Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Permanent URI for this communityhttps://repositorio.ufvjm.edu.br/communities/1efbe8c9-f03c-44d3-8028-d62de805b8fa
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - PRPPG/UFVJM - tem a finalidade de apreciar, coordenar, auxiliar, deliberar e homologar as atividades de Pesquisa, Pós-Graduação e inovação da Instituição. A PRPPG possui um orgão de deliberação denominado Conselho de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG. A "Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação" é constituída pela Diretoria de Pesquisa e pela Diretoria de Pós-Graduação no campus sede da UFVJM e pelas diretorias de Pesquisa e de Pós-Graduação dos campi fora de sede.
Browse
9 results
Search Results
Item Bioestimulante Florestal: caracterização de microrganismos promotores de crescimento e seu uso na produção de mudas de eucalipto(UFVJM, 2023) Abreu, Caique Menezes de; Grazziotti, Paulo Henrique; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)O uso de microrganismos simbiontes, como fungos ectomicorrízicos e bactérias, tem sido uma alternativa promissora na produção vegetal e na ciclagem de nutrientes. Para o desenvolvimento de propriedade industrial, patentes e de dispersão de possíveis bioinsumos é necessário que haja caracterização genética destes microrganismos e estudo de dispersão geográfica, bem como a otimização do processo tecnológico por meio da experimentação dos bioinsumos em diferentes genótipos. Um dos desafios na implementação de biotecnologias microbianas na produção de bioenergia a partir de florestas é a inadequada compreensão dos mecanismos e modo de ação dos micro-organismos simbiontes. Para superar essa dificuldade, objetivou identificar as espécies de fungos ectomicorrízicos e bactérias, determinar o potencial de dispersão geográfico e a interação entre bactéria, fungo e planta para a promoção de crescimento de estacas de eucalipto na formação de mudas comerciais. Neste trabalho, o material genético de 28 fungos e 17 estirpes bacterianas isolados em cultivos comerciais de eucalipto no cerrado da Biosfera da Serra do Espinhaço Meridional foram submetidos a sequenciamento de regiões conservadas de 28S rRNA e 16S rRNA, para identificação e diversidade do acervo microbiano. Para criação de um modelo probabilístico de dispersão geográfica dos isolados fúngicos foi utilizado o algoritmo CLIMEX para projeções de 2020 a 2080, prospectando o cenário de bioinsumo com base nas plataformas de propriedade industriais no período de 1982 a 2023. Para formulação de inoculante, foram realizadas analises de atividade enzimática bacteriana, e as possibilidades de co-inoculação via compatibilidade entre bactérias e fungos, para filtrar as espécies com máximo potencial biotecnológico para inoculação em estacas de eucalipto. A produção de inoculantes bacterianos a partir de estirpes de Enterobacter hormaechei, Enterobacter asburiae, Paraburkholderia tropica e Paraburkholderia phenazinium, foi adicionada ao veículo carboximetilcelulose:amido e o inoculante contendo Pisolithus microcarpus foi preparado a partir de esferas de alginato de cálcio. A co-inoculação desses organismos foi utilizada para avaliar a promoção do crescimento de mudas de híbridos de eucalipto. O experimento foi instalado em blocos casualizados, em esquema fatorial 6 x 2 (+1), incluindo inoculação bacteriana de cada espécie, mix bacteriano (contendo as quatro estirpes), veículo (CMC:amido), com e sem inoculação da mistura de três isolados de Pisolithus microcarpus (D5, D17 e D63), com adubação reduzida (quanto de redução) de P-N em híbrido espontâneo de Eucalyptus cloeziana e E. urophylla x E. grandis, além de um tratamento adicional de alta dose de P-N (colocar a dose). Para determinação da promoção do crescimento, foram analisados aos 45 e 90 dias aspectos ecofisiológicos, nutricionais e microbiológicos das mudas. Os fungos ectomicorrízicos foram identificados como P. microcarpus com padrão morfológico variável conforme o seu habitat, com período de frutificação no outono-inverno brasileiro, em solos distróficos no Bioma de Cerrado. A