Pós-Graduação em Ciências Humanas
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PPGCH - Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas
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Item Entre dois hemisférios: migração e Direitos Humanos em "Luanda, Lisboa, Paraíso" e "Estive em Lisboa e lembrei de você"(UFVJM, 2023) Veloso, Ana Angélica Miranda; Rückert, Gustavo Henrique; Kaitel, Cristiane Silva; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Rückert, Gustavo Henrique; Kaitel, Cristiane Silva; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Angelini, Paulo Ricardo KralikEsta dissertação tem como objetivo analisar comparativamente duas obras literárias: Luanda, Lisboa, Paraíso, de Djaimilia Pereira de Almeida, e Estive em Lisboa e lembrei de você, de Luiz Ruffato. Pretende-se compreender o processo de migração dos falantes do português para Portugal e identificar os direitos que deveriam ser efetivados para todos, de forma igualitária. Para tanto, a ferramenta metodológica empregada é a análise de personagens (Bordini, 2006). A partir da observação de Cartola e Aquiles (do livro da Djaimilia) e de Serginho (da obra do Ruffato), busca-se evidenciar como os Direitos Humanos são vedados aos migrantes. O referencial teórico perpassa sobretudo pelas ideias de Santos (1990; 2003; 2010; 2014; 2018; 2019; 2020), o qual demonstra que a maior parte dos indivíduos não é sujeito de garantias, apenas objeto dos discursos de Direitos Humanos. Nesse sentido, almeja-se relacionar a vida dos migrantes reais aos personagens fictícios que vivenciam situações de desigualdade em Portugal, lidando com a ausência da cidadania e de condições mínimas de sobrevivência. A forma como os deslocamentos geográficos têm ocorrido e a não garantia da cidadania tornam o percurso não meramente uma travessia espacial, entre os hemisférios Norte e Sul, mas também um atravessamento psicológico e identitário, uma vez que os indivíduos que cruzam as fronteiras territoriais, diante das condições que encontram no país receptor e sem perspectivas de retornarem à sua terra natal, passam a se reconhecer como “sujeitos de lugar nenhum”.Item Experiências de formação de psicólogos e o Sistema Único de Assistência Social - SUAS: uma investigação fenomenológica(UFVJM, 2023) Silva, Ana Paula Sá da; Gaspar, Yuri Elias; Leite, Roberta Vasconcelos; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Gaspar, Yuri Elias; Leite, Roberta Vasconcelos; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Coelho Junior, Achilles GonçalvesEsta pesquisa tem como objetivo principal compreender como psicólogos elaboram sua trajetória de formação acadêmica, profissional e pessoal e a relacionam à sua atuação no Sistema Único de Assistência Social – SUAS. Para isso, trouxemos no referencial teórico uma breve retomada da constituição da assistência social no Brasil, destacamos teóricos e escolas de desenvolvimento da psicologia social no mundo, na América Latina e no Brasil. Contextualizamos ainda a formação de psicólogos a partir da ótica da graduação e pós-graduação, bem como caracterizamos a educação permanente no SUAS no âmbito nacional e estadual e interdisciplinaridade. Na perspectiva da formação da pessoa, tomamos como base os postulados da filósofa Edith Stein (1930/2003), assim como suas contribuições acerca dos conceitos de massa, sociedade, comunidade e estado. A pesquisa tem caráter qualitativo, segundo pressupostos teórico-metodológicos da Fenomenologia Clássica. Para a investigação utilizamos entrevistas fenomenológicas semiestruturadas, realizadas à distância por vídeo chamadas, gravadas em registros sonoros e transcritas integralmente. Foram realizadas entrevistas com quatro (04) psicólogos que atuam em serviços municipais do SUAS do território do Alto Jequitinhonha, selecionados por critério de amostragem intencional. Para o processo de análise de cada entrevista e elaboração de sínteses utilizamos as diretrizes fenomenológicas descritas por Van Der Leeuw (1964). Identificamos, por meio das análises e sínteses dos relatos, elementos comuns essenciais da experiência de psicólogos no SUAS, tais como, a descoberta de si no fazer profissional, a constituição de referências e os processos subjetivos como parte da atuação. Esses