PPGGEO - Mestrado em Geologia (Dissertações)
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Item Evolução estratigráfica e quimoestratigráfica (C, O, Sr) da borda sul do aulacógeno de Pirapora (Cráton do São Francisco), a partir de dados de subsuperfície(UFVJM, 2019) Matos, Lara Carneiro; Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Reis, Humberto Luiz Siqueira; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Santos, Gustavo Macedo de Paula; Battilani, Gislaine AmorésAulacógenos são riftes abortados comumente preservados em domínios cratônicos, que podem ser sucessivamente reativados ao longo do tempo, registrando assim, evidencias sedimentares, climáticas e tectônicas a respeito da evolução de seu continente hospedeiro. No Cráton do São Francisco – umas das peças chave da geologia precambriana da América do Sul – dois aulacógenos registram sucessivos ciclos da Bacia do São Francisco ocorridos entre o Paleoproterozóico e o Neoproterozóico. Um deles, o aulacógeno de Pirapora, está quase inteiramente coberto por rochas sedimentares neoproterozóicas e mesozóicas, e por isso permanece quase sem estudos. Com base em dados de subsuperfície não publicados, recentemente adquiridos, pela primeira vez descrevemos três sequencias de 1ª ordem, Espinhaço-Superior, Macaúbas e Bambuí, limitadas por discordâncias erosivas, depositadas na margem sul da Bacia do São Francisco. A sequência de 1a ordem basal Espinhaço-Superior registra a reativação Steniana do aulacógeno, e engloba fácies siliciclásticas e carbonáticas arranjadas em tendência progradacional. Um intervalo basal siciliciclástico rico em matéria orgânica foi reconhecido como um forte candidato a rocha fonte no sistema petrolífero precambriano da Bacia do São Francisco, reforçado pela presença de dolomitas em sela/barrocas e betume residual. Pela primeira vez, dois diamictitos sobrepostos foram descritos na mesma seção dentro da Bacia do São Francisco. A Formação Jequitaí, a mais antiga, provavelmente representa um registro da glaciação sturtianacriogeniana, e está correlacionada a sequência de 1ª ordem Macaúbas, enquanto o diamictito mais jovem é atribuído à Formação Carrancas (sequência de 1ª ordem Bambuí). A Formação Jequitaí foi submetida a alteração pós-deposicional pedogênica/freática, anterior a deposição da sequência sobrejacente, indicada por feições petrográficas e valores isotópicos de C e O. A Formação Carrancas, por outro lado, compreende depósitos diamictíticos maciços, cobertos por carbonados de capa da Formação Sete Lagoas, e tem sido considerada um registro da glaciação ediacarana tardia. A sequência de 1ª ordem Bambuí compreende uma plataforma siliciclástica-carbonática, arranjadas em um Trato de Sistema Transgressivo de 2ª ordem, correlata ao Intervalo-Quimioestratigráfico-1 e base do Intervalo-Quimioestratigráfico-2, e uma Trato de Sistema de Mar Alto, que está em acordo com as correlações intrabasinais. Na Formação Sete Lagoas, os estromatólitos associados a valores negativos de δ13C, descritos após o diamictito, podem ser o registro precoce da atividade biológica na bacia. Dois intervalos aragoníticos registram diferentes processos de supersaturação na água do mar, e ambos produzem maiores relações Sr/Ca em relação a seções adjacentes, as quais apresentam as maiores razões Mg/Ca. Processos diagenéticos precoces poderiam estar condicionados pelos parâmetros ambientais predominantes no momento da deposição. Os dados também esclarecem a evolução diagenética do aulacógeno de Pirapora através dos três estágios de reativação, que parecem ter forte influência pelo arcabouço estrutural da bacia. Um estágio hidrotermal tardio, relacionado ao fraturamento tectônico ocorrido durante o seu último ciclo de reativação, causou remobilização da matéria orgânica e percolação de fluido enriquecido em Fe, indicando o potencial de tal unidade para os sistemas petrolíferos e metalogenéticos da Bacia do São Francisco.Item