diversidade genética atribui-se às diferenciações nucleotídicas existentes entre os isolados e não em relação à distância geográfica dos isolados. Podendo ser distribuídos em regiões Tropicais e Temperadas em todo o mundo, podendo sofrer deslocamento das áreas potencialmente de distribuição do nicho ecológico no Brasil e no mundo até o ano de 2080. Possuem interação intraespecífica com 100,0 % de compatibilidade e interação interespecífica de 80,0 % com as estirpes bacterianas, indicando um grande potencial para co-inoculação. A E. huaxiensis inibiu os cinco isolados fúngicos, possivelmente por produção de substância antifúngico. A estirpe P. phenazinium inoculada com o isolado D17 proporcionou o maior crescimento micelial, 24,0 % em relação ao controle, demonstrando a melhor interação de compatibilidade observada. O comportamento ecofisiológicos das plantas foram moduladas pelo tipo de co-inoculação em baixa dose de fertilização, promovendo mudas com alta qualidade fisiológica e padrão de comercialização igual ou superior ao padrão de produção de mudas com altas doses de fertilização. As estirpes E. hormaechei, E. asburiae, P. tropica e P. phenazinium e o Pisolithus microcarpus são potenciais recursos microbianos na formulação de novos inoculantes para reduzir o uso de fertilizantes fosfatados e nitrogenados. A replicabilidade e validação em épocas diferentes aos executados serão necessárias para determinar o potencial de crescimento das plantas de eucalipto.Item Potential risk of invasive Ophelimus eucalypti (Hymenoptera: Eulophidae) in the present and under predicted climate change(UFVJM, 2023) Farnezi, Priscila Kelly Barroso; Silva, Ricardo Siqueira da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Silva, Ricardo Siqueira da; Veloso, Ronnie Von dos Santos; Soares, Marcus Alvarenga; Oliveira, Ruan Carlos de MesquitaOphelimus eucalypti, conhecida como vespa-da-galha, é nativa da Austrália e causa danos aos plantios de eucalipto devido ao intenso desfolhamento e redução da qualidade da madeira. A espécie ainda é pouco disseminada pelo mundo, no entanto está sob risco de invasão em algumas regiões. Para traçar estratégias para evitar invasões biológicas em países que ainda não ocorrem, é fundamental conhecer os fatores ambientais que influenciam na sobrevivência e estabelecimento de uma espécie. Portanto, objetivamos elaborar modelos de distribuição espaço-temporal de O. eucalypti através do software de modelagem CLIMEX, afim de identificar regiões com condições ambientais favoráveis para a espécie no tempo atual e para os anos de 2050 e 2100, além de, avaliar o índice de crescimento semanal (GIw) para o Brasil e identificar as variáveis que mais influenciam na adequabilidade da espécie. Foram identificadas trinta e cinco ocorrências do inseto pelo mundo, não havendo registros no continente americano. Os modelos sugerem que grande parte das regiões das Américas têm condições adequadas para o desenvolvimento de O. eucalypti, com destaque América Central e do Sul, que apresentam áreas com alta aptidão climática. Para condições climáticas futuras nos anos de 2050 e 2100, os modelos indicam de forma geral uma redução das áreas aptas. Já para avaliação sazonal demonstraram que o Brasil possui adequação climática para a espécie durante a maior parte do ano. A análise de sensibilidade demonstra que a temperatura e as taxas de estresse influenciam na distribuição das espécies nas regiões do mundo.Item Caracterização molecular e modelagem de nicho ecológico para Bedellia somnulentella (Zeller, 1847) (Lepidoptera: Bedelliidae), praga foliar de batata doce(UFVJM, 2022) Santos, Marinalva Martins dos; Soares, Marcus Alvarenga; Costa, Márcia Regina da; Silva, Ricardo Siqueira da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Soares, Marcus Alvarenga; Melo, Janaína de Oliveira; Azevedo, Alcinei Místico; Santos, ThiagoBedellia somnulentella é praga invasiva e com novos registros no território brasileiro alimentando-se de Ipomoea batatas, a batata doce. I. batatas pode proporcionar segurança alimentar e pode amenizar a crise de alimentos pós-pandemia da COVID-19. Este