PPGCH - Mestrado Profissional Interdisciplinar em Ciências Humanas (Dissertações)
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Item Compras Públicas como vetor de Desenvolvimento Sustentável(UFVJM, 2023) Cordeiro, Marcela Ribeiro Manhães Freitas; Ramos, Davidson Afonso de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ramos, Davidson Afonso de; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Marques, Gabriel Lima; Terrade, Vanessa de FátimaO Brasil finalmente modernizou a Lei Federal de Licitações e Contratos (nº14.133/2021), cuja aplicação abrange as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da união, dos estados, do distrito federal e dos municípios. A partir da leitura deste novo normativo foi possível entender quais as principais intenções do legislador com as mudanças incorporadas ao texto. Entre elas, verifica-se a tentativa de diminuir os formalismos legais, de permitir maior celeridade aos procedimentos, maior qualidade nas compras e aquisições públicas, com o intuito de corroborar com o desenvolvimento nacional sustentável. O presente trabalho dedicou-se: (i) a trazer uma breve contextualização sobre o procedimento formal obrigatório para aquisições públicas (Licitações); (ii) a apresentar as compras públicas como instrumento de políticas públicas e como um vetor de desenvolvimento sustentável; e (iii) a averiguar as mudanças na nova lei de licitações sob a perspectiva do desenvolvimento sustentável. A proposta metodológica deste trabalho teve como base de pesquisa uma metodologia qualitativa, cujo resultado se valeu de um estudo exploratório da legislação relativa ao tema de estudo e demais pesquisas biográficas.Item Iconografia para a decolonização sobre o pensamento andino: um estudo interdisciplinar-comparativo da cerâmica sexual Moche da costa norte peruana, entre os Séculos I ao VIII A.D.(UFVJM, 2023) Mafra, Luís Fernando Rangel de Oliveira; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Paula, Adna Candido de; Suñer, Marcia Maria Arcuri; Bracamonte Lévano, EdgarA cultura mochica se desenvolve na faixa litorânea da costa norte do Peru entre os Séculos I e IX A. D. Está baseada em diversas unidades políticas, em alguns casos coexistentes, em uma sociedade interna com diferentes lugares sociais em estruturas de poder centralizadas em lideranças político-religiosas. Os Moche desenvolveram um marco histórico, entendido como um fenômeno por terem desenvolvido um amplo domínio agrário (com registros de vastos canais de irrigação), além de uma complexa arquitetura e ampliação da tecnologia cerâmica, têxtil e a metalurgia. Sua alta taxa populacional, seu alto grau de especialização técnica, complexidade nos extratos sociais e sua longa durabilidade são um marco sem precedentes na ocupação da costa norte peruana. Este trabalho faz parte da pesquisa de Mestrado em Ciências Humanas e busca entender as similaridades e diferenças iconográficas e tecnológicas da cerâmica Moche entre os Séculos IV e VII AD. O foco é o estudo iconográfico e semiótico na cerâmica de representação sexual, de modo se possa discutir as construções de gênero e das sexualidades nesta produção, trocas e manejos de informações e tecnologias, assim como entender o campo simbólico desta cultura. Logo, a investigação teve como objeto de estudo a cerâmica contida na coleção intitulada Galeria Erótica, presente no acervo do Museu Arqueológico Rafael Larco Herrera, em Lima, Peru. Como resultado, buscou-se o entendimento de como o estudo da iconografia cerâmica pode cooperar para a compreensão da ontologia desta cultura no que tange suas construções e relações de gênero, se são fluidas ou estritamente binárias, e suas construções sobre sexualidade, se ultrapassam as barreiras do que hoje é entendido como sistemas heteronormativos.Item Medidas Socioeducativas: A necessidade de políticas públicas de mensuração da reincidência juvenil como forma de avaliação de sua eficácia ressocializadora(UFVJM, 2023) Martins, Juliano Alencar; Ramos, Davidson Afonso de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ramos, Davidson Afonso de; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Braga Junior, AméricoA pesquisa propunha-se a identificar, através de