Território da água, território da vida: comunidades tradicionais e a monocultura do eucalipto no Alto Jequitinhonha
Date
2018
Authors
Journal Title
Journal ISSN
Volume Title
Publisher
UFVJM
Abstract
O espaço rural do Alto Vale do Jequitinhonha, Nordeste de Minas Gerais, possui dentre suas
características uma expressiva presença de comunidades tradicionais que sofreram a partir da
década de 1970 a expropriação de grande parte de seu território tradicionalmente ocupado,
que sob a condução do Estado brasileiro, foi destinado aos grandes projetos de
desenvolvimento ligadas à produção energética, dentre eles a monocultura de eucalipto para a
produção de carvão e atendimento ao setor siderúrgico. A partir deste contexto, este estudo se
desenvolveu nos municípios de Carbonita, Capelinha, Itamarandiba, Minas Novas, Turmalina
e Veredinha, com destaque para os dois últimos. O seu objetivo geral foi: Analisar os efeitos
socioambientais gerados pela implantação da monocultura do eucalipto na microrregião do
Alto Vale do Jequitinhonha incluindo a sua relação com os processos de alteração no modo de
vida pela expropriação territorial das comunidades tradicionais. Como percurso metodológico
utilizamos os procedimentos assentados sob a perspectiva da Pesquisa Participante, buscando
a inserção e interação do pesquisador no grupo/comunidade dos sujeitos pesquisados,
considerando a concretude, a totalidade e a dinâmica dos fenômenos sociais para a promoção
coletiva de conhecimentos como patrimônio dos grupos historicamente invisibilizados. A
pesquisa desenvolvida nos anos 2017 e 2018 utilizou técnicas como: a realização de 31
entrevistas em 11 comunidades camponesas, com o uso de questionário semiestruturado; a
observação participante; a análise documental primária e a revisão bibliográfica. Como
resultados, identificamos que os danos gerados pela atividade de monocultura do eucalipto
são diversos, a citar: I) erosão genética das espécies nativas do Cerrado, com destaque para a
extinção das flores Sempre-vivas das áreas de veredas; II) a destruição de espécies protegidas
por lei, como os pequizeiros, que são sufocados no meio da monocultura e danificados no ato
da colheita mecanizada da madeira de eucalipto; III) o uso abusivo de agrotóxicos, até mesmo
aqueles proibidos por lei, gerando o risco de contaminação das fontes de água que abastecem
a população; IV) desrespeito e degradação das áreas de preservação permanente (APPs) nas
bordas de chapada; V) poluição do ar com gases tóxicos emitidos no processo de
carbonização da madeira, colocando em risco a saúde da população do entorno e a
estabilidade do clima global; VI) o ressecamento de inúmeras nascentes de água ampliando a
escassez hídrica da região; VII) a expropriação territorial de comunidades Quilombolas e
Tradicionais, desestabilizando sua autonomia sociocultural e seus modos de vida.
Description
Keywords
Citation
ALMEIDA, Clebson Souza de. Território da água, território da vida: comunidades tradicionais e a monocultura do eucalipto no Alto Jequitinhonha. 2018. 153 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Estudos Rurais Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2018.