elementos observados conjuntamente ajudaram a compor um desenho geral de um certo modo de formação do psicólogo na assistência social, o que possibilitou a construção da experiência-tipo. Na experiência-tipo destacamos que independente da abordagem ou linha teórico-metodológica da psicologia seguida pelos profissionais entrevistados, buscam aplicá-las à realidade profissional na assistência social. Além disso, demonstraram que o ser psicólogo no SUAS constitui-se também a partir de uma busca pelo desenvolvimento de modos próprios de estabelecer protagonismo, bem como abertura e disponibilidade para formação interdisciplinar. Na discussão dos resultados destacamos esses elementos de forma que compreendemos que na descoberta de si, a trajetória pessoal aparece configurando a experiência do psicólogo no SUAS, confirmando ou contestando pontos de vista que emergem na atuação. Na formação, ter pessoas de referência na relação de aprendizagem fazendo-se relevante na constituição pessoal e profissional, e que nas ações profissionais no SUAS esses sujeitos se colocam também a partir dos seus processos subjetivos, marcando as atividades profissionais com a singularidade de suas trajetórias.Item A questão da terra no Brasil e a atuação do MST(UFVJM, 2023) Oliveira, Bruno Leonardo Dias; Mykonios, Atanásio; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Mykonios, Atanásio; Stocco, Aline Faé; Lemes, Anielli Fabiula Gavioli; Dias, Paulo Vergílio MarquesEste estudo teve como objetivo analisar o comportamento frente ao cenário de concentração de terra no Brasil desde a colonização até a contemporaneidade. Investigar a história, a evolução e os limites do MST frente à concentração fundiária no Brasil e sua evolução. Tentou-se na referida pesquisa, trazer ponto a ponto, dividida em capítulos, mostrando a estrutura que sempre concentrou as terras em mãos de poucos de uma parcela irrisória, com o objetivo de contemplar o capital em prol do capitalismo agrícola, com a chancela e a participação ativa do Estado. No mesmo sentido, como se deu a relação entre o Estado e o Movimento Social dos Sem Terra – MST durante todo período. Em complemento, demonstrou-se a estrutura do movimento social MST, considerando seu potencial de crescimento na produção agrícola, trazendo ao debate seu real limite. Em continuidade, quais consequências e como se deu a história e qual o posicionamento do Estado frente à má distribuição das terras e quais atitudes foram tomadas. Por fim, o texto mostrou uma abordagem que trouxe dados que refletem as consequências dessa concentração de terras que fez aumentar as mortes por conta dos conflitos deflagrados, ceifando vidas que poderiam ter sido evitadas, caso o Estado implementasse políticas que assegurassem o direito à terra e à produção agrícola.Item Racismo e controle social penal: as políticas de segurança pública e o genocídio do negro brasileiro à luz da criminologia contemporânea(UFVJM, 2023) Rocha, Davi Xavier; Paula, Adna Cândido de; Pereira, Juliano Gonçalves; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)A pesquisa em questão tem como cerne analisar o sistema de justiça e as políticas de segurança pública no Brasil, que historicamente e especialmente durante o século XIX, incorporaram o discurso pseudocientífico do positivismo ocidental com base criminológica racista. Nesse contexto, o presente trabalho se contrapõe à concepção etiológica da criminologia, que considera o ato criminoso como um fator inerente ao indivíduo e as suas características pessoais, físicas e biológicas. Para alcançar os objetivos propostos, a pesquisa adotou uma abordagem qualitativa. Realizou-se uma revisão bibliográfica abrangente sobre a criminologia contemporânea, o paradigma africano e, subsidiariamente, a teoria da rotulação social, a fim de embasar teoricamente a análise. Através de diversos estudos, pesquisas e análises de dados estatísticos, observa-se uma influência de preceitos ocidentais que fomentam o enfoque do controle social na legitimação da violência, à medida que o Estado rotula e criminaliza a população negra no Brasil. O objetivo geral investigado é demonstrar que o racismo tem afetado o funcionamento das instituições, a exemplo das polícias, que, em muitos casos, operam de maneira