dados estatísticos, as medidas socioeducativas mais eficientes para fins de ressocialização de adolescentes em conflito com a lei e desestímulo de continuidade infracional. Para tal seria realizado um levantamento bibliográfico da evolução histórica do tratamento do menor infrator no Brasil, com abordagem também o cenário legislativo atual e descrição das medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, com posterior coleta de dados sobre a reincidência em atos infracionais após o cumprimento das medidas. Constatou-se, entretanto, a ausência de políticas públicas de mensuração de reincidência juvenil de uma maneira precisa e padronizada, havendo apenas outras poucas pesquisas que propunham, cada uma delas, uma metodologia própria de coleta e aferição. Concluiu-se pela necessidade de uma política pública estatal de aferição da reincidência juvenil como forma de mensurar a eficácia das medidas socioeducativas para orientação de sua aplicação conforme o caso específico de cada adolescente infrator, diante do evidente prejuízo gerado para a sociedade e para os próprios infratores diante do cumprimento de medidas que poderiam se mostrar menos adequadas caso existisse tal controle estatístico.Item Angústia e política na obra filosófica de Albert Camus(UFVJM, 2023) Campos, Marcos Ferreira; Fonseca, Lilian Simone Godoy; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fonseca, Lilian Simone Godoy; Mykonios, Atanásio; Oliveira, Jelson Roberto de; Menezes, Rafael Pereira deAlbert Camus, filósofo franco-argelino, nasceu e cresceu sob uma Argélia ocupada e vilipendiada pela França. Filho de um militar francês e de uma mãe espanhola analfabeta, sua história foi marcada pela superação e pelo enfrentamento. Sem uma localização geopolítica que lhe firmasse uma identidade, se viu refugiado dentro da própria pátria. Foi salvo da miséria e de um futuro sem esperança pela educação. Com bolsas de estudo, concluiu a educação aos moldes da ocidentalização e do colonizador. Em toda a sua obra, até mesmo nos textos teatrais, nada foge à permeabilidade da angústia e da política. Na França, consolida-se como escritor, tendo como estilos autorais o ensaio-filosófico e o romance, ambos carregados de metáforas e imagens do cotidiano. Aproximou-se do comunismo e dele se afastou antes da eclosão da guerra, mas manteve-se à esquerda. Atuou como jornalista clandestino e militou contra o Nazismo. Rompeu com o comunismo e aproximou-se do anarquismo, deixando-o também pouco tempo depois. No calor da guerra, apresentou o conceito do absurdo filosófico. Anos depois, o refinou e apresentou a revolta como a única maneira aceitável de lutar contra ele. Sua posição filosófica promoveu um choque teórico com a filosofia existencialista. Tomado pela angústia da guerra, Camus se opôs a todos aqueles que colocaram a vida em plano secundário. Viveu os dramas da Revolução Argelina, época em que se reencontrou com sua identidade de homem africano. Defendeu que somente uma ação política contumaz podia encerrar o ciclo do terror. Suas proposições levaram à análise das mais profundas marcas da angústia na vida humana. Sua filosofia abriu as portas para a compreensão da tragédia humana contemporânea e das políticas do abandono. Estamos em guerra, armada e ideológica, ambas com o mesmo alvo: a democracia. Camus conseguiu identificar o absurdo olhando para o passado e para o seu tempo. Em uma revisão bibliográfica de sua obra filosófica, pretendemos nos apropriar do seu pensamento político para compreendermos o nosso.Item O (Re) Aprendizado da Igreja Católica em Diamantina/MG na pandemia da Covid-19(UFVJM, 2023) Maia, Kesley de Jesus Saraiva; Lage, Ana Cristina Pereira; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lage, Ana Cristina Pereira; Oliveira, Ivonei Antônio de; Kaitel, Cristiane SilvaA presente pesquisa pretende analisar como a Igreja Católica buscou (re) aprender para alcançar seus fiéis, devido à instauração da pandemia da Covid-19 em Diamantina, Minas Gerais, no ano de 2020. Ao longo de sua história e para sua sobrevivência, a Igreja Católica foi forçada a se (re) descobrir e ressignificar para garantir a prática da fé a partir da manutenção de seus ritos adequados às novas