Petrogênese e significado tectônico das rochas metaígneas da sequência metavulcanossedimentar Riacho dos Machados, Bloco Porteirinha, Orógeno Araçuaí(UFVJM, 2020) Leal, Victor Luiz Silva; Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Barbuena, Danilo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Oliveira, Elson Paiva de; Tedeschi, Mahyra FerreiraBasaltos constituem o principal produto do vulcanismo na superfície terrestre, estando presente em uma grande variedade de ambientes geotectônicos. Compreender as particularidades deste magmatismo é essencial para a identificação e investigação da tectônica paleoambiental. O paleocontinente São Francisco-Congo é composto por núcleos arqueanos que foram amalgamados durante o paleoproterozoico, dando origem a arcos magmáticos siderianos-orosirianos. Registros dessas rochas estão preservados nos crátons São Francisco e Congo e nos embasamentos de seus orógenos neoproterozoicos marginais. No Bloco Porteirinha, um dos domínios arqueanos que compõem o embasamento do Orógeno Araçuaí, encontra-se a Sequência Metavulcanossedimentar Riacho dos Machados (SMRM). A porção metassedimentar dessa sequência é representada por xistos metapelíticos intercalados com formações ferríferas bandadas, metacherts e rochas cálcio-silicáticas. Xistos quartzo-feldspáticos são interpretados por alguns autores como sendo de protólito vulcânico ácido a intermediário. Associações de rochas metamáficas e metaultramáficas ocorrem nas unidades basais da sequência. As rochas metamáficas são constituídas principalmente por corpos anfibolíticos estirados segundo à foliação principal. Horneblenditos ocorrem como bandas centimétricas a métricas nos anfibolitos, enquanto epidoto-clorita-albita-actinolita xistos estão localizadas na porção oeste da sequência. As rochas metaultramáficas ocorre como lentes xistificadas contendo serpentina, clorita, tremolita e talco em proporções variadas. Análises de química mineral em microssonda eletrônica, apontam composição variando de Mg-horneblenda a Mg-tschemarquita para os anfibólios das rochas máficas, enquanto que a composição dos plagioclásios predominantemente varia entra albita e andesina. Nas rochas metaultramáficas todos os anfibólios foram classificados como tremolita e as os cristais de clorita como clinocloro. A partir das análises geoquímicas de rocha total, as rochas metamáficas foram agrupadas em duas categorias. As do Tipo I são basaltos toleíticos, apresentam afinidade T-MORB com padrão horizontal nos REE e enriquecimento de La, Rb e Cs. As rochas do Tipo II são classificas como basaltos toleíticos a cálcio-alcalinos, apresentam assinaturas de arco com enriquecimento nos LILE e LREE, e anomalias negativas de Nb, Ta, Zr, Ti e P. As rochas metaultramáficas foram classificadas como metakomatiitos, apresentando enriquecimento nos LREE e padrão em ‘zigzag’ nos diagramas spider multielementares. Análises geocronológicas UPb (LA-SF-ICP-MS) em zircão , conduzidas no horneblendito RM002B, apontam uma idade de cristalização concordante em 2.071 ± 10 Ma, e zircões herdados com uma idade discordante com intercepto superior em 2922 ± 22 Ma e intercepto inferior em 473 ± 48 Ma. A localização da SMRM e a idade de cristalização obtida, sugerem que essas rochas estão associadas ao contexto evolutivo da Arco Magmático do Oeste da Bahia (AMOB), que teria sido edificado entre o sideriano e o orosiriano. A composição híbrida das rochas metamáficas, com assinaturas de MORB e de arco, apontam para um magmatismo de bacia back-arc. Essa hipótese implica que em 2.07 Ga o AMOB estava sob um regime acrescionário. Além disso, a presença de zircões herdados indica que essa bacia de back-arc desenvolveu-se em substrato continental. Dois eventos tectônicos termais afetaram essas rochas. O evento riaciano-orisiriano metamorfizou a sequência em fácies epidoto-anfibolito, e provavelmente foi o responsável pela percolação dos fluidos auríferos da