Pós-Graduação em Estudos Rurais
Permanent URI for this communityhttps://repositorio.ufvjm.edu.br/communities/e8d323be-d273-4f16-a6cf-caf37327d7a5
PPGER - Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais
Browse
Item Agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha: produção agropecuária e o acesso às políticas públicas em Almenara/MG, 2006-2018(UFVJM, 2018) Pereira, Marcos Vinícius Pacheco; Chaves, Edneila Rodrigues; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Chaves, Edneila Rodrigues; Martins, Marcos Lobato; Conceição, Ariane Fernandes daEste trabalho constitui em dissertação de mestrado realizada no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Rurais/UFVJM e tem como o tema a agricultura familiar no Vale do Jequitinhonha, com recortes especiais para o Território do Baixo Jequitinhonha e o município de Almenara – MG. A construção do conceito de agricultura familiar para o Brasil insere-se nos anos de 1990, em processo de reconhecimento e de valorização do segmento agricultura familiar, em três eixos: a luta social e política; o debate acadêmico e científico; e o reconhecimento institucional via políticas públicas. Nos moldes capitalistas, o desenvolvimento econômico de caráter modernizador e conservador aderido pelo País acarretou em diversas realidades rurais, nas quais, a agricultura familiar se organiza de acordo com as particularidades do espaço geográfico em que está inserida. Sendo assim, tem-se como objetivo investigar o perfil e a atual configuração da agricultura familiar no município de Almenara, região do Baixo Jequitinhonha, com atenção para os aspectos que conduzem à caracterização da produção agropecuária e políticas públicas vigentes. Em termos de método, realizou-se breve estudo bibliográfico sobre os sistemas agrários da região, marcada pela grande fazenda de pecuária extensiva e de pequenas unidades de produção de cunho familiar. Para a caracterização do espaço geográfico e do meio rural do recorte de estudo, utilizou-se dados dos últimos censos demográficos (IBGE, 2000/2010) e agropecuários (IBGE, 2006/2017). Adotou-se como perspectiva de análise um estudo de caso, que se deu através de observação em incursões no município, nos ambientes de ocupação e articulação dos agricultores, como as feiras livres, e em comunidades rurais, em especial a Comunidade Umburana, que serviu como objeto de análise direta. As principais questões abordadas foram: o perfil dos agricultores e dos estabelecimentos rurais; a produção agropecuária e da agroindústria; e a disponibilidade e acesso de políticas públicas. Em termos de resultados, verificou-se que a análise do setor de agricultura familiar em questão e em âmbito dos três eixos referidos ofereceu melhor compreensão de sua configuração, especialmente numa região que ainda requer atenção das instituições governamentais, dados seus baixos índices socioeconômicos e heranças deixadas pelo seu processo de colonização e povoamento. Os dados reunidos apontam para a nítida presença de agricultures familiares em Almenara, com aspectos tradicionais e uma participação ativa na produção de alimentos voltados para o autoconsumo e abastecimento da população, via feiras livres. Em relação às políticas públicas, observa-se que programas de assistência técnica e de financiamento e empréstimo de crédito fundiário estão vigentes na região, mesmo não atendendo a todos os problemas e demandas da população rural. Aponta-se assim, para uma adequação e revisão dessas políticas públicas, e indica-se a realização de estudos mais aprofundados que compreendam os sistemas agrários da região, onde inclui-se o sistema de agricultura familiar.Item Quando o canto é reza: Folia de Reis “Fulô da Mantiqueira” do município de Itajubá/MG(UFVJM, 2018) Pereira, Rosana de Cássia; Paes, Sílvia Regina; Brandão, Carlos Rodrigues; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Cambraia, Rosana Passos; Paes, Silvia Regina; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Albuquerque, Lucimar Magalhães deA pesquisa desenvolvida é sobre a Folia de Reis Fulô da Mantiqueira no mundo rural, pois essa manifestação foi criada em um bairro urbano e só após quatorze anos, sua sede mudou-se para um bairro rural. Os objetivos são mostrar as transformações sofridas interna e externamente pela Folia de Reis Fulô da Mantiqueira, a partir de sua mudança de sua sede do meio urbano para o meio rural; realizar um levantamento das ressonâncias que as manifestações culturais trazem para o indivíduo e a coletividade; compreender as diferenças nas relações com a cultura popular e a religiosidade no meio rural e no meio urbano; trazer para dentro da academia saberes populares. Os principais conceitos trabalhados na pesquisa foram: cultura, folclore, religiosidade, identidade cultural, rural e urbano. A metodologia é qualitativa em um estudo de caso com a abordagem sócio-histórica. Com interface na história oral, foram realizadas entrevistas informais. Os entrevistados escolhidos são foliões, ex foliões e pessoas que recebem a Folia de Reis em suas casas, num total de vinte e cinco pessoas. Após as entrevistas, foi utilizada a análise de conteúdo. A pesquisa é baseada nas entrevistas e, portanto, a partir do olhar dos entrevistados à manifestação. Sendo assim, a Folia de Reis foi estudada principalmente como uma manifestação religiosa, foram abordadas as questões folclóricas, mas o enfoque ficou na religiosidade, pois é assim que os entrevistados vêem a manifestação. O estudo indica diversas mudanças internas e externas dos Fulô da Mantiqueira, como organização, disciplina, aumento do número de foliões, grandiosidade da festa, materiais utilizados na confecção de adereços da manifestação, diferenças de recebimento e significado durante os 31 anos de caminhada e entre os moradores da zona rural e da zona urbana.Item “Como é em cima, é embaixo”: simbologias, mito e resistência dos Homens Pretos do Rosário do Serro(UFVJM, 2018) Lima, Daniela Passos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Cambraia, Rosana Passos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Martins, Marcos Lobato; Silva, Rubens Alves da; Fonseca, Mariana BracksA identidade negra que se expressa nos rituais congadeiros em torno da devoção à Nossa Senhora do Rosário resistiu no decorrer dos séculos e da diáspora africana a partir da reinterpretação de símbolos da cultura européia segundo os códigos culturais africanos. A