A formação de professores da educação básica: a realidade do povo Pataxó da Aldeia Guarani

Abstract

A Educação Básica Indígena, direito elementar da etnia indígena, preconizado na Constituição Federal de 1988 e na LDBEN nº 9394/96, apesar dos diversos avanços, ainda esbarra em dificuldades, sobretudo no processo de formação dos professores. Nesse contexto, o trabalho em questão tem o objetivo de analisar o processo de formação dos professores da Educação Básica, da Escola Indígena Pataxó Bacumuxá, em Carmésia/MG.Para analisar essas questões se fez necessário realizar pesquisa de campo descritiva, de cunho qualitativo. Participaram da pesquisa 66 professores da referida escola, além dos caciques (lideranças) das três aldeias do município: Guarani, Imbiruçu e Kãmã Mirã, enfatizando então as questões de relações de poder na comunidade e o reflexo no contexto escolar. O instrumento utilizado para a produção do material empírico foi um questionário estruturado, além de observação do cotidiano dessa escola e registro de inspiração etnográfica, posto que o foco era elucidar a própria interpretação que o indígena faz de sua formação profissional. As anotações foram feitas em um diário de campo e serviram, também como fonte de análise. O aporte teórico e documental que subsidiou nosso estudo foram: as legislações educacionais que amparam a Educação Escolar Indígena e as obras de Santos (2009), Grupione (2006), Luciano (2006), Pereira (2009), Gerken et al (2004), dentre outras. Os resultados dessa pesquisa evidenciaram a importância da Universidade Federal de Minas Gerais na formação acadêmica do professor indígena. Foram constatados os avanços que essa modalidade de educação já alcançou, como o direito a uma escola diferenciada, com professores índios. Identificamos também os desafios persistentes, como a ausência de material didático específico à educação escolar indígena e outras oportunidades de formação superior para os professores. Destarte, com esse estudo esperamos contribuir para a consolidação da modalidade Educação Indígena no município de Carmésia/MG, bem como para a ampliação da formação docente superior e continuada dessa etnia e a discussão de toda a complexidade que envolve a temática. Concluímos, portanto, que no município em que o estudo se efetivou, essa formação vem acontecendo gradativamente, mas ainda esbarra em percalços consideráveis.