agricultura. Nesse formato de produção muitos alimentos são eliminados do processo produtivo ferindo culturas alimentares, a agrobiodiversidade e gerando erosão genética. A perda da diversidade agrícola é um fato. Neste cenário qual é o estado da arte da diversidade agrícola na comunidade tradicional, especificamente na Comunidade Quilombola de Raiz? Diante da força do Império Agroalimentar o que está acontecendo com a cultura alimentar na comunidade? As praticas alimentares presentes no sistema agrícola tradicional na comunidade tem resistido? Qual a relação entre hábitos alimentares e manutenção da agrobiodiversidade na comunidade? Este trabalho buscou verificar se as praticas alimentares da comunidade dão sustentação ao sistema agrícola e a agrobiodiversidade, se há ameaças vindas da indústria agroalimentar e, em se confirmando, quais os caminhos de resistência da comunidade para a manutenção da diversidade agrícola.Item Desempenho acadêmico de jovens rurais e percepção dos discentes e docentes sobre o Bacharelado Interdisciplinar no ICA/UFVJM, Campus Unaí/MG(UFVJM, 2022) Lepesqueur, Kátia Vieira Souto; Redin, Ezequiel; Lobo Junior, Adalfredo Rocha; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Redin, Ezequiel; Lobo Junior, Adalfredo Rocha; Oliveira, Altamir Fernandes de; Gomes Pereira, João Antônio; Melo, Thiago VasconcelosOs objetivos deste trabalho, que foi realizado no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (ICA/UFVJM), foram: i) verificar se a origem dos discentes, rural ou urbana, tem associação com seu perfil e desempenho acadêmico; e ii) avaliar a percepção dos discentes e docentes quanto à qualidade de ensino do Bacharelado em Ciências Agrárias (BCA). Um total de 177 discentes responderam o questionário para comparar o perfil e desempenho acadêmico entre origem urbana (133) e rural (44), enquanto um total de 95 discentes e 28 docentes responderam o questionário para avaliar a percepção de ambos sobre o BCA. As notas de ingresso na Universidade, idade, Coeficiente de Rendimento Acadêmico (CRA) acumulado e as proporções dos discentes de acordo com sexo, tipo de escola, curso técnico, modalidade de ingresso, cor/etnia, curso, ano/semestre de ingresso e das suas respostas dadas às questões sobre dificuldades de aprendizagem do aluno, satisfação com o curso, hábito de estudo, caracterização das dificuldades de aprendizado, caracterização das dificuldades impostas pela Universidade, coerência das avaliações dos docentes, qualidade do Ensino Médio e experiência de vida no aprendizado foram comparadas entre as duas origens. As médias de idade e CRA acumulado dos alunos das duas origens foram similares (P>0,10), mas as médias da nota de ingresso na Universidade dos discentes de origem rural foram as menores (P<0,10). As proporções de sexo, curso técnico, modalidade de ingresso e curso para os discentes das duas origens não diferiram (P>0,10), enquanto que uma maior (P<0,10) proporção de discentes de origem rural, que tiraram nota baixa no ingresso, eram de cor/etnia preta e estudaram em escola pública, foi observada. A satisfação com o curso, o hábito de estudo e as dificuldades de aprendizado foram similares (P>0,10) entre os alunos das duas origens. Alunos de origem rural tiveram mais (P<0,10) problemas financeiros do que alunos de origem urbana. Quanto à avaliação do BCA, discentes e docentes se queixaram (P<0,10) da presença de disciplinas obrigatórias desnecessárias para os cursos profissionalizantes. Todavia, os discentes consideraram (P<0,10) o BCA um bom modelo de ensino. A maioria (P<0,10) dos docentes não tiveram dificuldades para ministrar aulas no BCA, enquanto que a maioria (P<0,10) dos discentes apresentaram dificuldades em acompanhar as aulas no BCA. Docentes atribuíram essas dificuldades dos discentes ao desinteresse nos estudos e ingresso no ICA/UFVJM com nota inferior a 300 pontos. Esses resultados demonstram que discentes de origem rural têm piores notas de ingresso na Universidade, mas o desempenho acadêmico durante o curso não difere dos alunos de origem urbana. O BCA no ICA/UFVJM foi um bom modelo de ensino.Item Educação do campo na perspectiva das representações sociais de egressos e familiares sobre a Escola Família Agrícola de Tabocal(UFVJM, 2021) Rodrigues, Eurivaldo Nunes; Sant’Anna, Paulo Afrânio; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sant'Anna, Paulo Afrânio; Andrade, Daniela Barros Silva Freire; Lima, Josélia Barroso QueirozAo campo brasileiro, lugar onde reside uma considerável parcela da população, tem sido atribuído, historicamente, um status de inferioridade em relação à cidade, o que, muitas vezes, tem ocasionado o não acesso a direitos essenciais, entre eles o direito a uma educação adequada a sua realidade. Essa situação desencadeou tensionamentos que promoveram a ressignificação do campo enquanto território de vida e espaço de cidadania, por meio da luta das comunidades rurais. O Movimento da Educação do Campo surge no final da década de 90, protagonizado pelos