partir do estudo e interpretação dos símbolos, a começar pelo mito, os aspectos mais ocultos da cosmovisão africana se revelam como forma de resistência do Povo Preto do Rosário. A Festa do Rosário é o tempo-espaço de produção e transmissão epistemológica dos saberes africanos e sua ressignificação em solo brasileiro. Através da celebração, a exaltação do ethos dos Homens Pretos se dá, na medida em que a festa instaura um momento simbólico de subversão dos valores sociais e morais da sociedade contemporânea. Esta pesquisa teórica tem como ponto de partida os conceitos da antropologia da religião, para iniciar uma discussão sobre o sagrado e as práticas religiosas de povos tradicionais, que se identificam na compreensão das suas práticas rituais, como forma de acessar e reintegrar-se à esfera do sagrado. A historiografia da tradição da festa do Rosário traz à luz as suas origens, possibilitando compreender a cosmovisão dos Povos do Rosário. Frente ao desafio de não haver estudos precisos sobre as origens étnicas das comunidades fixadas no Serro (MG) durante o período escravista, surgiu a necessidade de estudar e trazer à discussão a filosofia dos povos bantu e sudaneses, que trouxeram como resultados práticas em comum, todas expressas nos rituais do Rosário. A observação da festa, rito de onze dias de duração, revela a toda sociedade os aspectos mais essenciais do seu modo de vida, ainda que velados sob cantos, procissões e ritos de passagens, que as diversas pesquisas de antropologia comparada das religiões e a história desta tradição ajudam a compreender. Desse modo, esta pesquisa analisa a Festa do Rosário do Serro, para interpretar através dos símbolos, os aspectos de resistência da comunidade dos Homens Pretos do Rosário, cujos fundamentos permanecem em consonância com a tradição rural do Vale do Jequitinhonha, e com os preceitos ancestrais dos povos afro-brasileiros.Item Da existência ilhada ao território: estratégias e trajetórias da comunidade de Croatá, MG na busca de conquistar seu território(UFVJM, 2018) Santos, Rafael Pereira; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Chaves, Edneila Rodrigues; Nascimento, Alan Faber do; Paes, Silvia Regina; Santos, Juracy Marques dos; Figueiredo, Ana Flávia Andrade deA dinâmica territorial experienciada e engendrada pelos sujeitos sociais coletivos da Comunidade Quilombola, Pesqueira e Vazanteira de Croatá, em Januária - MG, constitui o escopo investigativo desta pesquisa. Nesta perspectiva, investiga-se os processos de apropriação-expropriação-reapropriação do território, abordando as territorialidades nos múltiplos lugares etnográficos que compõem o território da comunidade, às margens do rio São Francisco. Os processos sociais de expropriação instituído pelo desenvolvimentismo na década de 1970 materializou-se na restrição da terra, água e na violência contra a comunidade. Frente a esta experiência e outras ameaças existentes, estes sujeitos têm emergido aglutinados e configurando processos de intensa resistência, demonstrando o seu projeto instituinte ao defender e garantir a apropriação física, simbólica e a reprodução da vida a partir de sua organização étnica quilombola que se associa a uma política de identidade pesqueira e vazanteira, por eles anunciadas. A partir da abordagem etnográfica esta pesquisa desenvolve uma interpretação densa e compartilhada viabilizada pelas incursões de campo na comunidade e em outros ambientes de articulação política compreendidos como espaços de exercício de sua territorialidade. Os resultados das análises apontam para um processo de reprodução social territorializante na interface da expropriação pela formação de fazendas sobre a terras tradicionalmente ocupadas. A emergência destes sujeitos coletivos tradicionais tem protagonizado processos de articulação em sua múltipla/indivisa identidade: pesqueiraquilombola-vazanteira cujo modo de vida está imerso nas dinâmicas ambientais do rio São Francisco. A posse sobre o território se dá a partir das práticas de sociabilidades em rituais de instituição que institui, autentica e atualiza a posse em comum no grupo de interconhecimento pela nomeação e apropriação pelo trabalho. As territorialidades exercidas em vista da ampliação do território pelos comunitários são construídas pelo engajamento no projeto instituinte de territorialização do Movimento de Pescadores (as) do Brasil. Tal engajamento tem colocado em questão, na esfera da insitucionalidade, o desvelamento das relações de poder no conflito entre a comunidade e as empresas rurais no cotidiano e nos órgãos de Estado direito, seja pela sua ação ou inação deste último.Item De lembrar, de ter e de comer. A cultura alimentar e a manutenção da agrobiodiversidade na comunidade Quilombola de Raiz(UFVJM, 2018) Souza, Marta Aguiar de; Fávero, Claudenir; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Murta, Nadja Maria Gomes; Costa Filho, AdervalAs formas de lidar com a terra, a água, as plantas e os animais praticadas pelos agricultores ao longo dos últimos 12.000 anos foram responsáveis pela enorme variedade de cereais, frutas, verduras e animais que fazem parte das nossas vidas, ou seja, a agrobiodiversidade que conhecemos e desfrutamos. No entanto, as mudanças na agricultura que vem acontecendo no século passado e em especial a partir da década de 1960, contribuíram muito para a redução da diversidade das plantas cultivadas. O modelo desenvolvimentista que incentiva a padronização de sistemas agrícolas e seus produtos vem comprometendo ou inviabilizando formas de vida tradicionais em todo planeta. A indústria de alimentos é um braço forte desse modelo com a função de uniformizar o gosto e a agricultura. Nesse formato de produção muitos alimentos são eliminados do processo produtivo ferindo culturas alimentares, a agrobiodiversidade e gerando erosão genética. A perda da diversidade agrícola é um fato. Neste cenário qual é o estado da arte da diversidade agrícola na comunidade tradicional, especificamente na Comunidade Quilombola de Raiz? Diante da força do Império Agroalimentar o que está acontecendo com a cultura alimentar na comunidade? As praticas alimentares presentes no sistema agrícola tradicional na comunidade tem resistido? Qual a relação entre hábitos alimentares e manutenção da agrobiodiversidade na comunidade? Este trabalho buscou verificar se as praticas alimentares da comunidade dão sustentação ao sistema agrícola