seletiva, especialmente em suas ações em comunidades periféricas, resultando em um expressivo número de mortes de jovens negros anualmente. As conclusões indicam que essa discriminação é caracterizada por um processo cultural de estigmatização da população negra. Rótulos levianos, tais como a associação do negro à propensão ao crime e à delinquência, foram historicamente disseminados por meio de políticas públicas e continuam enraizados no imaginário popular, o que resulta em uma atuação racista das instituições de controle social até os dias atuais.Item Sinfonia em branco e Dessesterro: um estudo sobre maternidade, opressão e violação dos corpos femininos(UFVJM, 2023) Vieira, Dalva Ribeiro; Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)A proposta desta dissertação apresenta uma análise literária dos romances Sinfonia em branco (2001), de Adriana Lisboa e Desesterro (2015), de Sheyla Smanioto. As análises apontam para o modo como a violação dos corpos femininos e a opressão são narrados nessas obras e como o tema da maternidade as atravessa. Para a realização do estudo, partimos das considerações de Jaime Ginzburg (2013), de que a violência é constitutiva da sociedade brasileira. Ela ocorre com tanta frequência que, em muitas situações, tem sido naturalizada e invisibilizada. Para o autor, os estudos literários poderiam dar uma contribuição importante no sentido de questionar a violência e, principalmente, sua naturalização; porque a leitura de textos literários possibilita que os leitores rompam com a visão automatizada da realidade. Assim, a análise de sua configuração na obra literária vai muito além de identificar quais são as cenas em que as personagens a praticam ou sofrem. É preciso analisar também quem narra e como se narram os episódios traumáticos. O tipo de narrador e as figuras de linguagem, nas obras analisadas, foram recursos linguísticos fundamentais para abordar temas, segundo Eurídice Figueiredo (2020) de difícil representação, como o estupro e o incesto. As análises realizadas partiram de trechos selecionados dos romances, a partir do interesse na aproximação de suas linguagens estéticas para estabelecer relações de comparação sobre a forma como a violação dos corpos femininos, a opressão e maternidade são representadas neles, em diálogo com as teorias de gênero, a partir da discussão de autoras como Rita Terezinha Schmidt (2000), Heleieth Saffioti (1986; 2004), Silvia Federici (2017), Regina Dalcastagnè (2007; 2020), Elisabeth Badinter (1985), e Eurídice Figueiredo (2020). Para a fundamentação da naturalização da violência partimos das discussões trazidas por Judith Butler (2015), Achile Mbembe (2016) e Sílvio Almeida (2020). Os resultados da pesquisa apontam para a percepção de que romances analisados abordam temas considerados tabus, como o incesto e o estupro, de forma profunda e empática; provocando reflexões acerca da naturalização, invisibilidade e silenciamento dessas violências pela sociedade machista e patriarcal, ao mesmo tempo em que as denuncia.Item A presença da UFVJM na Educação Básica nos Vales do Jequitinhonha e Mucuri(UFVJM, 2023) Fernandes, Gildásio Antônio; Mykonios, Atanásio; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)O texto aborda o resultado de uma pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências Humanas da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), consistiu na investigação quanto à contribuição da instituição na formação de docentes para atuação na Educação Básica nas regiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Para o desenvolvimento do estudo foi considerado o contexto de expansão e interiorização do Ensino Superior, com enfoque nas Instituições de Ensino Superior, perpassando o papel desempenhado pela UFVJM na formação de docentes para atuação na região, objeto deste estudo. Foram realizadas revisões de literatura e análises documentais com dados do IBGE, INEP e IDEB, entre outros. Os resultados demonstraram a evolução do número de egressos nos cursos de licenciatura da UFVJM ao longo do período analisado e as possíveis relações que esses profissionais desempenham na Educação Básica local, potencialmente beneficiando os indicadores educacionais e sociais da região objeto desta pesquisa. No entanto, foram identificados