Pós-Graduação em Ciências Humanas
Permanent URI for this communityhttps://repositorio.ufvjm.edu.br/communities/05d39b96-7bc8-4ec9-b361-17ceb0696cdb
PPGCH - Programa de Pós-Graduação em Ciências Humanas
Browse
2 results
Search Results
Item Lugares e gentes: as relações entre pessoas, paisagens e Arqueologia em Felício dos Santos, Alto Vale do Araçuaí, Minas Gerais – (2010-2019)(UFVJM, 2020) Bispo Júnior, Heitor Alves; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Magnani, Maria Cláudia de Almeida Orlando; Morais, Marcelino dos Santos de; Arcuri, Márcia Maria SuñerEste trabalho buscou estudar as inter-relações entre os moradores de Felício dos Santos, Minas Gerais, e seus ambientes; entendendo como os lugares foram estabelecidos como paisagens ao longo dos anos. Sabe-se que a memória das ocupações indígenas no Vale do Jequitinhonha desapareceu quase por completo em função dos processos de conquista e colonização europeia, que resultou, por exemplo, na ausência de dados sobre o primeiro contato entre europeus e nativos da região. Portanto, buscamos abordar o processo de ocupações humanas no passado e quais suas implicações e permanências no presente, pois, ao longo do tempo os lugares foram transformados em paisagens de acordo com as visões de mundo e necessidades das pessoas que àquela área ocuparam. Foi preciso investigar como as pessoas compreendem e se identificam com o meio onde vivem; quais são as formas de relacionamento estabelecidas com os elementos constitutivos da paisagem regional e quais as ações da sociedade civil e do poder público em prol da salvaguarda dos bens culturais do Município. Para isso, foram retomadas discussões teórico-bibliográficas de áreas interdisciplinares acerca das temáticas da pesquisa. Estudos analíticos foram conduzidos para a interpretação e a contextualização de documentos históricos, imagens fotográficas, mapas cartográficos. Os conteúdos dos questionários e das entrevistas realizadas foram então analisados. Esta pesquisa permite às partes interessadas ampliar os horizontes acerca das ocupações humanas no Vale do Araçuaí para que as políticas de gestão e conservação dos patrimônios culturais sejam efetivamente empregadas nessa região. Considera-se, então, que no dinâmico processo de ocupação humana daquela região os lugares se constituíram em paisagem à medida que os humanos estabeleceram laços identitários com os elementos ao entorno. É, portanto, com o intuito de entender as múltiplas maneiras dos moradores de Felício dos Santos se inter-relacionarem com o meio que se realizou esta pesquisa.Item Espelho de pedra: a estrutura emergente da arte rupestre nas matas do Alto Araçuaí (Felício dos Santos, MG)(UFVJM, 2019) Greco, Wellington Santos; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Paula, Adna Cândido de; Horta, Andrei Isnardis; Suñer, Márcia Maria Arcuri; Pádua, Letícia Carolina TeixeiraForam analisados sete sítios de arte rupestre localizados no município de Felício dos Santos, Alto Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Em perspectiva interdisciplinar, o arcabouço teórico da análise se organizou em três conceitos metodológicos primeiros: estrutura, paisagem e estilo. O seu objetivo central foi a investigação de combinações recorrentes nos painéis tomadas enquanto indicadores de um determinado processo de estruturação, tendo o estilo enquanto premissa e a arte como produção técnica de atribuição simbólica, que é integrante e marca da paisagem. Uma vez que a paisagem ocorre junto à ação, os três conceitos norteadores se fecham em um círculo de análise que se movimenta sob a categoria de arte, sendo, então, todos tomados não só enquanto teoria, mas como método, cumprindo assim a prerrogativa da investigação interdisciplinar. É sobre esse movimento que versa esta dissertação, que tem nos resultados alcançados o veio de discussão. Também se deteve a investigar quais relações podem ser tecidas entre os sítios e os vestígios rupestres buscando observar as particularidades que constituíram e podem ter limitado, condicionado ou orientado a(s) escolha(s) ou padrão(ões) de organização dos painéis rupestres e, assim, da(s) (re)construção(ões) da paisagem. Para tanto, se deteve às figuras, em análise sincrônica e diacrônica, partindo do conceito de estrutura. Posto que essas relações se imbricam e coexistem na constituição e manutenção de um todo coeso e coerente, ainda que dinâmico. Esse movimento também foi analisado e é um dos resultados que se apresenta. A pesquisa se decorreu em três trabalhos concomitantes: atividades de campo, análises em laboratório e estudo bibliográfico. Em campo, o registro da arte rupestre se deu por fotografia e descrição categórica. Cada figura foi detalhadamente analisada em suas características intrínsecas de matéria-prima, cor, técnica de execução, desenho, forma e disposição no painel, em consideração com outras figuras. Essas disposições de localização das figuras no painel também receberam atenção, principalmente em razão de ser a arte rupestre um registro fixado, fator que possibilitou a análise segura sobre as combinações, ainda que, como cumpre ressaltar, apenas sinais estejam na rocha. Por isso, defendeu-se o estudo enquanto análise de símbolos, sob a ênfase de que o que se tem são vestígios e as relações que aconteceram, se deram e ocorrem, foram e são fenomenológicas. Pela aplicação do método, mesmo que a análise não se feche em uma consideração única sobre a arte rupestre dos sítios em questão, os resultados alcançados sob tal abordagem teórica conferem a hipótese da existência de organização comum nos painéis dos sítios estudados, havendo um modo estilístico de composição e conformação da paisagem da Serra baseado em específico dinamismo que possibilita, viabiliza e sustenta determinada estrutura emergente das combinações artísticas. Assim, não apenas se evidencia convenções gráficas, como também elucida acordos culturais conjecturados nos/com/pelos vestígios. Nessa perspectiva, arte e paisagem não foram dialeticamente ou dicotomicamente verificadas, mas entendidas juntas como símbolos ocorrentes em inter-relações fenomenológicas envolvidas. Destarte, uma é tanto e como a outra enquanto aquela for. Mesmo que dividido em três capítulos, um de caráter mais teórico, outro sobre a metodologia desenvolvida e um terceiro de apresentação e discussão sobre os resultados, em suma, todo o texto sublinha o quanto a arte ocorre (também) não presa à rocha, ainda que não (se) exista em movimentos arbitrários e de todo desprendidos. Em razão disso, além de se somarem aos resultados de outras pesquisas e conhecimentos sobre a presença humana pré-contato no Alto Jequitinhonha, acredita-se que os dados gerados podem contribuir com perspectivas teóricas, mantendo a ciência em igual dinâmica no movimento de defesa de sua autonomia e qualidade, via democracia.