realidades. Por isso, os objetivos deste trabalho são: investigar como a Igreja Católica ressignificou os seus ritos para manter suas celebrações; e analisar os documentos que foram publicados pela Santa Sé, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Arquidiocese de Diamantina para orientar seus fiéis durante este período de isolamento social. Os principais conceitos trabalhados na pesquisa são: religiosidade, identidade religiosa, celebração, ritos, espaços sagrados, pandemia da Covid-19 e (re) aprendizado. O procedimento da pesquisa é de caráter qualitativo e interpretativo das fontes históricas, constituídas por decretos e orientações publicados pela Igreja Católica. Para tal, a pesquisa contempla a história do tempo presente, por meio da interpretação, exploração e análise dos documentos importantes para perceber como a Igreja Católica se adaptou e manteve sua religiosidade na pandemia da Covid-19. Dessa forma, é possível interpretar quais foram as novas realidades da vida pastoral e litúrgica que a Igreja teve que adaptar neste período.Item Sítio Arqueológico Olhos D'água: um estudo comparativo dos lugares e objetos referente à população Negra de Felício dos Santos e Senador Modestino Gonçalves, séculos XVIII e XIX(UFVJM, 2023) Campos, Paulo Andrade; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Paula, Adna Candido de; Suñer, Marcia Maria ArcuriEsta pesquisa analisou o sítio arqueológico Olhos d’água, localizado no município de Senador Modestino Gonçalves, em uma área limítrofe com Felício dos Santos, a partir de abordagens afro-centradas na materialidade e implementação do sítio arqueológico na paisagem. Localizado na região da antiga fazenda do Tamboril, um importante centro de produção alimentícia, o sítio Olhos d’água apresentou uma cultura material composta principalmente por fragmentos de vasilhames cerâmicos, associada à ocupação da região pela população afro-brasileira durante os séculos XVIII e XIX. Desse modo, meu problema de pesquisa teve como foco compreender, a partir de distintos aspectos, o contexto de ocupação do sítio arqueológico. Para tal, tendo em vista que a produção econômica da fazenda era realizada por pessoas escravizadas, foi realizado um levantamento a partir de documentação histórica buscando evidenciar os grupos de pessoas Negras que poderiam ter produzido, utilizado e descartado os vestígios arqueológicos. Concomitantemente, realizei uma análise da implementação paisagística do sítio Olhos d’água, utilizando como referência o conceito de quilombo proposto pela historiadora Beatriz Nascimento e relatos da memória oral. Com isso, a área do sítio foi abordada como um espaço de resistência da população afro-diaspórica, visto sua potencialidade como uma área de manutenção e dispersão das práticas culturais, observadas tanto nos vestígios materiais quanto nos marcos sociográficos. Para finalizar esta pesquisa, realizei uma análise da materialidade presente no sítio arqueológico, buscando identificar os distintos padrões de decoração e produção dos vasilhames arqueológicos, tendo em vista a potencialidade dos símbolos como forma de dispersão dos saberes. Nesta etapa do trabalho, foram considerados os conceitos iorubás de Ìlutí e Ojú-inú, que relacionam o saber fazer artístico dos/as artesãos/ãs com a manutenção do axé e conhecimento das especificidades religiosas-cotidianas. Dentre as conclusões obtidas a partir deste estudo, conseguimos identificar áreas de ocupação da população negra durante o período da escravização e objetos de produção local que indicam atividades de manutenção e divulgação de distintos saberes, auxiliando assim na construção de outras narrativas e vivências locais que demonstram estratégias de resistência através da vivência coletiva e dos possíveis festejos.Item Os assentamentos humanos na Serra do Jambreiro: análise do conjunto artefatual lítico do Sítio Matão 01, Felício dos Santos, Minas Gerais(UFVJM, 2023) Fonseca, Thamara Ferreira; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Mattos, André Luis Lopes Borges de; Suñer, Marcia Maria Arcuri; Coe, Heloisa Helena GomesO Sítio Matão 01 está localizado no município de Felício dos Santos, na Bacia do Araçuaí, afluente do rio