Evolução estratigráfica e quimoestratigráfica (C, O, Sr) da borda sul do aulacógeno de Pirapora (Cráton do São Francisco), a partir de dados de subsuperfície
Date
2019
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
Aulacógenos são riftes abortados comumente preservados em domínios cratônicos, que
podem ser sucessivamente reativados ao longo do tempo, registrando assim, evidencias
sedimentares, climáticas e tectônicas a respeito da evolução de seu continente hospedeiro. No
Cráton do São Francisco – umas das peças chave da geologia precambriana da América do
Sul – dois aulacógenos registram sucessivos ciclos da Bacia do São Francisco ocorridos entre
o Paleoproterozóico e o Neoproterozóico. Um deles, o aulacógeno de Pirapora, está quase
inteiramente coberto por rochas sedimentares neoproterozóicas e mesozóicas, e por isso
permanece quase sem estudos. Com base em dados de subsuperfície não publicados,
recentemente adquiridos, pela primeira vez descrevemos três sequencias de 1ª ordem,
Espinhaço-Superior, Macaúbas e Bambuí, limitadas por discordâncias erosivas, depositadas
na margem sul da Bacia do São Francisco. A sequência de 1a ordem basal Espinhaço-Superior
registra a reativação Steniana do aulacógeno, e engloba fácies siliciclásticas e carbonáticas
arranjadas em tendência progradacional. Um intervalo basal siciliciclástico rico em matéria
orgânica foi reconhecido como um forte candidato a rocha fonte no sistema petrolífero
precambriano da Bacia do São Francisco, reforçado pela presença de dolomitas em
sela/barrocas e betume residual. Pela primeira vez, dois diamictitos sobrepostos foram
descritos na mesma seção dentro da Bacia do São Francisco. A Formação Jequitaí, a mais
antiga, provavelmente representa um registro da glaciação sturtianacriogeniana, e está
correlacionada a sequência de 1ª ordem Macaúbas, enquanto o diamictito mais jovem é
atribuído à Formação Carrancas (sequência de 1ª ordem Bambuí). A Formação Jequitaí foi
submetida a alteração pós-deposicional pedogênica/freática, anterior a deposição da sequência
sobrejacente, indicada por feições petrográficas e valores isotópicos de C e O. A Formação
Carrancas, por outro lado, compreende depósitos diamictíticos maciços, cobertos por
carbonados de capa da Formação Sete Lagoas, e tem sido considerada um registro da
glaciação ediacarana tardia. A sequência de 1ª ordem Bambuí compreende uma plataforma
siliciclástica-carbonática, arranjadas em um Trato de Sistema Transgressivo de 2ª ordem,
correlata ao Intervalo-Quimioestratigráfico-1 e base do Intervalo-Quimioestratigráfico-2, e
uma Trato de Sistema de Mar Alto, que está em acordo com as correlações intrabasinais. Na
Formação Sete Lagoas, os estromatólitos associados a valores negativos de δ13C, descritos
após o diamictito, podem ser o registro precoce da atividade biológica na bacia. Dois intervalos aragoníticos registram diferentes processos de supersaturação na água do mar, e
ambos produzem maiores relações Sr/Ca em relação a seções adjacentes, as quais apresentam
as maiores razões Mg/Ca. Processos diagenéticos precoces poderiam estar condicionados
pelos parâmetros ambientais predominantes no momento da deposição. Os dados também
esclarecem a evolução diagenética do aulacógeno de Pirapora através dos três estágios de
reativação, que parecem ter forte influência pelo arcabouço estrutural da bacia. Um estágio
hidrotermal tardio, relacionado ao fraturamento tectônico ocorrido durante o seu último ciclo
de reativação, causou remobilização da matéria orgânica e percolação de fluido enriquecido
em Fe, indicando o potencial de tal unidade para os sistemas petrolíferos e metalogenéticos da
Bacia do São Francisco.
Description
Na Ficha Catalográfica consta o nome: Matheus Kuchenbecker - Orientador.
Texto da obra em outro idioma (Inglês): p. 12-84.
Texto da obra em outro idioma (Inglês): p. 12-84.
Keywords
Citation
MATOS, Lara Carneiro. Evolução estratigráfica e quimoestratigráfica (C, O, Sr) da borda sul do aulacógeno de Pirapora (Cráton do São Francisco), a partir de dados de subsuperfície. 2019. 91 p. Dissertação (Mestrado em Geologia) – Programa de Pós-graduação em Geologia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2019.