desafios a serem enfrentados, como aprimorar políticas públicas de educação e a formação docente. Também foram apresentadas as limitações e perspectivas da UFVJM na promoção de uma Educação de qualidade e no desenvolvimento da região de sua abrangência. Assim, a pesquisa tem como propósito contribuir para compreender o papel das IFES na formação docente e refletir sobre a importância da Educação como direito fundamental. Destaca-se a necessidade de repensar políticas públicas educacionais visando a uma sociedade mais justa e igualitária, especialmente em regiões historicamente marcadas por exploração e desigualdades sociais.Item Universidade de Brasília: uma utopia interrompida(UFVJM, 2023) Fernandes, Danielli Cordeiro; Mattos, André Luís Lopes Borges de; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)Este texto se propõe a pensar a criação da Universidade de Brasília e do protagonismo de Darcy Ribeiro nesse empreendimento educacional. Para cumprir tal intenção, a escrita é orientada em quatro partes. A primeira é uma contextualização, compondo a ligação do autor com a temática e o seu protagonismo na criação da UnB. A segunda refere- se a uma análise sobre as etapas para colocar a Universidade de Brasília em curso. A terceira é sobre a interferência que a ditadura civil-militar exerceu na UnB. A última seção apresenta as conclusões.Item Vivências do Sagrado: um terreiro de Umbanda em Diamantina(UFVJM, 2023) Miranda, Mariana Santos; Fonseca, Vitória Azevedo da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)Neste texto segue o processo de criação de um documentário, os desafios para as produções durante o Covid-19, e uso como uma ferramenta para mostrar a diversidade da religião Umbanda dentro da perspectiva do dirigente espiritual Calebe Silva Ribeiro do Terreiro Ponto de Luz na cidade de Diamantina- MG. Mostro através das entrevistas feitas para a produção audiovisual, a Umbanda enquanto um caminho espiritual, mostrando através das vivências pessoais reflexos de ser umbandista dentro da cidade de Diamantina e a pluralidades existentes dentro da religião.Item A Formação da Pessoa nas "Cartas a um jovem poeta" de Rainer Maria Rilke: uma análise fenomenológica(UFVJM, 2023) Carvalho, Eduardo Vinícius Moura de; Gaspar, Yuri Elias; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)A formação da pessoa humana é um tema fundamental para as ciências humanas. Objetivamos neste trabalho investigar as elaborações do renomado poeta Rainer Maria Rilke contidas no livro “Cartas a um jovem poeta” para descrever suas contribuições ao tema da formação da pessoa, tomando as cartas em seu conteúdo experiencial. Optamos pelo método fenomenológico para a análise das cartas de Rilke entendendo ser este um caminho rigoroso para a realização da análise da experiência. Identificamos como resultados, primeiramente, o modo próprio de Rilke elaborar e propor o tema da formação da pessoa. Ele abre-se cuidadosa e compreensivamente, dando base para adiante fazer pontuações críticas, centradas na experiência do jovem, distanciando-se de colocações não pautadas na pessoa e na relação; propõe a própria subjetividade na relação, colocando suas experiências pessoais, direta e indiretamente. Ao jovem, oferta assim, tanto o exemplo do valor de adentrar à própria experiência, como o convida ao mesmo processo, fazendo isto, portanto, sem se sobrepor ou anular a experiência do outro. Propõe reflexões abertas e provocativas, convidando para a continuidade de uma reflexividade pessoal a partir de suas colocações. Por fim, propõe a dimensão da companhia, ressaltando a qualidade de referência, que passa a compor a própria vida, e não apenas enquanto em sua dimensão de presença material. Posteriormente, apreendemos quatro categorias de sentido nas elaborações Rilke sobre o tema da formação da pessoa: (1) Solidão como relação com a interioridade enquanto critério pessoal; (2) Trabalho enquanto empenho com a vida: agarrar-se ao difícil, viver a espera; (3) Mistério como relação com o inexplicável: a novidade, que ninguém conhece, se ergue aí, calada, no meio; (4) Amor como o fio condutor das experiências: a obra para a qual todas as outras são uma preparação. Na discussão, debatemos sobre as elaborações de Rilke em diálogo com a