Jequitinhonha, Minas Gerais. Trata-se de um abrigo sob rocha quartzítica implantado em área de mata. O extenso pacote sedimentar apresentado por este sítio conta com 03 períodos de ocupação, um em momento de transição do Holoceno Médio para o Superior, a partir de 3300 anos A.P, um segundo com data intermediária a partir de 1900 anos A.P e outro mais recente com 550 anos A.P. O conjunto lítico proveniente deste sítio arqueológico foi analisado a partir da metodologia de cadeias operatórias, para fins de comparação com os demais sítios da região que possuem inter-relações fisiográficas e cronológicas, buscando compreender as escolhas técnicas e culturais que perpassam pela produção desta materialidade. Este sítio, assim como outros da área de pesquisa, deve ser compreendido como um lugar constituído, vivenciado por pessoas que atribuíram significados, funções e paisagens. O conjunto lítico se destaca pela prevalência do uso do quartzo como matéria prima principal, uso das técnicas unipolar e bipolar (principalmente nos níveis recentes em que há presença de bigornas) e produtos de lascamento que indicam a produção de artefatos retocados nas fases finais. Os dados apresentados por este sítio corroboram as recentes pesquisas para Área Arqueológica da Serra Negra que demonstram que os momentos de depopulação e abandono durante o Hiato do Arcaico não ocorreram nesta região, pois nota-se uma continuidade das ocupações e uma estabilidade cultural nos registros arqueológicos entre os sítios dessa região.Item Saúde Mental e Habilidades Sociais de professores(UFVJM, 2023) Silva, Mayara Cantuária da; Ferreira, Bárbara Carvalho; Lima, Diego Costa; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ferreira, Bárbara Carvalho; Carvalho, Leonardo Lana de; Santos, Juliana Pinto dosA docência é repleta de desafios, que vão desde as condições de trabalho até os riscos psicossociais, que podem influenciar na saúde dos professores. Diante disso, nota-se que a saúde mental dos professores tem sido amplamente estudada, pois o ambiente escolar pode contribuir para o adoecimento psíquico. Pesquisas apontam que um repertório elaborado de habilidades sociais é um fator protetivo para a saúde. Assim, este estudo objetivou analisar o repertório das habilidades sociais e os indicadores de saúde de professores da rede municipal de educação, de uma cidade de Minas Gerais, por meio de uma pesquisa quantitativa, descritiva, com corte transversal e método correlacional. Participaram deste estudo 32 professores, sendo 15 da Educação Infantil e 17 dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Para a coleta de dados, foram utilizados o Questionário de Caracterização, o Inventário de Habilidades Sociais 2 e as Escalas de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho e de Avaliação dos Danos Relacionados ao Trabalho, do Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento. A tabulação e a normalidade dos dados deram-se a partir do teste Kolmogorov-Smirnov. As análises descritivas foram elaboradas mediante cálculos matemáticos de médias e para tanto foi empregado o JASP, versão 0.16.3. Os resultados revelaram repertório deficitário em habilidades sociais tanto no escore geral quanto nos escores fatoriais. Quando realizada análise da HS com base no contexto do trabalho, verificou-se bom repertório mediano em situações que envolvem autoafirmação, afeto e interações com pessoas conhecidas, mas deficitário em contextos que demandam conversação assertiva, enfrentamento de riscos e autocontrole. Também se verificou a presença de problemas físicos, além de sinais de esgotamento mental, sobrecarga, estresse, frustração e falta de reconhecimento profissional na docência. Verifica-se pelo estudo que os participantes poderão se beneficiar do Treinamento de Habilidades Sociais. Por fim, o estudo ressalta a necessidade de políticas públicas de promoção de saúde e Habilidades Sociais dos professores para criar um ambiente de trabalho mais saudável.Item Feira de memórias: documentário sobre a Feira Livre de Novo Cruzeiro – MG(UFVJM, 2023) Souza, Isac Newton Pedro de; Fonseca, Vitória Azevedo da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fonseca, Vitória Azevedo da; Amaral, Flávia