estudo apresenta a caracterização molecular e um exercício de modelagem mecanicista para previsão de riscos globais atuais e futuros de invasão da praga B. somnulentella alimentando-se em I. batatas. Extração e sequenciamento do DNA do gene COI mitocondrial (região COI 5’) de B. somnulentella foram realizadas, analisadas e comparadas com as sequências NCBI e BOLD Systems (Barcode of Life Data Systems). Árvores filogenéticas foram construídas para análise da distribuição biogeográfica e incursões da praga. Para identificar e prever riscos globais de invasão da praga, modelos no software CLIMEX foram projetados. A análise da sequência barcoding do gene COI rotulada como 2_H04.seq identificou o organismo como da espécie Bedellia somnulentella (Zeller, 1847) (Lepidoptera: Bedelliidae), corroborando a indicação prévia feita por análise morfológica, e confirmando sua introdução recente em Diamantina, Minas Gerais, Brasil. As projeções para a praga indicaram que mudanças climáticas poderiam reduzir áreas de alta aptidão na faixa paralela de latitude 0°, o equador. Por outro lado, as regiões temperadas nos paralelos com latitudes acima de 30°S e 30°N podem aumentar o stress quente e húmido e tornarem-se mais adequadas para esta praga. Este levantamento é baseado apenas em dados meteorológicos. Os dados aqui apresentados são úteis para o desenvolvimento de políticas, estudos e estratégias para o manejo da praga B. somnulentella no campo. É importante que organizações de planejamento agrícola e alimentar em vários países façam planos estratégicos e de longo prazo para evitar perdas por ataques de B. somnulentella.Item Modelling the climate suitability of Striga asiatica: a potential invasive weed of cereal crops(UFVJM, 2021) Araújo, Fausto Henrique Vieira; Silva, Ricardo Siqueira da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Silva, Ricardo Siqueira da; Santos, Abraão Almeida; Silva, Alexandre Ferreira da; Veloso, Ronnie Von dos SantosStriga asiatica, também, conhecida como erva-bruxa-asiática, é nativa da África Subsaariana e Ásia tropical. É uma planta daninha hemiparasita obrigatória de monocotiledôneas (arroz, milho, sorgo e trigo), por isso é um dos maiores problemas na produção de alimentos na África e uma ameaça para os países produtores de cereais da América e Europa. Um dos principais fatores que afeta a ocorrência dessa planta, são as variáveis climáticas. Fatores ambientais que explicam a ocorrência e previsões de áreas adequadas para S. asiatica são fundamentais para elaborar estratégias preventivas à entrada da praga em países ainda sem ocorrência. Deste modo, objetivamos elaborar modelos de distribuição espaço-temporal de S. asiatica usando o software de modelagem CLIMEX, para identificar regiões com clima favoráveis para a espécie no tempo atual e para os anos de 2050 e 2100, bem como, avaliar o índice de crescimento semanal (GIw) no Brasil. Os modelos propostos, sugerem que condições quentes e moderadamente secas, típicas da África e países como Brasil, sejam mais adequadas para o desenvolvimento de S. asiatica. Os países com maior risco de invasão de S. asiatica estão localizados na América do Sul e Europa. As projeções para os cenários de mudanças climáticas, apontam para uma expansão das áreas adequadas a planta daninha em 24,90% até o ano de 2100. Os modelos para avaliação sazonal demonstraram que elevadas precipitações, além dos períodos secos e frios comuns de regiões tropicais, causam impacto negativo no GIW para S. asiatica. A ocorrência de S. asiatica é associada a condições de chuva irregulares. De modo geral, quando associamos períodos com precipitação máxima de 53 mm por semana e temperatura acima de 20 ºC, o GIW se aproxima do índice ótimo, para todas as regiões avaliadas, indicando a influência da umidade do solo e temperatura. Na região Sudeste e Nordeste foram os locais com maior potencial de adequação para S. asiatica.Item O papel de distúrbios sobre a estabilidade de comunidades florestais na Amazônia: integrando modelagem e sensoriamento remoto(UFVJM, 2021) Faria, Bruno Lopes de; Rech, André Rodrigo; Dantas, Vinícius de