fenomenóloga Edith Stein, que se dedica diretamente ao tema da formação da pessoa; sobre as contribuições de Rilke à contemporaneidade, como a revolução tecnológica e a crise de sentido, e refletimos sobre as dinâmicas humanas de busca de si e os processos de acompanhamento de pessoas. Concluímos que Rilke, em suas “cartas a um jovem poeta”, afirma a centralidade da experiência da pessoa para a formação humana, individual e coletiva, bem como abre horizontes para propostas de caminhos formativos estruturados a partir de elementos próprios da pessoa humana.Item Política urbana brasileira: neoliberalismo, movimentos sociais e direito à cidade(UFVJM, 2023) Ribeiro, Ítalo Prudente; Teodoro, Pacelli Henrique Martins; Vale, Teresa Cristina de Souza Cardoso; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)O capitalismo promove origem conexa entre propriedade privada e cidade. Ambas se conformam como mercadoria, sendo a cidade compreendida como o centro de consumo que se encontra em uma obra incessante. Os conflitos por habitação situam-se no cerne do espaço urbano, decorrentes de segregação socioespacial. No Brasil, tais são fomentados pela tradição patrimonialista da propriedade privada, clientelismo do setor público e neoliberalismo dominante no ideal social. A cidade, envolta de uma ideologia neoliberal, também cria e estimula a competição entre os mais necessitados, pois a urbanização é sufocada pela tradição patrimonial e a população se torna dependente de políticas pouco satisfatórias em uma relação clientelista. A Constituição Federal (1988) e o Estatuto da Cidade (2001) abordaram importantes dispositivos para a consolidação da função social da propriedade e da cidade, todavia, a prática encontra resistência dos capitalistas. Os espaços vazios da cidade buscam, por meio da especulação imobiliária, valorização e acumulação de riqueza. A conivência do poder público, mesmo diante da conhecida massa desprovida de habitação, gera conflitos. Ainda assim, a Constituição e o Estatuto possuem soluções para dirimir conflitos urbanos envolvendo propriedade. Possuem mecanismos que podem atuar em prol do melhor interesse público e elevar o princípio da função social da propriedade e da cidade à concretude. Portanto, esta pesquisa possui como tema a urbanização brasileira e a questão fundiária, especificando-se para responder a seguinte questão: qual a influência do neoliberalismo na urbanização brasileira e na luta pela efetivação do Estatuto da Cidade, no que concerne a função social da propriedade, no âmbito do direito à cidade? Objetiva-se descrever como o neoliberalismo corrói a dinâmica existente entre dimensão jurídica (Estatuto da Cidade, Constituição e demais legislações infraconstitucionais da política urbana), social (consciência coletiva e movimentos sociais) e econômica (função social da propriedade e a habitação) da política urbana brasileira. Divide-se o objetivo principal em dois específicos: articular a consolidação da política urbana brasileira neoliberal com sua crise habitacional sistêmica decorrente do modelo desenvolvido de cidade global e propriedade privada com função social inefetiva; e examinar a prática do direito à cidade no Brasil perceptível na atuação de movimentos sociais que consolidaram o Estatuto da Cidade, mas que sofre com erosão constitucional decorrente do ethos neoliberal que inviabiliza a concretização de políticas urbanas sociais e mobilizações adequadas de coletivos. Estabelece-se um período de análise que parte do ponto de ruptura/estagnação da política urbana, como o ano de 2017, devido à Lei Federal n° 13.465 que modificou o marco legal da terra no Brasil. A metodologia utilizada possui caráter qualitativo e dedutivo, devendo se valer da análise de legislações e da literatura jurídica especializada sobre o tema. Conclui-se que as soluções jurídicas existem, mas que se faz necessária uma revolução sociocultural, pois não basta existir ferramentas urbanísticas se a participação democrática for substituída por um ethos neoliberal de individualismo e acumulação: a cidade é coletiva e para todos. Enquanto não for modificado o comportamento social, promovendo ativismo por redes sociais reais e virtuais, até as próprias ferramentas urbanísticas estão ameaçadas de decadência.