e a agrobiodiversidade, se há ameaças vindas da indústria agroalimentar e, em se confirmando, quais os caminhos de resistência da comunidade para a manutenção da diversidade agrícola.Item Como "o campo" está online? Influências da política pública "Alfenas Digital" na inclusão de sujeitos rurais(UFVJM, 2018) Pereira, Tamires Lopes; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Lima, Luiz Henrique Magnani Xavier de; Martins, Marcos LobatoCom o processo de avanço tecnológico atrelado a necessidade de novas informações, ocorreu uma busca incessante por mecanismos que fossem capazes de promover a cultura e dinamizar o desenvolvimento de uma sociedade em constante transformação. Compreender quais têm sido as implicações do acesso a rede de internet que se encontra dentro do complexo sistema de inovação tecnológica, e o resultado desta utilização dentro das configurações dos territórios em que vivem os sujeitos usuários e não usuários de um Projeto denominado “Alfenas Digital”, torna-se um objeto de pesquisa arrojado frente ao cenário de mudanças que o rural vem sofrendo. O “Alfenas Digital” é um projeto que visa a inclusão socio-digital da população carente a partir da oferta de sinal gratúito de internet, atuando inicialmente na zona urbana e alguns bairros rurais do municipio de Alfenas/MG. O propósito deste trabalho é fornecer uma análise sobre os efeitos do uso da internet na inclusão digital dos sujeitos rurais, investigando a geração de capacidades econômicas e comunicacionais no contexto de dois bairros rurais estudados. Parte-se da hipótese que a gestão do projeto “Alfenas Digital” não se assume enquanto política pública; pois o mesmo, não possui etapas como: formulação, planejamento e avaliação, que são fases essências no contexto de uma política pública. Considerou-se ainda que, tal política tem acarretado transformações (impactos) sob as realidades pesquisadas. Por fim, admitiu-se também que aspectos ligados a estrutura têm sido um dos fatores fundamentais que limitam a proliferação da internet no meio rural. Sendo assim, desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa tendo como base a Perspectiva Orientada aos Atores (POA) conjuntamente, com a Teoria Fundamentada em dados, e o uso de instrumentos para coleta de dados: grupos focais, entrevistas semiestruturadas e observação direta. Na análise dos dados os recursos empregados foram da análise de conteúdo, que apontou como resultados a confirmação das hipóteses desta pesquisa, dado que, o acesso proporcionado pela ação pública tem potêncializado articulações produtivas, com o mercado, comunicacionais, políticas, religiosas, educacionais e informacionais; fomentando indiretamente no beneficiário o seu papel de cidadão. Comprovou-se, além do mais, que a estrutura se apresentou como um fator limitante da expansão do acesso a internet, sobretudo nas realidades rurais. Entretanto, a gestão do Projeto Alfenas Digital não o reconhece enquanto política pública, pois atribuem que etapas como o diagnostico, planejamento, intervenção sobre uma realidade, avaliação das intervenções e seus resultados, ainda não se fazem necessárias, priorizando apenas a oferta do sinal de internet,o que inviabiliza um diálogo intersetorial planejado entre setores da gestão pública e entre estes e a sociedade civil organizada. Finalmente, salientou-se que as intervenções das políticas públicas carecem ser de cunho participativo, e que considerem a geração de capacidades, para além da pura oferta de acesso à internet.Item Transição agrícola de agricultores familiares em comunidade localizada em região de produção intensiva(UFVJM, 2018) Souza, Ianna Santana; Cambraia, Rosana Passos; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Cambraia, Rosana Passos; Melo, Thiago Vasconcelos; Redin, Ezequiel; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Oliveira, Maria Neudes Sousa deNas regiões mais intensamente cultivadas do país observam-se mudanças nos modos de vida dos agricultores familiares, com modificação nas formas tradicionais de cultivo de alimentos, na manutenção da biodiversidade, abundância e segurança alimentar, para o convencional predominante, cada vez mais especializado e dependente do pacote tecnológico. Nesse contexto, o objetivo desta pesquisa foi conhecer o processo da transição agrícola ocorrida na agricultura familiar, em uma comunidade no noroeste de Minas Gerais, caracterizada pela intensa e tecnificada produção agrícola. O auto reconhecimento das famílias dedicadas a agricultura sobre as mudanças que ocorrem nas formas de cultivo dos alimentos, gera uma reflexão sobre o modo de vida rural e consequentemente a percepção dos impactos que as mudanças causam nos âmbitos social, ambiental, cultural e econômico. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, baseada na teoria fundamentada, que conjuga a pesquisa empírica com a reflexão teórica, por meio da emersão dos processos sociais e dos processos comportamentais de base, que permeiam os fenômenos indagados. As fontes primárias de informações foram geradas em entrevistas com agricultores familiares da comunidade Tabocas (Unaí, Minas Gerais, Brasil). Além das entrevistas, foram realizadas observações de campo e registro das situações no ambiente do local da pesquisa. Com esse trabalho de pesquisa e com a percepção social do seu contexto, em atividades geradoras de mudança, foi possível o resgate da memória e de valores das formas de plantios em policultivos, como utilizados no passado, como forma de dar sentido às lutas agrárias do presente. A pesquisa baseada em dados obtidos diretamente com agricultores familiares, sob a perspectiva da sociologia rural, amplia a compreensão da transição agrícola que ocorre na região, e contribui com o planejamento de ações e programas que visem o bem-estar da população rural.Item Comunidade Cabeceira do Piabanha, território de resistência: “Nossa identidade, parte da gente”(UFVJM, 2018) Lopes, Edivaldo Ferreira; Fávero, Claudenir; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fávero, Claudenir; Costa Filho, Aderval; Sulzbacher, Aline WeberA presente pesquisa foi realizada com o objetivo de investigar os processos de ocupação e o domínio fundiário na comunidade tradicional Cabeceira do Piabanha, localizada em Salto da Divisa, no Baixo Vale do Jequitinhonha. Buscou identificar os fatores que vêm desencadeando diversos conflitos e as formas de organização e estratégias de resistências que a comunidade tem empreendido para defender o seu território frente às pressões sofridas historicamente. