PPGREAB - Mestrado em Reabilitação e Desempenho Funcional (Dissertações)

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    Efeitos do uso crônico de palmilhas com cunha medial em indivíduos com pronação excessiva sobre os aspectos cinéticos e cinemáticos: um estudo longitudinal
    (UFVJM, 2019) Vieira, Fernanda Muniz; Trede Filho, Renato Guilherme; Resende, Renan Alves; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Trede Filho, Renato Guilherme; Oliveira, Vinicius Cunha de; Santos, Thiago Ribeiro Teles dos
    Introdução: As palmilhas com cunha medial e suporte do arco longitudinal medial agem como barreira mecânica contra a eversão de calcâneo assim, limitando a pronação excessiva do pé. Devido aos acoplamentos articulares dos membros inferiores, a redução da eversão do calcâneo impede que o joelho e o quadril rode medialmente de forma livre, reduzindo o torque externo eversor de calcâneo, aumentando o torque externo adutor de joelho e reduzindo o torque externo rotador medial de joelho e quadril. Entretanto, a maior parte dos estudos avaliam os efeitos imediatos das palmilhas sobre a biomecânica da marcha, não dando respaldo científico se esses efeitos seriam mantidos com o passar do tempo. Objetivo: Avaliar os efeitos imediatos e a longo prazo do uso de palmilhas com cunha medial na cinemática e cinética dos membros inferiores durante a marcha em indivíduos com pronação excessiva dos pés. Métodos: Dezenove indivíduos com idade média de 27,3 anos, IMC de 21,6 kg/m² e pontuação de 9,87 no Foot Posture Index (FPI) foram recrutados. Os sujeitos realizaram uma caminhada usando uma palmilha intervenção com suporte de arco longitudinal medial e cunha medial de 6º de inclinação no retropé e uma palmilha controle plana. Os dados cinemáticos e cinéticos foram obtidos utilizando um sistema de captura de movimento tridimensional com 9 câmeras (Oqus 3+, Qualisys Medical AB, Gothenburg, Suécia) captando a uma frequência de 200 Hz, sincronizado com três plataformas de força FP4060-08 (Bertec, Columbus, Ohio, EUA) captando a uma frequência de 1000 Hz. Essas coletas foram realizadas em três momentos (T1: coleta imediata; T2: após 6 semanas e T3: após 12 semanas) durante o período de três meses de uso das palmilhas intervenção pelos voluntários. Resultados: Ao utilizar a palmilha intervenção em comparação com a palmilha controle, os voluntários apresentaram uma redução no pico de eversão do calcâneo (p < 0,001, pη2 = 0,72), redução do torque externo eversor de calcâneo (p < 0,001, pη2 = 0,73) e redução na amplitude de movimento no plano coronal (p < 0,001, pη2 = 0,60), tanto no momento imediato quanto a longo prazo. Na articulação do joelho, ao utilizar a palmilha intervenção houve redução no pico de rotação medial (p = 0,015, pη2 = 0,46) e no pico de torque externo de rotação medial (p = 0,001, pη2 = 0,44) durante o primeiro momento (T1) e após seis semanas (T2), deixando de ser significativo após 12 semanas de uso (T3). Houve também um aumento do pico de torque externo adutor de joelho (p < 0,001, pη2 = 0,68), com efeitos imediatos e a longo prazo (T1-T3). No quadril, os voluntários demostraram uma redução no pico de rotação medial (p = 0,002, pη2 = 0,41) e pico de torque externo rotador medial (p = 0,025, pη2 = 0,25) e um aumento do pico de abdução do quadril (p = 0,005, pη2 = 0,37) ao utilizar a palmilha intervenção, entretanto essas diferenças ocorreram somente a longo prazo (T3). Já o pico de torque externo rotador lateral do quadril (p < 0,001, pη2 = 0,61) e o pico de torque externo abdutor do quadril (p = 0,001, pη2 = 0,48) aumentaram ao usar a palmilha intervenção, com efeitos imediatos e a longo prazo (T1-T3). Conclusões: A intervenção por palmilhas com suporte do arco longitudinal medial e cunha medial em comparação a uma palmilha controle modifica a cinemática e cinética dos membros inferiores durante a marcha em adultos com pronação excessiva, reduzindo o pico de rotação medial do quadril a longo prazo e aumentando o torque externo adutor de joelho e diminuindo o pico de eversão do calcâneo, a curto e longo prazo.