Lima; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Rech, André Rodrigo; Silva, Bruno Vilela de Moraes e; Lopes, Emerson Delano; Mucida, Danielle Piuzana; Baronio, Gudryan JacksonAs interações entre desmatamento, seca, fogo, extração de madeira e efeitos de borda têm causado incêndios florestais com alta intensidade e em extensas áreas, favorecendo a degradação florestal acelerada em grandes porções da Amazônia. Estes distúrbios aumentam direta e indiretamente a inflamabilidade da floresta. Diretamente eles promovem um microclima mais seco e reduzem a umidade do material combustível. Enquanto que indiretamente influenciam na diminuição da umidade do solo desencadeando a perda de biomassa viva, como a queda de folhas e a mortalidade de árvores, o que contribui para o aumento do material combustível. Esses efeitos diretos e indiretos podem causar incêndios florestais mais abrangentes e intensos com maior impacto nos estoques de carbono florestal da Amazônia influenciando no ciclo de carbono global. Estes processos tendem a se intensificar em cenários de mudanças climáticas sendo mais frequentes e intensos à medida que o clima global muda. Além disso, esta degradação pode expor grandes áreas de floresta à invasão por gramíneas que podem promover transições para florestas degradadas pobres em espécies e com estrutura similar a uma savana. No entanto, nossa capacidade de prever os locais na Amazônia que são mais vulneráveis a essas transições ainda é reduzida. Para este fim, expandimos e aperfeiçoamos um modelo ecossistêmico de fogo acoplado para melhor representar como a seca, as mudanças climáticas e os efeitos de borda associados ao desmatamento podem afetar a probabilidade de invasão de gramíneas após um incêndio florestal na Amazônia. Buscamos também identificar onde as retroalimentações provocadas pelas interações fogo-gramíneas podem promover a persistência de florestas degradadas com estrutura similar a uma savana, mantido pela recorrência de fogo. Em condições climáticas atuais, 14% da Amazônia é vulnerável à invasão de gramíneas, com o sudeste sendo a região mais vulnerável. Sob cenário de mudanças climáticas, até o final do século, cerca de 21% da Amazônia apresenta alta probabilidade de invasão de por gramíneas após fogo. Nossos resultados também indicam que em cerca de 3% da Amazônia (mais de 100.000 km2), os intervalos de retorno do fogo já são mais curtos do que o tempo que seria necessário para o fechamento do dossel, implicando em um alto risco de uma mudança irreversível para uma degradação mantida pelo fogo. Embora a resiliência na regeneração do dossel seja evidente em áreas com baixa frequência de fogo, o aumento de sua frequência pode inibir a regeneração do dossel e favorecer a aproximação de um ponto de inflexão para algumas partes da Amazônia, fazendo com que grandes áreas de floresta façam a transição para uma floresta degradada com baixa cobertura de árvores. Ademais, nossas simulações de crescimento florestal também sugerem que regiões gravemente afetadas pelos distúrbios e suas sinergias podem ter perda significativa de biomassa, levando dezenas de anos para sua recuperação integral. Os valores máximos atingem 184 anos para recompor o estoque de carbono inicial. Nosso estudo mostra como modelos, combinados com dados de sensoriamento remoto, podem ser usados como ferramentas para complementar os estudos de campo sobre a recuperação florestal, possibilitando avaliar em escalas mais largas a dinâmica espacial e temporal dos processos de recuperação florestal. Isso contribui para o planejamento, decisão e formulação de políticas de mitigação e adaptação as ameaças presentes na Amazônia atual e futuramente.Item Inventário do ciclo de vida da produção de biodiesel utilizando macaúba como fonte de matéria-prima(UFVJM, 2021) Rodrigues, Artur Saturnino; Santos, Alexandre Soares dos; Veloso, Ronnie Von dos Santos; Evaristo, Anderson Barbosa; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Santos, Alexandre Soares dos; Santos, Sandro Luiz Barbosa dos; Silva, Ricardo Siqueira da; Lopes, Emerson DelanoA macaúba (Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd.) é