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada na abordagem metodológica da pesquisa participante e da observação participante. Utilizamos ainda a pesquisa bibliográfica e outras técnicas, como estudo de documentos relacionados a comunidade e entrevistas com moradores. A história da comunidade tradicional em pauta se insere, de maneira contundente, nas formas que o capital utiliza para se expandir no campo. Na maioria dos casos, o capital, apoiado pelo Estado, se vale de meios lícitos e ilícitos para garantir sua reprodução ampliada. Desde o ano de 1952, data em que ocorreu a ocupação do território pelos pioneiros, até a atualidade, a comunidade tem sido vítima de processos de exploração e expropriação, em sua maioria, praticadas por fazendeiros. Mais do que ser conivente com essa situação, o Estado brasileiro tem impulsionado alguns desses processos de forma direta ou indireta. Na pesquisa empreendida, observamos que, diante dos diversos processos de exploração e expropriação sofridos, a comunidade tem efetivado estratégias de lutas e de resistência que, até o momento, têm garantido sua permanência no território. Concluímos que o território tradicional Cabeceira do Piabanha pode ser descrito como um produto das diversas territorialidades ali imbricadas historicamente, considerando o fator espaço-tempo. O conjunto de territorialidades da comunidade, para além de possibilitar a constituição da identidade coletiva do grupo, apresenta-se como estratégias de resistência frente aos seus antagonistas.Item “O mastro é o centro do mundo”: a cosmologia de João do Lino Mar, Capitão do Terno de Catopês Nossa Senhora do Rosário de Bocaiúva/MG(UFVJM, 2018) Trancoso, Alcidéia Margareth Rocha; Paes, Silvia Regina; Nascimento, Alan Faber do; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Paes, Silvia Regina; Nascimento, Alan Faber do; Wunder, Alik; Machado, Regina; Figueiredo, Ana Flávia Andrade deSituado na linha de pesquisa “Sociedade e cultura”, do Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Estudos Rurais, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, este trabalho mergulha na cosmologia de João do Lino Mar, Capitão do Terno de Catopês Nossa Senhora do Rosário de Bocaiúva, Minas Gerais, Brasil, conectando-a aos pensadores Gilles Deleuze, Henri Bergson, Michel Foucault, Eduardo Viveiros de Castro, Davi Kopenawa, Câmara Cascudo, Boaventura de Sousa Santos e Giorgio Agamben. Método é filosofia e intuição é método. Por isso, à luz da “filosofia da diferença” de Deleuze puxo o fio dos estudos de Karl Marx, capturo a estrutura e a dinâmica do sujeito observado, e descrevo os seus domínios internos e externos, alinhada à “ciência emergente e explicativa” de Boaventura. Utilizo o “artesanato intelectual” [meditação, caminhadas e sonhos], a “alternação biográfica” [minhas próprias memórias], a revisão bibliográfica e a reflexão teórica, como técnicas metodológicas. As trajetórias escolhidas para trilhar a metodologia foram pavimentadas, não apenas renunciando a alguns pressupostos da ciência clássica [neutralidade, generalização, redução, separação], mas, cultivando outros terrenos sensíveis aos pensamentos complexos da produção do conhecimento. Minha interpretação é de que João do Lino Mar tenha sido um homo tantum deleuzeano. Uma “uma vida” cujo corpo e cuja voz alcançaram impessoalidade imanente, abrindo as portas do castelo da ciência com a chave singular da intuição, em ligação direta com a natura naturans. Um “ato de resistência” cujo corpo e cuja voz forjaram, acumularam e guardaram um repertório específico, dando visibilidade a um mundo invisível, potencializando o coletivo, potencializando a rua e potencializando o coletivo na rua; criando uma linha de fuga para a ação permanente do quântico “algo doce” de que fala Gilles Deleuze em seu tocante último texto. Espero que a pesquisa contribua para que os saberes silenciados de João do Lino Mar ultrapassem o quintal de sua casa. Torço para que essa amizade aberta entre a sua sofisticada cosmovisão de mestre popular e o pensamento de alguns dos também mais sofisticados filósofos fortaleça as agendas contra-hegemônicas. Desejo ardentemente que a minha naif Metodologia das Sutilezas ajude a construir teorias capazes de abrir caminhos entre-intra-mundos. Quem sabe, observando as belezas e as ciências dos outros mundos, possamos restituir os sentidos e as delicadezas do nosso.Item O Sistema alimentar e a constituição de relações de trabalho híbridas e laços de solidariedade e parentesco no uso de produção do espaço rural(UFVJM, 2018) Dittz, Vítor Sousa; Murta, Nadja Maria Gomes; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Murta, Nadja Maria Gomes; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Cambraia, Rosana Passos; Mattos, André Luis Lopes Borges deA presente pesquisa analisa as relações de trabalho híbridas e os laços de solidariedade e de vizinhança presentes nos meios e modos de subsistência de comunidades tradicionais do Alto Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. O objetivo mais geral da investigação é compreender o sistema alimentar local. Considerando que o processo de obtenção de alimentos é bem definido em espaços distintos e delimitados pelo cotidiano do camponês lavrador tais como a lavoura, a horta, o quintal, a mata e o campo, os mesmos foram analisados enquanto espaços familiares de produção, de trabalho e de consumo. Utilizando recursos como a observação participante e a entrevista semiestruturada recorrente individual com os moradores, coletei informações que me permitiram elaborar um estudo etnográfico de cada bairro rural estudado. Por meio do método de análise comparativa entre dois bairros rurais pertencentes ao município do Serro/Minas Gerais, Milho Verde e Jacutinga, ambos com características semelhantes e distintas,discute-se o processo de constituição e evolução das relações sociais e de trabalho híbridas, assim como as suas recentes alterações e transformações no sistema alimentar dessas localidades no decorrer dos últimos cinquenta anos. Tendo em vista o fato de a pesquisa estar intimamente ligada à produção de alimentos e aos sujeitos sociais produtores, a análise privilegia o papel desses sujeitos e suas formas de sociabilidades vivenciadas no cotidiano da vida rural. Em