A acurácia da força muscular respiratória na identificação da disfunção sistólica em pacientes com cardiomiopatia chagásica
Date
2023
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
Introdução: A doença de Chagas é uma doença tropical prevalente em regiões com alta
vulnerabilidade social. Dos pacientes acometidos, 30% dos podem evoluir para a forma
cardíaca da doença, denominada de cardiomiopatia chagásica (CCh). A CCh apresenta-se
clinicamente de forma heterogênea, sendo a disfunção sistólica, caracterizada ela redução
expressiva da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE), um marcador importante de
gravidade. Concomitantemente com a deterioração da função cardíaca, o paciente com CCh
pode evoluir com redução da capacidade funcional, alteração na proporção das fibras
musculares e fraqueza musculoesquelética generalizada, inclusive fraqueza dos músculos
respiratórios. Dessa forma, tanto a disfunção sistólica como a fraqueza muscular respiratória
acompanham a progressão da doença. Nesse cenário, a avaliação das pressões respiratórias
máximas surge como alternativa para a triagem dos pacientes onde a ecocardiografia não estiver
disponível. Objetivo: Verificar a acurácia da força muscular respiratória na identificação de
disfunção sistólica em pacientes com CCh. Métodos: Cinquenta e sete pacientes com CCh
(53,2±9,0 anos, 61,4% mulheres, NYHA I-III) foram recrutados e submetidos a ecocardiografia
e avaliação da força muscular respiratória por manovacuometria. A força muscular inspiratória
e expiratória foi definida pela pressão inspiratória máxima (PImáx) e pressão expiratória
máxima (PEmáx), respectivamente. A disfunção sistólica foi definida por valores de FEVE
abaixo de 52% (para homens) ou 54% (para mulheres). Resultados: Trinta e sete pacientes
(64,9%) apresentavam disfunção sistólica e 20 (35,1%) pacientes apresentavam função cardíaca
preservada. O grupo com disfunção sistólica apresentou PImáx reduzida quando comparado ao
grupo com função cardíaca preservada (66,5±34,5 cmH₂O versus 85,3±29,2 cmH₂O,
p=0,044). Não houve diferença na PEmáx (89,9±43,9 cmH₂O versus 87,3±22,3 cmH₂O,
p=0,812). Na curva ROC, a PImáx apresentou acurácia adequada para identificar pacientes
com disfunção sistólica (AUC=0,71). A PEmáx não apresentou acurácia satisfatória na
identificação desses pacientes. O ponto de corte ótimo da PImáx para identificar disfunção
sistólica em pacientes com CCh foi ≤62 cmH2O, com valor preditivo positivo de 85%.
Conclusão: A PImáx tem valor potencial na identificação de disfunção sistólica em pacientes
com CCh. Esse achado pode auxiliar na triagem e na estratificação de risco quando a
ecocardiografia não está disponível.
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Citation
SILVA, Keity Lamary Souza. A acurácia da força muscular respiratória na identificação da disfunção sistólica em pacientes com cardiomiopatia chagásica. 2023. 41 p. Dissertação (Mestrado em Reabilitação e Desempenho Funcional) – Programa de Pós-Graduação em Reabilitação e Desempenho Funcional, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2023.