uma das espécies mais promissoras para inserção na cadeia de produção de óleos vegetais para biocombustíveis em diversos biomas do território brasileiro. No entanto, a viabilidade de uso desta espécie na cadeia de produção de biocombustíveis não depende somente de suas características produtivas, mas também da eficiência ambiental e energética de sua produção. O aumento da oferta de matéria-prima proveniente da macaúba depende, principalmente, da expansão de áreas plantadas com a espécie, representando um risco adicional a diversas categorias de impactos ambientais. Desta forma, esta dissertação tem como objetivo realizar um Inventário do Ciclo de Vida (ICV) da produção de biodiesel utilizando o óleo da macaúba como fonte de matéria-prima. Foi avaliado, um sistema de agricultura convencional. O sistema para este estudo foi definido como o conjunto de operações necessárias para produção de Biodiesel. O Inventário foi realizado utilizando como referência a norma ISO 14040, o Sistema Internacional de Referência de Dados de Ciclo de Vida de Produtos e Processos e artigos científicos relacionados a trabalhos de ICV e também o programa OpenLCA® com a base de dados do EcoInvent 3.7®. Os resultados deste trabalho apresentaram que um litro de Biodiesel de Macaúba equivale a 12,198 MJ/L ou ainda 13,752 MJ/Kg e um balaço energético positivo de 25,24 MJ/Kg. Já nos cenários GTP 20a e GTP 100a uma equivalência de 3,810 kg CO2 – Eq e 2,381 kg CO2-Eq por litro de Biodiesel produzido, com uma produção média anual de 6.599,30 litros de biodiesel. Este trabalho constitui uma importante fonte de dados para estudos de Avaliação do Impacto Ciclo de Vida (AICV) de sistemas de produção de biodiesel a partir de oleaginosas.Item Reconstituição paleoambiental do norte de Minas Gerais através da Vereda Pau Grande, Parque Nacional Grande Sertão Veredas - MG(UFVJM, 2020) Trindade, Rosália Nazareth Rosa; Horák Terra, Ingrid; Silva, Alexandre Christófaro; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Horák Terra, Ingrid; Terra, Fabrício da Silva; Barral, Uidemar MoraisO interesse por desvendar a história pretérita tem motivado o estudo de ambientes que preservam sequências de acúmulo de matéria orgânica, o que faz das veredas excelentes arquivos do paleoambiente e do paleoclima. Caracterizadas pela presença da palmeira buriti, e ocorrendo especialmente dentro do bioma Cerrado, as veredas encontram-se encaixadas ao longo de vales pouco profundos sobre as chapadas e chapadões do Brasil central. Poucos são os estudos de reconstituição que utilizam registros deste ambiente, e escassos são os conhecimentos para esta região. Sendo assim, o objetivo geral deste trabalho foi estudar um testemunho de solo da vereda Pau Grande (PG), inserida no Parque Nacional Grande Sertão Veredas (Chapada Gaúcha-MG), com fins de reconstituir o cenário pretérito da região norte de Minas Gerais, em uma abordagem multi-proxy, incluindo a obtenção de dados polínicos e geoquímicos (elementar e isotópico) combinados com estratigrafia, datações 14C e estatística multivariada. A idade mais antiga, obtida da base do material orgânico do testemunho, foi de 33.347 anos cal AP, indicando que a formação do solo orgânico deu-se a partir do Pleistoceno Tardio. A partir da análise conjunta dos proxies, foi possível inferir cinco principais fases de mudanças paleoambientais. Fase I, entre ~34.000 - 27.408 anos cal AP, indicando alta instabilidade na bacia da vereda (momentos de forte erosão no local), alternâncias das vegetações com plantas C4 (típicas de um ambiente mais seco e mais aberto) e vegetações com mistura C3+C4 o que infere um clima seco nessa fase. Fase II, ~27.408 - 11.182 anos cal AP, englobando o Último Máximo Glacial (UMG), apresentou sinal essencialmente de plantas C4, rebaixamento do lençol freático e aumento da relação C/N, sugerindo que provavelmente o ambiente foi mais seco nesta fase em comparação à Fase I (e também o mais seco do registro Pau Grande). Fase III, ~11.182 - 6.043 anos cal AP, abrangendo a transição Pleistoceno-Holoceno inferior e Holoceno médio em que o ambiente no geral foi