função desse enfoque o estudo aproxima-se da concepção de camponês caipira, camponês lavrador presente nas obras de Maria Isaura Pereira de Queiroz, Antônio Candido, Darcy Ribeiro e Carlos Rodrigues Brandão. Fatores externos e internos ao espaço de cada bairro influenciaram acarretando mudanças, permanências e metamorfoses no espaço social alimentar. Essasocorreram independente do desenvolvimento do ecoturismo, visto que, somente um deles vivenciou esse processo nas últimas décadas. Contudo, foi constatado que transformações significativas surgiram antes dessa atividade, como consequências de fatores comuns que influenciaram diretamente na melhoria das condições de vida e no acesso a renda de seus moradores, uma vez que as mudanças, e mesmo permanências, possuem mais semelhanças do que distinções em ambos os bairros, tanto no que se refere ao espaço do comestível quanto ao sistema alimentar de seus moradores.Item Território da água, território da vida: comunidades tradicionais e a monocultura do eucalipto no Alto Jequitinhonha(UFVJM, 2018) Almeida, Clebson Souza de; Sulzbacher, Aline Weber; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sulzbacher, Aline Weber; Fávero, Claudenir; Perpetua, Guilherme Marini; Costa Filho, AdervalO espaço rural do Alto Vale do Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais, possui dentre suas características uma expressiva presença de comunidades tradicionais que sofreram a partir da década de 1970 a expropriação de grande parte de seu território tradicionalmente ocupado, que sob a condução do Estado brasileiro, foi destinado aos grandes projetos de desenvolvimento ligadas à produção energética, dentre eles a monocultura de eucalipto para a produção de carvão e atendimento ao setor siderúrgico. A partir deste contexto, este estudo se desenvolveu nos municípios de Carbonita, Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas, Turmalina e Veredinha, com destaque para os dois últimos. O seu objetivo geral foi: Analisar os efeitos socioambientais gerados pela implantação da monocultura do eucalipto na microrregião do Alto Vale do Jequitinhonha incluindo a sua relação com os processos de alteração no modo de vida pela expropriação territorial das comunidades tradicionais. Como percurso metodológico utilizamos os procedimentos assentados sob a perspectiva da Pesquisa Participante, buscando a inserção e interação do pesquisador no grupo/comunidade dos sujeitos pesquisados, considerando a concretude, a totalidade e a dinâmica dos fenômenos sociais para a promoção coletiva de conhecimentos como patrimônio dos grupos historicamente invisibilizados. A pesquisa desenvolvida nos anos 2017 e 2018 utilizou técnicas como: a realização de 31 entrevistas em 11 comunidades camponesas, com o uso de questionário semiestruturado; a observação participante; a análise documental primária e a revisão bibliográfica. Como resultados, identificamos que os danos gerados pela atividade de monocultura do eucalipto são diversos, a citar: I) erosão genética das espécies nativas do Cerrado, com destaque para a extinção das flores Sempre-vivas das áreas de veredas; II) a destruição de espécies protegidas por lei, como os pequizeiros, que são sufocados no meio da monocultura e danificados no ato da colheita mecanizada da madeira de eucalipto; III) o uso abusivo de agrotóxicos, até mesmo aqueles proibidos por lei, gerando o risco de contaminação das fontes de água que abastecem a população; IV) desrespeito e degradação das áreas de preservação permanente (APPs) nas bordas de chapada; V) poluição do ar com gases tóxicos emitidos no processo de carbonização da madeira, colocando em risco a saúde da população do entorno e a estabilidade do clima global; VI) o ressecamento de inúmeras nascentes de água ampliando a escassez hídrica da região; VII) a expropriação territorial de comunidades Quilombolas e Tradicionais, desestabilizando sua autonomia sociocultural e seus modos de vida.Item Narrativas orais: saberes e fazeres da arquitetura vernácula na comunidade de São Gonçalo do Rio das Pedras (MG) e entorno(UFVJM, 2018) Amâncio, Mayan Maharishi de Faria Ladeira; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Prat, Bernat Vinolas; Mykonios, Atanásio; Cambraia, Rosana PassosA presente pesquisa, Narrativas Orais: saberes e fazeres da arquitetura vernácula na comunidade de São Gonçalo do Rio das Pedras – (MG) e entorno, desenvolveu-se no âmbito do programa de pós-graduação interdisciplinar em Estudos Rurais PPGER/UFVJM. O estudo identifica as memórias que regem o saber e o fazer em relação ao labor, a ocupação dos espaços e principalmente verifica os conhecimentos empíricos, acerca do saber local sobre as construções de casas, espaços de trabalho e ranchos. Realizou-se pesquisas bibliográficas, entrevistas por meio de trabalho de campo e observações etnográficas com base na metodologia de pesquisa participante, houve levantamento dos conhecimentos presentes na oralidade em relação à arquitetura vernácula e a maneira como as pessoas se relacionam com suas construções, seus hábitos de construções, seus procedimentos e suas reflexões sobre suas ocupações espaciais e vida. Evidenciou-se que há uma crise do habitar, em que o afastamento da autonomia construtiva tem sido um dos maiores impactos encontrados. Esse afastamento não se dá apenas pela escolha dos materiais, mas pela impossibilidade de escolher como habitar. Verifica-se as funções ambientais dos espaços rurais na perspectiva da questão da construção como um modo de adaptar os materiais locais e sua relação com o ambiente. Evidenciaram-se os processos de transformação social diante das relações estabelecidas frente ao capitalismo, e a urgência por uma ecologia de saberes.Item As novas formas de alteração do/no espaço: o turismo e as alterações no modo de vida dos moradores de Tabuleiro do Mato Dentro distrito de Conceição do Mato Dentro-MG(UFVJM, 2019) Santana, Wellington Aguilar de; Sulzbacher, Aline Weber; Nascimento, Alan Faber do; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sulzbacher, Aline Weber; Nascimento, Alan Faber do; Lovo, Ivana Cristina; Salgado, Hebert CanelaA pesquisa apresentada é uma dissertação de mestrado produzida no programa de pós-graduação em Estudos Rurais ofertado pela UFVJM (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri). O trabalho contribui para uma elaboração teórica sobre as transformações ocorridas em uma comunidade