Mineração Riacho dos Machados. Já durante o Ciclo Brasialiano, de idade neoproterozoica, essas rochas foram retrabalhadas e localmente retrometamorfisadas em fácies xisto verde.Item Os plútons Amaros e Dois Córregos: magmatismo Mesoarqueano e Orosiriano no norte do Bloco Guanhães, Orógeno Araçuaí(UFVJM, 2022) Morais, Geysianne Ferreira de; Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Barbuena, Danilo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Bersan, Samuel Moreira; Silva, Marco Antonio Delinardo daRochas graníticas são os litotipos mais comuns que formam as massas continentais da Terra e o estudo da ocorrência, composição e gênese dessas rochas fornece importantes evidências para a compreensão do crescimento da crosta continental e, consequentemente, dos ciclos supercontinentais ao longo da história da Terra. No extremo norte do Bloco Guanhães (BG) foi identificado a ocorrência de rochas graníticas em uma extensa região, até então, mapeada como unidades metassedimentares nos mapas geológicos regionais. O Bloco Guanhães é um dos blocos de embasamento do Paleocontinente São Francisco – Congo, remobilizados no interior do Orógeno Araçuaí. Apesar de preservar elementos da formação dos primeiros supercontinentes do nosso planeta, devido ao escasso acervo de dados geológicos disponíveis, o comportamento do Bloco Guanhães ao longo desses eventos tectônicos ainda é pouco compreendido. Tendo em vista a importância do estudo de rochas graníticas para a compreensão da evolução crustal, este trabalho de mestrado teve como objetivo o mapeamento e investigação a respeito da gênese e significado tectônico das rochas graníticas, recém identificadas, no extremo norte do BG. Para auxiliar nos trabalhos de mapeamento geológico foi feito o processamento e interpretação de dados aerogeofísicos. Esses dados permitiram a delimitação das rochas graníticas já identificadas e a descoberta de mais um plúton granítico, também em regiões mapeadas como unidades metassedimentares. Já para a investigação petrogenética dessas rochas, foram realizadas análises petrográficas, geoquímicas e geocronológicas. A integração dos dados obtidos neste trabalho permitiu a individualização das rochas graníticas da porção norte do BG em três grupos distintos: i) Complexo Guanhães; ii) Plúton Amaros; e iii) Plúton Dois Córregos. As rochas do Complexo Guanhães compreendem muscovita-biotita gnaisses, hornblenda-biotita gnaisses e clinopiroxênio-hornblenda-biotita gnaisses. Essas rochas apresentam características químicas distintas, sendo que os hornblenda-biotita gnaisses se assemelham às rochas da série TTG e os muscovita-biotita gnaisses aos granitoides híbridos do arqueano tardio. O Plúton Amaros, com idade de cristalização em c. 2916 Ma e metamorfismo em c. 531 Ma, definidas através de datação U-Pb em cristais de zircão, é o primeiro registro de magmatismo mesoarqueano delimitado e detalhado no BG. Esse plúton é composto por meta- biotita sienogranitos com muscovita. Essas rochas são cálcio-alcalinas de alto K, magnesianas e peraluminosas, mostram enriquecimento em LREE em relação aos HREE, vales em Eu, enriquecimento em LILEs e vales em Nb, Sr, P e Ti, e foram interpretadas como produto da fusão parcial de uma crosta félsica mais antiga com assinatura TTG. Magmatismo mesoarqueano semelhante foi descrito no Bloco Porteirinha, domínio de embasamento a norte do Bloco Guanhães, e abre questionamentos sobre uma conexão entre os dois blocos. O Plúton Dois Córregos é composto por meta- biotita sienogranitos com hornblenda, com idade de cristalização em c. 2045 Ma, definida através de datação U-Pb em cristais de zircão. Essas rochas são álcali-cálcicas a alcálicas, variam de magnesianas a ferroanas e peraluminosas a metaluminosas. Mostram enriquecimento em LREE em relação aos HREE, vales pouco pronunciados em Eu, enriquecimento em LILE e HFSE e vales em Sr, P e Ti. Através das características químicas e petrográficas