mais úmido em relação às fases anteriores II e I, devido ao sinal δ13C evidenciar um provável aumento de plantas C3, aumento da matéria orgânica, presença de uma matéria orgânica mais humificada e mais halogenada e redução das taxas de decomposição da matéria orgânica. Fase IV, ~6.043 - 1.291 anos cal AP, incluindo o Holoceno médio até o Holoceno superior, caracterizando a fase mais úmida dos últimos 34 mil anos, com o maior predomínio de plantas C3, vegetação de mata úmida com estrato arbóreo bem desenvolvido, e é o momento mais estável local e regionalmente. Nessa fase houve desenvolvimento expressivo da vereda com a expansão da Mauritia flexuosa (buriti) e Mauritiella armata (xiriri). Fase V, ~1.291 anos cal AP até o presente, onde houve um retorno ao aumento das plantas C4, o aumento mais expressivo de algas, a presença de um Cerrado com a vereda e aumento da instabilidade no ambiente local (retorno a erosão na bacia). Assim houve um ressecamento do ambiente em relação a fase anterior e a presença da vereda pode indicar clima semiúmido e quente, como ocorre atualmente na região. A partir desse estudo houve um melhor entendimento da história evolutiva da paisagem, cujo o conhecimento poderá adicionar novas inferências para o modelo peleoclimático brasileiro e prover informações para o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e para os programas de preservação de veredas.Item Distribuição potencial e propagação vegetativa de gramíneas nativas com enfoque na restauração ecológica(UFVJM, 2019) Oliveira, Paula Alves; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Machado, Evandro Luiz Mendonça; Guimarães, João Carlos Costa; Silva, Ricardo Siqueira da; Mendonça Filho, Carlos Victor; Pereira, Israel MarinhoOs ambientes montanhosos são mais sensíveis às mudanças climáticas do que regiões com altitudes mais baixas. Nestes locais, normalmente, há o predomínio da vegetação gramíneolenhosa com grande abundância de espécies da família Poaceae. Além da ameaça causada pelo aquecimento global, essa vegetação sofre com a pecuária extensiva, turismo, mineração, incêndios e invasão biológica, os quais podem colocar em risco a preservação, conservação e restauração desses ambientes. Diante do exposto, essa tese foi estruturada em três capítulos em formato de artigos. No primeiro capítulo, modelou-se a distribuição potencial de duas espécies de gramíneas nativas Apochloa molinioides e Trichanthecium wettsteinii, para investigar a distribuição potencial destas, nos períodos atual e futuro (2070 nos cenários RCP2.6 e RCP8.5 do IPCC) e determinar as áreas mais adequadas para utilização destas espécies em programas de restauração ecológica no Brasil. Já no segundo capítulo, avaliou-se o efeito do sombreamento e do substrato na propagação vegetativa via resgate de plantas, da Poaceae T. wettsteinii. Por fim, no terceiro capítulo, avaliou-se o estabelecimento da Poaceae nativa A. molinioides após o resgate, sob diferentes reduções foliares (50 e 75%) e estações do ano (outono e primavera), com posterior transplantio em diferentes substratos (Solo local, Solo + adubo, Trimix, Areia + vermiculita, Fibra de coco + vermiculita, Casca de arroz + vermiculita). A modelagem com o Maxent foi eficiente para estimar a distribuição potencial corrente e futura das espécies A. molinioides e T. wettsteinii. Observou-se que as mudanças climáticas poderão acarretar em impactos negativos sobre a distribuição potencial destas espécies, diminuindo a sua área de adequabilidade ambiental para o futuro. As áreas dentro dos limites da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço são as mais propícias para o emprego de A. molinioides e T. wettsteinii em programas de restauração ecológica. Ambas as espécies são resistentes e podem ser propagadas via resgate de plantas. O maior crescimento em altura e peso seco foram encontrados no tratamento em que as plantas foram cultivadas em substrato comercial sob sombreamento de 50%. O acúmulo de nutrientes comportou-se de maneira distinta aos diferentes tratamentos, em que a maioria do nutrientes apresentou valores superiores em plantas sob