rural com o advento do turismo. O contexto empírico da pesquisa acontece em Tabuleiro do Mato Dentro (distrito rural de Conceição do Mato Dentro- MG). Nossa proposição geral é que o turismo, estabelece novos nexos constitutivos nas relações sociais locais e que geram mais uma exclusão do pequeno produtor. Porém, embora as transformações venham a segregar muitos moradores, as possibilidades do homem do campo não se esvaem, e as atitudes de resistência oferecem um contorno de protagonismo destes sujeitos. Chamamos as práticas cotidianas dos produtores de modo de vida camponês. Entender esta relação do produtor com a terra, é perceber que as transformações ocorridas com o avanço do turismo geram transformações no modo de vida, porém, estas transformações não impedem sua reprodução enquanto sujeito do campo visto as artimanhas de resistência. Grosso modo, entender as características das relações camponesas é entender sua flexibilidade frente às intempéries colocada pelo atual modelo de produção. Daí sua capacidade de resiliência as transformações engendradas pelo capital. Para compreender o modo de vida camponês, as transformações ocorridas em função do avanço do turismo, as possibilidades e resistências a este processo, ocorreram trabalhos de campo com entrevistas abertas e observações participantes. Através da metodologia proposta percebemos as atitudes camponesas que dão fundamentos ao protagonismo quando conseguem, mesmo com as transformações colocadas pelo modo de vida urbano, sobreviver e reproduzir-se enquanto sujeitos, explorados pelo modelo vigente, mas com possibilidades criadoras para permanência de sua cultura. As discussões sobre a produção do espaço estão nos fundamentos da pesquisa, uma vez que entendemos que as contradições ocorrem no espaço e são do espaço. Ou melhor, o espaço é produto e produtor das relações sociais. Estudar a produção do espaço no local, foi necessário para compreender as diferentes territorialidades que estão em disputa. Por um lado, o modo de vida camponês que organiza a família a terra e o trabalho de forma entrelaçada e dialética e por outro, a fluidez necessária ao capitalismo que se expressa no fenômeno do turismo, que necessita fragmentar os espaços em forma de especulação de terras, de propriedade privada e de exploração da mão de obra.Item Neorrurais no Espinhaço Meridional e a ressignificação da paisagem cultural(UFVJM, 2019) Pinto, Yuri Augusto Russo Gonçalves; Martins, Marcos Lobato; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Salgado, Hebert Canela; Pinto, Helder de MoraesEste trabalho faz uma reflexão sobre os neorrurais e suas influências e atuações no distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras (MG). A pesquisa aborda diversos aspectos, - culturais e econômicos por exemplo, - desse movimento que leva, do urbano ao rural, novos habitantes que reconfiguram a ruralidade dessa região do Espinhaço. O crescente processo de êxodo urbano, a busca por melhor qualidade de vida, o ideal de desaceleração do trabalho, o decrescimento econômico e a preocupação com a sustentabilidade socioambiental são algumas das motivações que levam os neorrurais à busca de territórios com características similares ao do povoado objeto dessa pesquisa. Esses novos atores do espaço rural estimulam a trocas de saberes e fomentam novas perspectivas de trabalho e reocupação do campo. Nesse contexto, a pesquisa buscou avaliar quais são os efeitos na paisagem cultural e econômica da região e caracterizá-los. A metodologia aplicada baseou-se na revisão da literatura, na coleta de relatos por meio de conversas informais e na observação participante com descrição analítica. Dessa forma, foi investigada a ocorrência de intervenções no âmbito visual, nos costumes, nos valores, nos hábitos e nas crenças geradores de reformulações dos antigos formatos de vida das pessoas nativas. Tendo isso em vista, o propósito deste trabalho foi a identificação e avaliação dos efeitos da presença dos neorrurais em São Gonçalo do Rio das Pedras. A pesquisa ainda analisou os conceitos de ruralidade, novas ruralidades; bem como a geografia cultural e os complexos processos de construção de paisagens, patrimônios e identidades do local estudado. A reflexão sobre a difusão de novas práticas econômicas e sociais na gestão dos territórios rurais também é abordada nesse estudo.Item Organização de grupos agroecológicos de mulheres através da extensão e comunicação sob uma perspectiva feminista(UFVJM, 2019) Mendes, Jackeline Canuto; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Sulzbacher, Aline Weber; Weitzman, RodicaFoi rumo à construção da agroecologia a partir de uma perspectiva paradigmática e feminista que esta pesquisa buscou analisar se a construção dos grupos comunitários de mulheres “Mulheres do Maria Orminda” e “Raízes do Tabuleiro”, que foram idealizados e mobilizados principalmente por mim, contribuíram de fato para a construção da agroecologia e para o empoderamento de gênero das mulheres participantes dos coletivos que foram focalizadas neste estudo. A pesquisa se embasou nas reflexões geradas pelas experiências de construção dos grupos, tanto a partir do levantamento do histórico dos coletivos como da perspectiva e visão de mundo de suas integrantes e ex-integrantes. Os resultados foram obtidos através do levantamento documental dos coletivos, da observação participante e de entrevistas semiestruturadas e recorrentes com mulheres focalizadas. No que se refere à construção da agroecologia, observou-se alguns avanços na melhoria da renda e da saúde, principalmente com a tentativa de organização do grupo agroecológico Mulheres do Maria Orminda, e trocas de conhecimentos tradicionais empíricos e de material genético de diversas plantas, principalmente no grupo Raízes do Tabuleiro. De modo geral, com o pouco tempo de trabalho com os grupos, não houve contribuição para mudanças significativas na estrutura patriarcal e os grupos agroecológicos não conseguiram se consolidar sem a presença de agentes de mobilização. A partir dos estudos teóricos, a pesquisa reforça o caráter político e social da agroecologia e da importância desse paradigma andar de mãos dadas com o feminismo para construção de novas relações igualitárias no campo. A partir dos resultados, a pesquisa também faz uma crítica ao papel de mobilizadores extensionistas de conhecimento e das políticas públicas utilizadas para tal e também