movimentos sociais e instituições ligadas ao acesso à terra e pela reforma agrária. A Educação do Campo se articulou primeiro nos assentamentos do programa da reforma agrária e, em um segundo momento, se expandiu para outras comunidades rurais. Dentre as várias iniciativas que contribuíram para a consolidação do Movimento da Educação do Campo, destacam-se as Escolas Famílias Agrícolas (EFAs). As EFAs tiveram sua origem na França, no ano de 1934, e chegaram ao Brasil em 1969. Seu modelo educativo consiste na interação entre “Tempo Escola e Tempo Comunidade”, conhecida como “alternância”, com o objetivo de produzir conhecimento de forma articulada com a vivência familiar e com a valorização da cultura e dos costumes dos povos do campo. Visando aprofundar o conhecimento sobre a proposta da Educação do Campo, mais especificamente, sobre seu impacto no enfrentamento dos desafios do campo e no vínculo identitário dos estudantes com o território, este trabalho foi realizado com a colaboração de egressos e pais de egressos da Escola Família Agrícola de Tabocal (EFAT), localizada no município de São Francisco, norte de Minas Gerais, com o objetivo de identificar as Representações Sociais de egressos e familiares sobre a escola. Para isso, adotou-se o desenho de estudo de caso, de natureza qualitativa-exploratória, fundamentado na Teoria das Representações Sociais (TRS). Os dados foram produzidos por meio de “entrevistas narrativas”, que após transcritas e codificadas foram processadas pelo software Iramuteq, para análise lexical. O software apresentou como resultado cinco classes de palavras, delineando os campos semânticos que possibilitaram identificar as classes temáticas utilizadas para a discussão dos dados. Os indicadores obtidos revelam impactos positivos no vínculo identitário com o campo a partir da vivência dos estudantes no curso realizado na EFAT. Evidenciam que o diálogo entre escola–família–comunidade é imprescindível para a construção do conhecimento nas escolas do campo, bem como para o processo de ensino-aprendizagem. Destacam também aspectos relevantes que possibilitam a opção de escolarização e emprego no campo.Item Educação popular, permacultura e agroecologia para transformação social, econômica e ambiental: um estudo de caso na comunidade rural de Extrema – Congonhas do Norte/MG(UFVJM, 2020) Calvão, Alessandra Lopes; Schulzbacher, Aline Weber; Allain, Luciana Resende; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Schulzbacher, Aline Weber; Allain, Luciana Resende; Carvalho, Igor Simoni Homem de; Murta, Nadja Maria Gomes; Lemes, Anielli Fabiula GavioliO processo de educação popular, mobilização e transformação social da comunidade rural de Extrema-Congonhas do Norte/MG, promovido pela atuação da Associação de Agricultores da Região de Extrema (ACARE), no Espaço Educacional Contraponto, durante o período de 2010 a 2019, constitui o escopo investigativo desta pesquisa. Este estudo procurou avaliar, a partir da história e realidade deste vilarejo rural, as mudanças ocorridas, durante o século XX, no modo de vida rural e o papel das organizações civis nos processos de mobilização comunitária. Procurou também analisar o potencial da Permacultura e da Agroecologia, além de compreender, a partir do caso estudado, as principais contribuições da educação popular nestes processos e na promoção de transformações sociais, ambientais e econômicas. Adicionalmente pesquisamos a experiência da ACARE no Espaço Educacional Contraponto, no período de 2015 a 2019, e os impactos advindos das atividades desenvolvidas, a partir da avaliação dos comunitários. O percurso metodológico adotado nesta pesquisa qualitativa, baseada em um estudo de caso, analisado de acordo com a Análise de Conteúdo, de Laurence Bardin, utilizou para a coleta de dados os seguintes instrumentos de coleta de dados: cinco entrevistas realizadas a partir de um roteiro semi-estruturado; documentos da ACARE, do Espaço Educacional Contraponto, da Prefeitura Municipal de Congonhas do Norte, e ainda, o diário de bordo da pesquisadora. Como resultados, foi possível identificar que a agricultura conservadora, bem como o modo de vida da sociedade capitalista, resultou em um panorama de crise agrária, socioeconômica e ambiental, que reflete diretamente no modo de vida dos camponeses. Esta classe social, de características culturais e sociais bem específicas, passa por um processo de invisibilização e de grande vulnerabilidade, sendo expulsos de suas terras e perdendo o controle dos meios de produção. Percebemos que tal processo pode ser amenizado, e a longo prazo revertido, não apenas através do estabelecimento de políticas públicas, mas principalmente, por meio de processos de educação popular, pautados nas práticas da Permacultura e da Agroecologia, que os instrumentam a coproduzirem com a natureza produtos com maior valor agregado. Concluímos que os processos de educação popular têm potencial de conscientizar os camponeses de sua condição social, mobilizá-los a ações que construam