Aparecida; Azevedo, Maria Thereza de OliveiraEste relatório apresenta discussão acerca de um produto audiovisual sobre a Feira Livre de Novo Cruzeiro – MG, cidade situada no Médio Jequitinhonha, evento este que possui importância histórica e cultural em todo o Vale, ocorrendo semanalmente em todas as cidades da região, enquanto um ponto de convergência entre o rural e o urbano. Busca-se abordar o território da feira livre municipal enquanto uma das engrenagens que move a cidade, a partir do momento em que todas as camadas da sociedade se encontram ali. Espaço no qual ocorrem trocas, para além das monetárias, de experiências e memórias. Ressaltamos a sua importância enquanto um meio de resistência cultural e econômica, no qual os pequenos produtores tomam como fonte de renda e os consumidores como um espaço para rever os amigos e adquirir produtos frescos semanalmente. No que tange ao produto audiovisual, já previamente gravado em outubro de 2022 e em fase de pós-produção, trata-se de um documentário em formato de média-metragem (com duração por volta dos 30 minutos), que buscará entender as diversas nuances da feira livre de Novo Cruzeiro, os diversos tipos de troca e os simbolismos arraigados neste evento, através das múltiplas formas de memória daqueles que a frequentam. O objetivo do documentário é a curadoria dos diversos relatos advindos dos atores sociais que fazem a feira acontecer, buscando mostrar o uso do espaço, as formas de encarar o tempo a partir da perspectiva do agricultor-feirante e do consumidor, além de trabalhar a existência de memórias distintas sobre o mesmo evento, utilizando do conceito de “autoria compartilhada”. Neste percurso, questões éticas e políticas são trazidas à baila, uma vez que o trato da memória deve ser feito através de processo minucioso e com cuidado, sem interferências desnecessárias advindas daqueles que estão por trás das câmeras. Por fim, busca-se contemplar não somente o público regional, pois embora gravado no Vale do Jequitinhonha, o sentimento de pertencimento e as memórias ultrapassam barreiras geográficas, ao passo que se trabalha as questões conceituais de feiras livres possibilitando a identificação daqueles que estão longe do objeto de pesquisa, mas apenas fisicamente falando.Item Entre dois hemisférios: migração e Direitos Humanos em "Luanda, Lisboa, Paraíso" e "Estive em Lisboa e lembrei de você"(UFVJM, 2023) Veloso, Ana Angélica Miranda; Rückert, Gustavo Henrique; Kaitel, Cristiane Silva; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Rückert, Gustavo Henrique; Kaitel, Cristiane Silva; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Angelini, Paulo Ricardo KralikEsta dissertação tem como objetivo analisar comparativamente duas obras literárias: Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida, e Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato. Pretende-se compreender o processo de migração dos falantes do português para Portugal e identificar os direitos que deveriam ser efetivados para todos, de forma igualitária. Para tanto, a ferramenta metodológica empregada é a análise de personagens (Bordini, 2006). A partir da observação de Cartola e Aquiles (do livro da Djaimilia) e de Serginho (da obra do Ruffato), busca-se evidenciar como os Direitos Humanos são vedados aos migrantes. O referencial teórico perpassa sobretudo pelas ideias de Santos (1990; 2003; 2010; 2014; 2018; 2019; 2020), o qual demonstra que a maior parte dos indivíduos não é sujeito de garantias, apenas objeto dos discursos de Direitos Humanos. Nesse sentido, almeja-se relacionar a vida dos migrantes reais aos personagens fictícios que vivenciam situações de desigualdade em Portugal, lidando com a ausência da cidadania e de condições mínimas de sobrevivência. A forma como os deslocamentos geográficos têm ocorrido e a não garantia da cidadania tornam o percurso não meramente uma travessia espacial, entre os hemisférios Norte e Sul, mas também um atravessamento psicológico e identitário, uma vez que os indivíduos que cruzam as fronteiras territoriais, diante das condições que encontram no país receptor e sem perspectivas de retornarem à sua terra natal, passam a se reconhecer como “sujeitos de lugar nenhum”.