traz a importância: dos processos de formação educativa para desconstrução das relações patriarcais, do fortalecimento das atividades já realizadas pelas mulheres rurais e camponesas para formação de grupos agroecológicos e da contradição que esse fortalecimento pode trazer por reafirmar o papel das mulheres milenarmente construído pelo patriarcado.Item Vida talhada com as mãos: as representações sociais da feira livre de Capelinha-MG(UFVJM, 2019) Ferreira, Keyla Karla Fernandes; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Magnani, Maria Cláudia Almeida Orlando; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lima, Josélia Barroso Queiroz; Magnani, Maria Cláudia Almeida Orlando; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Sant' Anna, Paulo Afranio; Servilha, Mateus de MoraesEste é um estudo sobre as representações sociais da feira livre de Capelinha/MG, tendo por base os sujeitos feirantes, a fim de identificar quais são os significados atribuídos por estes ao respectivo espaço e de que forma eles possibilitam compreendê-la como produto de interações sociais. Como referencial teórico, baseia-se na sociologia econômica contemporânea, através das contribuições de Abramovay (2004), nos estudos das representações sociais, Moscovici (2010), nas discussões da geografia contemporânea, Massey (2008). A investigação da feira ocorreu por meio da articulação de metodologias qualitativas, documentais e registros das observações de campo. Em campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e conversas informais, e para analisar os dados, lançou-se mão da análise de conteúdo. Bourdieu também trouxe contribuições para a interpretação dos dados. Portanto, este trabalho encontra-se na interseção das representações sociais e da realidade sociológica da feira. O atual momento da feira também foi investigado e percebeu-se ações a fim de regulamentarem o uso do espaço para a revitalização do mesmo. Conclui-se que a feira livre de Capelinha é uma construção social.Item Licenciatura em educação do campo da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri: um estudo sobre o acesso e permanência(UFVJM, 2019) Carvalho, Kleiton Luiz; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Public university - PermanenceEsta pesquisa tem por enfoque o caso da Licenciatura em Educação do Campo (LEC) da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). O objetivo deste estudo é investigar os fatores que possibilitam o acesso e a permanência dos estudantes do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFVJM. Com o olhar voltado para o acesso e a permanência de estudantes do campo no Ensino Superior Público e buscando o atendimento dos objetivos propostos, alguns caminhos metodológicos foram percorridos. Trata-se de pesquisa de abordagem qualitativa, cujo percurso metodológico abarcou a realização de revisão bibliográfica interdisciplinar sobre a temática em tela; pesquisa documental na UFVJM e entrevistas semiestruturadas com 14 (quatorze) estudantes dos últimos módulos do curso, buscando conhecer, sob a ótica dos discentes, as perspectivas de ingresso e manutenção desse público no ensino superior. A intenção foi identificar o perfil socioeconômico dos discentes da LEC, evidenciando ações pedagógicas, estruturais, financeiras/orçamentárias viabilizadas pela instituição para fomentar o acesso e a permanência dos estudantes. As análises empreendidas se mostraram relevantes para esta pesquisa, pois permitiu compreender de forma mais sistematizada as reais condições oferecidas pela UFVJM para fomentar o acesso e a permanência dos estudantes da LEC. Observamos que a permanência das classes populares no ensino superior se atrela a políticas públicas de acesso e permanência até aqui implementadas, tanto pelo Estado quanto pela UFVJM. Esta pesquisa confirma a importância de um curso superior em Regime de Alternância, da política de assistência estudantil, de programas institucionais como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) Diversidade e das relações humanas como fatores tanto de acesso quanto de permanência dos estudantes do Campo na Universidade, reafirmando a relevância do processo de democratização da universidade enquanto bem público, delineando um cenário menos elitista e mais democrático e interepistêmico. Tais fatores emergem com forças transformadoras capazes de promover o desenvolvimento social e o aprimoramento das condições curriculares e socioambientais vigentes, refletindo no ganho de desempenho do indivíduo e na construção de uma universidade mais justa e democrática em termos de acesso e oportunidades formativas.Item A Escola Família Agrícola de Veredinha e os desafios na formação das juventudes do campo(UFVJM, 2019) Moura, Natália Faria de; Lovo, Ivana Cristina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lovo, Ivana Cristina; Pinto, Helder de Moraes; Souza, João Valdir Alves de; Nobre, José Cláudio LuizO cenário da pesquisa foi a Escola Família Agrícola de Veredinha, localizada no município de Veredinha-MG, na região do Alto Vale do Jequitinhonha. A escola oferece o Ensino Médio integrado ao Curso Técnico Profissionalizante em Agropecuária, com ênfase em agroecologia e fundamentada no método educativo Pedagogia da Alternância. Tivemos como objetivo geral dessa pesquisa: Investigar a proposta pedagógica da EFAV na sua contribuição para a construção dos projetos de vida das juventudes do campo. E como objetivos específicos: Identificar as estratégias pedagógicas empregadas pela EFAV e analisar como essas estratégias influenciam na configuração da identidade institucional da escola, diante de um contexto de disputas entre modelos socioeconômicos na sociedade; pretendeu-se também verificar como essas estratégias pedagógicas influenciam os projetos de vida dos jovens estudantes da EFAV. A pesquisa desenvolvida entre 2018 e 2019 realizou 14 entrevistas semiestruturadas com jovens estudantes, monitores, colaboradores e membros da associação gestora da escola; a observação participante; a pesquisa documental e a pesquisa bibliográfica. Foi feita uma análise interpretativa e reflexiva sobre os dados. Como resultados desse estudo de caso identificamos que a Pedagogia Alternância é uma proposta educativa que pode ser inscrita numa leitura dialética da realidade, e que na EFAV essa dialética agrega elementos contraditórios entre uma prática educativa emancipadora e uma prática educativa