sombreamento de 50% e cultivadas em substrato comercial. O resgate com o solo local promoveu maior sobrevivência e perfilhamento para as plantas de A. molinioides. No outono a sobrevivência, a altura e o perfilhamento de A. molinioides são beneficiados pela redução foliar de 50% da parte aérea, já na primavera os melhores resultados são obtidos com a redução de 75%.Item Reconstituição paleoambiental utilizando uma abordagem multi-proxy em um registro de turfeira tropical de montanha, Minas Gerais, Brasil(UFVJM, 2018) Costa, Camila Rodrigues; Silva, Alexandre Christófaro; Luz, Cynthia Fernandes Pinto da; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Silva, Alexandre Christófaro; Horák-Terra, Ingrid; Mendonça Filho, Carlos VictorAs turfeiras são ambientes de transição entre os ecossistemas terrestres e aquáticos, formados pela acumulação sequencial de matéria orgânica. Extremamente sensíveis as mudanças nos padrões de precipitação e temperatura, as turfeiras são consideradas verdadeiros arquivos da evolução do ambiente ao seu redor. Nas depressões das áreas dissecadas da Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais, ocorrem ambientes propicios para formação de turfeiras. Dentre elas encontra-se a turfeira do Rio Preto (18°14'5,25"S e 43°19'7,24" WGS, 1.593 m.s.m) inserida no Parque Estadual do Rio Preto. A turfeira do Rio Preto é colonizada por diferentes fisionomias do Bioma Cerrado principalmente o Campo Úmido e Campo Rupestre, sendo encontrados ainda redutos de Floresta Estacional Semidecidual (Capões de Mata). O objetivo deste trabalho foi reconstituir as mudanças paleoambientais ocorridas desde o final do Pleistoceno Tardio. Para isto foi utilizada uma abordagem multi-proxy, consistindo em estratigrafia do perfil do solo da turfeira, análises palinológicas, de isótopos estáveis (13C e 15N), de composição geoquímica e datações radiocarbônicas. A idade mais antiga, obtida da base do testemunho, foi de 23.037 anos cal. AP, indicando que a formação da turfeira se deu a partir do Pleistoceno Tardio. A partir da análise conjunta dos proxys foi possível inferir cinco principais fases de mudanças paleoambientais: RP-I, entre ~ 23.037 e 13.500 anos cal. AP, clima bastante úmido e frio, possibilitando a presença de indicadores de Floresta Montana e o empobrecimento do sinal isotópico. Este foi um período de bastante instabilidade na bacia hidrográfica da turfeira, inferida pelo alto teor de Si, indicador de sinal de material mineral local; RP-II, entre ~13.500 e 11.700 anos cal. AP, ligeiro aumento da temperatura e queda na umidade levando a redução de indicadores de clima frio e a expansão da vegetação campestre. No entanto as condições ainda eram mais úmidas e frias que as atuais, e a indícios de diminuição do sinal de material mineral local; RP-III, entre ~11.700 e 8.500 anos cal. AP, tendência de aumento da temperatura e diminuição da umidade em conjunto com a mudança da vegetação de plantas C3 para C4, causando a forte retração das Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Montana, em conjunto aumento do fluxo de sinal de material mineral local; RP-IV, entre ~8.500 e 7.000 anos cal. AP, condições de clima ainda mais seco e quente, causando o desaparecimento dos indicadores de clima frio, retração do Campo Úmido e expansão do Campo Rupestre. Período de bastante estabilidade da bacia hidrográfica da turfeira, sugerido pelo baixo conteúdo de material mineral; RP-V, de 7.000 anos cal. AP até o presente, clima era novamente mais úmido e temperaturas mais amenas, semelhante às condições atuais, aumento na acumulação de turfa, possibilitando o reaparecimento dos indicadores de Floresta Montana e Floresta Estacional Semidecidual junto com a retração do Campo, e diminuição da entrada de material mineral. Flutuações no clima influenciaram fortemente as mudanças na paleovegetação e na estrutura sedimentar do registro da turfeira do Rio Preto. Devido à importância das turfeiras, não só como arquivo de mudanças paleoambientais, mas também pelos seus serviços ambientais (armazenamento de água e de carbono), estes ambientes precisam ser melhores protegidos.