Potencial de uso da capina química na restauração florestal

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2019

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UFVJM

Abstract

Na tentativa de reduzir os custos envolvidos na implantação e manutenção dos projetos de restauração florestal, faz-se necessária a busca por herbicidas com conhecida ação seletiva. Neste estudo, foram conduzidos quatro experimentos, para avaliar a sensibilidade de espécies florestais. Os experimentos foram realizados em casa de vegetação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), em Diamantina, Minas Gerais, Brasil. O primeiro experimento teve como objetivo avaliar a sensibilidade de Piptadenia gonoacantha ao herbicida trifluralina. Os tratamentos foram constituídos por três doses do trifluralina (445, 890 e 1.335 g i.a.ha-1), aplicadas em pré-semeadura, além da testemunha, sem herbicida. As variáveis analisadas foram: intoxicação visual, germinação das sementes, sobrevivência, índice de velocidade de emergência, tempo médio de germinação, altura e diâmetro das mudas, comprimento e volume de raiz, área foliar, número de folhas, matéria seca de raiz e de parte aérea, fluorescência da clorofila a e parâmetros micromorfométricos das raízes de plantas coletadas aos 60 dias após a semeadura. Todas as doses do trifluralina causaram intoxicação nas plântulas de P. gonoacantha, no entanto o herbicida não afetou a germinação das sementes, o índice de velocidade de emergência, o tempo médio de germinação, a altura e o diâmetro das mudas, o comprimento, a matéria seca e o volume de raiz dessa planta. A sobrevivência das plântulas, a área foliar, o número de folhas e a matéria seca da parte aérea de P. gonoacantha foram menores na dose de 1.335 g i.a. ha-1 de trifluralina. O herbicida não afetou a fluorescência da clorofila a e os parâmetros micromorfométricos das raízes de P. gonoacantha. Piptadenia gonoacantha é capaz de se recuperar da intoxicação em solo contaminado com trifluralina, com crescimento satisfatório, portanto esse herbicida apresenta potencial de uso em programas de restauração de áreas degradadas com essa espécie florestal e com predominância de gramíneas infestantes. O segundo experimento teve como objetivo avaliar a sensibilidade de Senna macranthera ao herbicida trifluralina. Os tratamentos e as variáveis analisadas foram os mesmos do primeiro experimento. As doses de trifluralina não causaram intoxicação nas plântulas de Senna macranthera, assim como não afetou a germinação das sementes, o índice de velocidade de emergência, o tempo médio de germinação, a altura, o diâmetro e o número de folhas das mudas, o comprimento, a matéria seca, o volume de raiz e a fluorescência da clorofila a dessa planta. A área foliar foi maior na dose de 445 g i.a. ha-1. A trifluralina afetou alguns dos parâmetros da fluorescência da clorofila a e parâmetros micromorfométricos das raízes. Senna macranthera é uma espécie tolerante a esse herbicida e potencial para uso em projetos de restauração ecológica de pastagens desativadas. No terceiro experimento, objetivou-se avaliar a seletividade do herbicida glyphosate a dez espécies florestais nativas de Mata Atlântica, Anadenanthera colubrina (angico), Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré), Cassia ferruginea (canafístula), Machaerium nyctitans (bico-de-pato), Machaerium opacum (jacarandá), Dalbergia villosa (jacarandazinho), Senegalia polyphylla (monjoleiro), Senna macranthera (fedegoso), Zeyheria tuberculosa (bolsa-de-pastor) e Mabea fistulifera (canudo-de- pito). Os tratamentos foram constituídos por um controle, sem aplicação do herbicida, e por três doses de glyphosate (720, 1.440 e 2.880 g i.a. ha-1), em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. A fitotoxidade foi avaliada aos 28 dias. Aos 90 DAA foram avaliados a altura (H), o diâmetro de coleto (DC), o número de folhas (NF) e a matéria seca de raiz (MSR) e da parte aérea (MSPA). A fluorescência da clorofila a foi avaliada aos 60 DAA. As espécies A. colubrina, M. nyctitans, D. villosa, S. polyphylla e P. gonoacantha foram tolerantes à metade da dose comercial (720 g i.a. ha-1) de glyphosate. As espécies Z. tuberculosa, M. fistulifera e M. opacum foram tolerantes às doses de 720 e 1.440 g i.a. ha-1 de glyphosate. Apesar da tolerância, recomenda-se que sua aplicação seja realizada de forma dirigida. O herbicida glyphosate não foi seletivo para as espécies florestais nativas avaliadas para a dose de 2.880 g i.a. ha-1. O quarto experimento teve como objetivo avaliar a seletividade do herbicida haloxyfope a dez espécies florestais nativas de Mata Atlântica, avaliadas no experimento três. Os tratamentos foram constituídos por um controle, sem aplicação do herbicida, e por três doses de haloxyfope (30, 60 e 90 g i.a. ha-1), em delineamento inteiramente casualizado, com quatro repetições. As variáveis analisadas foram as mesmas do terceiro experimento. As dez espécies florestais avaliadas foram tolerantes ao herbicida para as doses estudadas, de forma que todas as espécies que tiveram algum nível de intoxicação, independentemente da dose, apresentaram recuperação no final do período de avaliação.

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AMARAL, Wander Gladson. Potencial de uso da capina química na restauração florestal. 2019. 84 p. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2019.

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