neoliberal. Assim, identificamos que as práticas educativas realizadas pela EFAV, como o Plano de Estudos (PE), o Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão (GEPE) e as Práticas Agropecuárias, entre outras, de forma geral, se contrapõem a perspectiva educativa neoliberal e ao modelo de desenvolvimento do campo fundamentado no agronegócio, ao mesmo tempo em que as estratégias pedagógicas, como os Estágios, o Projeto Profissional do Jovem (PPJ) e até mesmo as Práticas Agropecuárias ao trazer elementos do discurso e a prática do empreendedorismo, das dinâmicas técnicas e tecnológicas da agricultura científica moderna e a realização de parcerias com grandes conglomerados empresariais na realização dos estágios, apresentam elementos de uma prática educativa neoliberal. Por fim, identificamos que algumas estratégias pedagógicas adotadas pela escola, como o GEPE, os Estágios, as Visitas as Famílias, o PE, o PPJ, as Visitas de Estudos e as Intervenções Externas, confirmam uma influência significativa da escola na elaboração e construção dos projetos de vida das juventudes estudantes da EFAV.Item O Festival Garimpando Sabores e a ressignificação dos saberes e fazeres culinários de Mendanha(UFVJM, 2019) Silva, Luciana Teixeira; Murta, Nadja Maria Gomes; Paes, Sílvia Regina; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Murta, Nadja Maria Gomes; Cambraia, Rosana Passos; Paes, Sílvia Regina; Figueiredo, Ana Flávia Andrade deA presente pesquisa desenvolve uma análise sistemática acerca da realização do Festival Garimpando Sabores, enquanto evento turístico focado na culinária, na comunidade rural de Mendanha, em Diamantina, Minas Gerais, inferindo em que medida é relevante na ressignificação dos saberes e fazeres culinários desta. Através de uma abordagem que mescla o pensamento complexo e a abordagem qualitativa da pesquisa-ação, arquitetada em entrevistas em três estratos – cozinheiros que participaram do evento, moradores da comunidade rural e membros da comissão organizadora do festival -, esta abordagem apreende as percepções dos atores sobre o evento e sua contribuição para a ressignificação destes conhecimentos tradicionais, que vinham se extinguindo em função de seu caráter de transmissão, ancorado significativamente na oralidade, do êxodo rural e da situação de marginalidade econômico-social que alguns territórios, como as comunidades rurais no Vale do Jequitinhonha, tinham sido compelidos, como o distrito de Mendanha, que se percebia alijado do avanço turístico da sede do município. As discussões em torno dos resultados da pesquisa asseveram que a valorização da comida como atrativo turístico é mais complexa do que se imagina, indo além da possibilidade de geração de renda, da preservação da identidade local e da memória gustativa, perpassando pelo debate da introdução de inovações, autoestima das comunidades e perspectivas de médio e longo prazo. Trata-se de um prelúdio, e não do desfecho do debate, que permitem ainda contribuições para a retomada perene das raízes e memórias alimentares tradicionais de qualquer grupo social, sobretudo em comunidades rurais, como é o caso de Mendanha.Item Agricultura familiar e política pública: o Programa de Aquisição de Alimentos - Datas/MG (2003-2019)(UFVJM, 2019) Santos, Ângela Aparecida; Chaves, Edneila Rodrigues; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Chaves, Edneila Rodrigues; Martins, Marcos Lobato; Melo, Thiago Vasconcelos; Carvalho, Marivaldo Aparecido de; Galizoni, Flávia MariaO estudo aborda a agricultura familiar e política pública com investigação para o modelo de agricultura familiar em âmbito do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para a sociedade de Datas– MG, no período de 2003 a 2019. Os objetivos específicos foram: caracterizar a estrutura fundiária e investigar a configuração da produção agrícola em Datas; abordar as políticas públicas para a agricultura familiar e analisar o PAA como política pública em nível nacional; investigar o Programa na esfera da gestão, desempenhada pelas instituições locais Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) e Centro de Referência de Assistência Social (Cras); investigar o Programa na esfera dos beneficiários, com a identificação do perfil dos agricultores, fornecedores de alimentos, bem como a identificação do perfil das famílias consumidoras destes; analisar o PAA quanto às limitações observadas pelos agricultores e pelas famílias consumidoras e formular proposições para melhor desempenho local do Programa; e investigar seus impactos para os beneficiários, com base na análise realizada. Para realização deste trabalho foram utilizadas informações obtidas a partir de material bibliográfico, de dados estatísticos e de pesquisa de campo.Foram consultados materiais bibliográficos que abordam a temática e dados dos censos agropecuários de 1995/1996 e 2006 (IBGE), dados fundiários do banco de Dados da Luta pela Terra- Dataluta para os anos de 1992, 1998, 2003, 2012 e 2014; e dados do relatório ano agrícola 2016/2017 da Emater-MG.Na pesquisa de campo foram submetidos questionários estruturados com questões abertas à Emater-MG, Cras e às famílias consumidoras. Aos agricultores familiares foi submetido questionário com questões abertas e fechadas. Em termos de resultados e de conclusão, verificou-se que no cenário agrícola de Datas, há a predominância do segmento da agricultura familiar. Os principais produtos fornecidos pelos agricultores para o PAAsão frutas e hortaliças. O Programa incentivou a produção dos agricultores familiares, com aumento da produção agrícola e introdução de novas culturas nas unidades de produçãomunicípio. O Programa apresenta limitações que resultam nas dificuldades encontradas pelo Crasna sua esfera de gestão. Tais limitações dizem respeito à insuficiência de produtos para atender a todas famílias cadastradas, isso devido à participação de poucos agricultores familiares como fornedores para o Programa. As famílias que se beneficiam apontam vários benefícios para o grupo familiar, entre eles, a melhoria na alimentação, mas o Programa não é eficiente para atender a todas as famílias cadastradas. Propõe-se favorecer a participação de um número maior de agricultores para ampliar fornecimento de produtos para que mais famílias cadastradas sejam contempladas pelo Programa e favorecer o fortalecimento dessa agriculturade forma continuada.
- «
- 1 (current)
- 2
- 3
- »