coletivamente uma nova realidade e transformem o panorama socioeconômico e ambiental.Item O enfrentamento à violência doméstica contra as mulheres no campo: análise das percepções de trabalhadoras rurais em posição de liderança em municípios do Vale do Jequitinhonha(UFVJM, 2022) Martins, Lízian Maria Silva; Murta, Nadja Maria Gomes; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Murta, Nadja Maria Gomes; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Sulzbacher, Aline Weber; Andrade, Fabiana deO objetivo da pesquisa consiste em analisar as percepções de trabalhadoras rurais sindicalizadas, em posição de liderança em municípios do Vale do Jequitinhonha, acerca da realidade da violência doméstica contra as mulheres, identificando os desafios e possibilidades para o enfrentamento a essa questão. Como procedimento metodológico foi realizada a aplicação de entrevista semiestruturada com nove trabalhadoras rurais. Na qual, refletimos sobre o processo de inserção sindical dessas mulheres rurais, problematizamos sobre o cotidiano das mulheres no campo, apontando as dificuldades enfrentadas na rotina de trabalho doméstico e na produção agrícola. Somado a esses elementos, a investigação tem como centralidade a análise acerca dos desafios para o enfrentamento da violência contra as mulheres rurais e dos apontamentos de possibilidades para a atuação das redes de enfrentamento. O recorte de análise delimita o meio rural no Vale do Jequitinhonha e suas particularidades. O referencial bibliográfico perpassa pelos estudos acerca da categoria patriarcado, gênero, e dos padrões históricos de dominação-exploração das mulheres, analisando a interligação entre os marcadores sociais de raça, gênero e classe para estruturação do racismo e sexismo, que são reproduzidos no capitalismo. Perpassando pela análise dos elementos da formação social do Brasil, com a reflexão sobre o modo de produção do escravismo colonial e das classes sociais no campo. Apresentamos a partir das percepções das trabalhadoras rurais entrevistadas, características da violência doméstica contra as mulheres no campo na região do Vale do Jequitinhonha, apontando os principais desafios e as possibilidades para o seu enfrentamento. Com o desenvolvimento da pesquisa pôde-se perceber a necessidade da construção de um diagnóstico situacional da violência contra as mulheres rurais e do seu monitoramento; as limitações da atuação dos órgãos da rede de atendimento e, o medo e o silenciamento vivenciados pelas vítimas. O que aponta para a necessidade constante de fortalecimento das redes de atendimento às mulheres e de enfrentamento a essa problemática. Além disso, como um dos resultados da pesquisa, foi perceptível a vivência de processos de violência enfrentados pelas trabalhadoras rurais, desde o momento da sua filiação sindical, como também no cotidiano de trabalho dentro e fora de casa. O que expressa o quanto a violência é cotidiana na vida das mulheres no campo.Item Entre o dito e o construído: análise de reassentamento de atingidas/os por barragem no Vale do Jequitinhonha/MG, sob a ótica dos direitos humanos(UFVJM, 2020) Steffens, Gessica; Sulzbacher, Aline Weber; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sulzbacher, Aline Weber; Pereira, Natália Biscaglia; Jahn, Elisiane de Fátima; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Scalabrin, Leandro GasparA pesquisa vincula-se ao curso de mestrado no Programa Interdisciplinar em Estudos Rurais da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM e também ao Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento “D 0632 Veredas Sol e Lares – uma alternativa para o múltiplo aproveitamento energético em reservatórios de usinas hidrelétricas na região do semiárido mineiro”, protagonizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB e executado em parceria com diversas instituições. Como objeto de estudo, apresenta-se o reassentamento Agrovila 2, localizado no município de Chapada do Norte (MG), composto por 84 famílias atingidas pela construção da barragem de Setúbal (iniciada em 1980 e concluída em 2010), situada predominantemente na área municipal de Jenipapo de Minas (MG). A partir do estudo exploratório da realidade do reassentamento na Agrovila 2, é possível apontar graves e contínuas violações de direitos humanos básicos, como a falta de acesso à água, à energia e à moradia adequada. O objetivo principal deste trabalho foi investigar e analisar a relação entre o modelo energético brasileiro e a moradia adequada no reassentamento Agrovila 2. Para tal, além da pesquisa bibliográfica sobre o tema e o local, foram utilizadas as seguintes ferramentas para obtenção de dados: estudo exploratório, conversa com informantes-chave e análise de conteúdo com materiais já produzidos sobre a referida localidade. Como resultado, ampliou-se a compreensão sobre o modelo energético brasileiro e a violação de direitos humanos às pessoas atingidas por barragens que ele acarreta.
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