o Plúton Dois Córregos foi interpretado como produto da fusão parcial de rochas metassedimentares da base da crosta continental espessada em um ambiente tardi- orogênico. Essa configuração tectônica é corroborada pela idade de cristalização do plúton, condizente com o cenário tectônico regional, e enquadra o Plúton Dois Córregos no Sistema Orogênico Minas-Bahia, através do qual vários blocos arqueanos foram acrescidos diacronicamente resultando na amalgamação do Paleocontinente São Franciso-Congo.Item Os plutóns Felício e Mercês: registros da orogênese Riaciana-Orosiriana no bloco Guanhães(UFVJM, 2019) Grochowski, Julia Dias; Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Novo, Tiago Amâncio; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Amaral, Matheus Henrique Kuchenbecker do; Viana, Rúbia Ribeiro; Tedeschi, Mahyra FerreiraAs rochas graníticas que ocorrem na região norte do bloco Guanhães - um dos blocos do embasamento presentes no Orógeno Araçuaí - foram pioneiramente investigadas no início do século XX, e desde então eram consideradas como parte de um único corpo ígneo, identificado como Batólito Rio Itanguá nos mapas geológicos regionais. No âmbito deste projeto de mestrado, investigações de campo e análises petrográficas e geofísicas subsidiaram a subdivisão dessas rochas em dois diferentes plútons - nomeados como Felício e Mercês - bem como uma revisão de sua área de ocorrência. O Plúton Felício contém granodioritos mesocráticos de granulação fina, com a mineralogia principal composta por biotita, plagioclásio, K-feldspato, epidoto e quartzo, e allanita, apatita, titanita e zircão como minerais acessórios. Essas rochas são metaluminosas, de baixo potássio, magnesianas e cálcicas a calc-alcalinas, para as quais foi obtida uma idade de concórdia U-Pb em zircões de 2151 ± 12 Ma. O Pluton Mercês, por sua vez, contém monzogranitos e sienogranitos de granulação fina a média, leucocráticos e com variedades porfiríticas e equigranulares. Os principais minerais constituintes dos monzogranitos são biotita, muscovita, plagioclásio, K-feldspato e quartzo, e dos sienogranitos são quartzo, K-feldspato, hornblenda e plagioclásio. Essas rochas são ricas em potássio, peraluminosas, ferroanas e alcálicas a álcali-cálcicas, cujos dados apresentaram uma discórdia com interceptos superior de 2014 ± 11 Ma e inferior de 539 ± 13 Ma, interpretados como idade de cristalização e metamorfismo, respectivamente. Apesar de terem assinaturas geoquímicas e geocronológicas distintas, os plútons Felício e Mercês apresentam algumas características comuns, como o enriquecimento em LILE, ETR leves e elementos HFS altamente incompatíveis, além de anomalias negativas de Ti, Ta, Nb, e P, o que pode indicar uma fonte comum para os magmas que deram origem aos dois plútons. As idades de cristalização dos plutons são compatíveis com o evento orogênico Paleoproterozóico que amalgamou o paleocontinente São Francisco-Congo, que apresenta registros dentro do cráton São Francisco e em blocos do embasamento contidos no Orógeno Araçuaí. O Plúton Felício é atribuído ao estágio acrescionário do evento, apresentando possível correlação com o Arco Mantiqueira. Por sua vez, o Plúton Mercês está relacionado ao estágio tardi a pós-colisional da orogenia, contemporâneo ao processo de colapso gravitacional da cadeia de montanhas. Sugere-se que a cunha mantélica metassomatizada por fluidos provenientes da desidratação da litosfera subductada tenha atuado como fonte para ambos os plútons, ao passo que a espessa crosta continental resultante da colisão parece ter atuado como fonte secundária do magma que originou o Plúton Mercês. Pela primeira vez, registros da orogenia Paleoproterozóica são relatados no bloco Guanhães. Essas informações contribuem para o aumento do nosso conhecimento de processos tectônicos que levaram à agregação do bloco continental São Francisco-Congo, uma peça chave no cenário Pré-Cambriano global.