PPGCH - Mestrado Profissional Interdisciplinar em Ciências Humanas (Dissertações)
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Item O projeto colonizador indígena na Filadélfia dos Sertões Leste de Minas Gerais: entre ideias liberais e ultramontanas (1847-1893)(UFVJM, 2022) Oliveira, Geisa Nascimento de; Lage, Ana Cristina Pereira; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lage, Ana Cristina Pereira; Arruda, Rogério Pereira de; Custódio, Maria Aparecida CorrêaEsta dissertação propõe a análise de aspectos ligados à região de Filadélfia, na província de Minas Gerais, no século XIX. O recorte espacial adotado reside exatamente no que se define como a Filadélfia, dentro do que geralmente é tratado como um espaço/tempo denominado Sertões do Leste de Minas Gerais. Propomo-nos a pensar exatamente o passado em comum do lugar chamado Filadélfia e a estabelecer fronteiras necessárias ao entendimento deste espaço, tendo como recorte temporal os anos de 1847 a 1893. A atenção desta pesquisa dirigiu-se à Companhia de Comércio e Navegação do Mucuri (CCNM), implantada nos anos de 1847 a 1861 pelos irmãos Teófilo e Honório Benedito Ottoni. Buscaram-se investigar, ainda, os primeiros anos da abertura do Aldeamento Nossa Senhora dos Anjos em Itambacuri pelos frades capuchinhos Serafim de Gorizia e Ângelo de Sassoferrato, entre 1873 a 1893. Por meio do conceito de cultura política, analisaram-se as ações ligadas ao pensamento liberal e à política ultramontana da Igreja, além da maneira como ambos intervieram na região, no que diz respeito à colonização e à conformação do sujeito indígena à sociedade da época. Por um lado, a CCNM tinha o objetivo de organizar uma estrutura de transporte na região, a partir da abertura de estradas de rodagem e da implantação da navegação a vapor e, para tanto, propunha-se a aldear e manter controle sobre os índios na Filadélfia dentro de uma perspectiva liberal. Por outro lado, à medida que era executada a política ultramontana da Igreja Católica, ocorreu a implantação do Aldeamento Nossa Senhora dos Anjos do Itambacuri pelos frades capuchinhos, que utilizaram a catequese religiosa indígena como forma de trazer aqueles sujeitos para o mundo do trabalho e da sociedade civilizada, como forma de atender às aspirações dos Governos Geral e Provincial Mineiro. Essa movimentação política e religiosa no Brasil incidiu diretamente na Filadélfia do século XIX e na relação com os indígenas da região. Para além disso, observamos, como pano de fundo dessas ações, as políticas indigenistas do Império, principalmente as Cartas Régias de 1808 e o Regulamento acerca das Missões de Catequese e Civilização Indígena de 1845. A metodologia aplicada a esta pesquisa foi a revisão bibliográfica, bem como a análise documental de relatórios da CCNM e do Aldeamento N. S. dos Anjos do Itambacuri, de ofícios da Diretoria Geral dos Índios, de falas de presidentes da província de Minas Gerais, das leis do Império, entre outros. Buscou-se, então, perceber de que maneira essas políticas imperiais contribuíram para a coerção e assimilação do sujeito indígena à sociedade nos padrões de civilidade e cristandade no Brasil Império, por meio da implementação de aldeamentos indígenas, seja por pessoas leigas ou religiosas.