Alto dos bois e os indígenas na província de Minas Gerais: civilização e progresso no ideário oitocentista

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2015

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UFVJM

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RESUMO Este trabalho consiste em compreender as relações entre índios e colonizadores em uma situação de avanço para os sertões de Minas Gerais. Durante o século XIX, a conquista dos Sertões do Leste de Minas foi pautada em um modelo civilizador por parte da administração indígena. A implementação desse modelo dialogou com o contexto da época em que se visava pesquisar o estado de civilização dos habitantes do sertão, e que para a consolidação da ideia de nação homogênea era necessário que esses povos fossem incorporados à sociedade considerada civilizada. Nesse sentido, esta dissertação pretende compreender a dinâmica dos grupos indígenas ao longo do processo de colonização na zona do Mucuri, Jequitinhonha e adjacências. Possui como foco principal uma região que se configura enquanto espaço de transição entre vales dos rios Jequitinhonha e Mucuri, região denominada Alto dos Bois, hoje pertencente ao município de Angelândia, no Alto Jequitinhonha. Esta se caracterizou como aldeia e quartel militar ao longo do século XIX, onde a família de Antônio Gomes Leal, diretor de índios, aquartelou indígenas falantes do Maxacali que, em fuga dos Botocudos, procuraram refúgio na localidade. Almeja-se, assim, analisar de que maneira os indígenas em Alto dos Bois puderam reconfigurar seus espaços e práticas socioculturais, reconstruir suas identidades e se inserir ao contexto posto. As fontes trabalhadas, sendo elas: correspondências do primeiro diretor dos índios da província, Guido Marlière, correspondências da Diretoria Geral dos Índios, Relatórios de Presidente de Província e os relatórios da Companhia do Mucuri, revelam a estrutura administrativa do indigenismo da Província de Minas Gerais e a forma com que o modelo civilizador deveria ser realizado. Por outro lado, a situação indígena nos aldeamentos acompanhada, principalmente, através de relatos dos viajantes estrangeiros ilustrados, Saint-Hilaire, Johann Pohl e Spix e Martius, demonstra como esses povos adaptaram seu universo simbólico e sociopolítico ao novo contexto em que se inseriam. As três narrativas, sendo elas a dos viajantes ilustrados, do indigenismo e da Companhia do Mucuri possuem um fio condutor: o da civilização e do progresso. Demonstram, também, como as populações indígenas deveriam ser vistas neste processo. A pesquisa se desenvolve com preocupação em demonstrar a contribuição indígena no processo sociocultural da região, já que os vales do Jequitinhonha e Mucuri possuem grande concentração de etnias indígenas. Assim, enfatiza-se o papel dos aldeamentos como espaço de reconstrução social, cultural e de identidades, se constituindo, então, como espaço de resistência. Frente às adversidades do avanço colonizador, Alto dos Bois foi visto como espaço de sobrevivência e de menores perdas. Resistir era também se abrir ao novo, assumindo símbolos e discursos dos não-índios quando conveniente. Identidade e cultura passaram a ser vistas, portanto, como construções relacionais, se atualizando na relação com o Outro, sem a conotação de perda, mas sim de reelaborações. Pelo viés de compreensão de povos historicamente excluídos, por meio do diálogo entre a Antropologia e História ressalta-se a importância dos papéis desempenhados pelos índios nos processos históricos, dando visibilidade a esses povos.

Description

Área de Concentração: Ciências Humanas. Linha de Pesquisa: História, Cultura e Poder.

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Citation

RUELLAS, Taciana Begalli de Oliveira. Alto dos bois e os indígenas na província de Minas Gerais: civilização e progresso no ideário oitocentista. 2015. 123 p. Dissertação (Mestrado Profissional) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2015.

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