Uso de espécies florestais para a fitorremediação de solos contaminados por herbicidas
Date
2019
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
O ser humano opera diretamente nas alterações do ambiente. Para sua permanência no planeta
foi imprescindível a procura por alternativas que viabilizem a eficiência na produção de
alimentos, e o desenvolvimento de tecnologias capazes de tornar a vida mais confortável. No
intuito de manter uma relação proporcional entre a produção agrícola e a demanda da
população, foram necessárias transformações nas técnicas de plantio, com o fim, entre outros,
de minimizar as perdas na produção. A utilização de moléculas herbicidas em mistura e até
mesmo a aplicação sequencial de herbicidas em um único ciclo de culturas, para o máximo de
controle das invasoras tornou-se prática habitual. Neste sentido, mesmo adotando-se todos os
cuidados com a escolha do produto e adequada tecnologia de aplicação, o uso destes
agroquímicos gera resíduos capazes de contaminar solo, água e ar. Dentre os herbicidas mais
utilizados estão, 2,4-D, atrazine, diuron e hexazinona, todos com relatos de contaminação
ambiental, notadamente pelo deslocamento via água. De acordo com a problemática
apresentada objetivou-se com este trabalho verificar a tolerância a herbicidas, de cinco espécies
florestais nativas: Inga vera Willd (Fabaceae), Calophyllum brasiliense Cambess
(Calophyllaceae), Tapirira guianensis Aubl. (Anacardiaceae), Senna macranthera (DC. ex
Collad.) H. S. Irwin Barneby (Fabaceae) e Cybistax antisyphilitica (Mart.) Mart
(Bignoniaceae), por meio de avaliações de crescimento, intoxicação, análises anatômicas e
fisiológicas, assim como verificar a capacidade remediadora. Foi utilizado o delineamento em
blocos ao acaso com quatro repetições, sendo o experimento conduzido em campo durante três
anos em unidades de contenção com capacidade para 210 dm3, cada. Foram realizadas 3
aplicações dos herbicidas 2,4-D, atrazine e a mistura hexazinone +diuron, por simulação da
contaminação de lençol freático. Cada aplicação correspondeu a meia dose comercial do
composto por hectare totalizando, para cada herbicida, 150% da dose média recomendada. Tais
aplicações foram efetuadas a partir do vigésimo oitavo mês de desenvolvimento das plantas,
iniciando-se pelo 2,4-D, após 60 dias, atrazine e após 60 dias, a mistura diuron + hexazinone. Aos 59 dias após a primeira aplicação de cada herbicida foram avaliados a altura da planta, o
diâmetro do caule e o número de folhas. Adicionalmente foi verificado modificações
anatômicas advindas da exposição aos herbicidas, além de análises fisiológicas: fluorescência
da clorofila “a” e aferições em relação as trocas gasosas. Ao final de 40 meses avaliou-se a
capacidade remediadora das espécies arbóreas por meio de análises cromatográficas do solo,
material vegetal e água residual provenientes das unidades amostrais, para detecção do resíduo.
Inga vera e C. brasiliense apresentaram sensibilidade a mistura 2,4-D + atrazine. Tapirira
guianensis foi tolerante a mistura 2,4-D + atrazine, S. macranthera e C. antisyphilitica foram
tolerantes à aplicação sequencial dos herbicidas. Senna macranthera se destaca como
fitorremediadora dos herbicidas 2,4-D e atrazine, tolerando e reduzindo a quantidade de resíduo
presente no solo, no entanto esta espécie é somente tolerante a mistura 2,4-D+atrazine+
hexazinona +diuron. Cybistax. antisyphilitica tolerou e fitorremediou o solo com a mistura de
herbicidas, reduzindo os resíduos, mesmo com sintomas de intoxicação.
Description
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES)- Código de Financiamento 001.
Keywords
Citation
CABRAL, Cássia Michelle. Uso de espécies florestais para a fitorremediação de solos contaminados por herbicidas. 2019. 71 p. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2019.