Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional: mapeamento e estoque de matéria orgânica

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2012

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UFVJM

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A Serra do Espinhaço Meridional - SdEM, nascente do Rio Jequitinhonha e de importantes afluentes dos Rio São Francisco e Doce, possui litologias predominantemente quartzíticas e é caracterizada por apresentar áreas dissecadas entremeadas a superfícies de aplainamento, onde, nas depressões, ocorrem as turfeiras, grandes reservatórios de matéria orgânica e de água. A turfeira pode ser definida como um substrato constituído por restos de vegetais mortos, em diferentes estágios de decomposição, que se acumulam em sucessão em lugares úmidos ou encharcados onde haja uma considerável redução na atividade biológica devido às inóspitas condições do meio. É formada pelo acúmulo em sucessão de restos vegetais, em locais que apresentam condições que inibem a atividade de microrganismos decompositores, como excesso de umidade, baixo pH, escassez de oxigênio e temperaturas amenas. Outro papel importante reservado para as turfeiras é sua utilização como arquivo ambiental e cronológico da evolução das paisagens, das mudanças climáticas e da deposição atmosférica de metais pesados, em escala regional ou mesmo global. O objetivo deste trabalho foi mapear as turfeiras da porção norte da SdEM, determinar seu estoque de matéria orgânica armazenada e utilizar isótopos de carbono para identificar mudanças ambientais regionais que ocorreram no Quaternário. Turfeiras pré-selecionadas foram mapeadas através de trabalhos de campo e de técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto, utilizando os softwares Arcgis 9.3, Envi 4.5 e GPS Trackmaker Pro. A caracterização dos organossolos foi realizada de acordo com metodologia preconizada no Sistema Brasileiro de classificação de Solos. Amostras foram enviadas para determinação da composição isotópica (δ13C) e datações radiocarbônicas (14C) por espectrometria de cintilação líquida de baixa radiação de fundo. Numa primeira aproximação foi possível mapear 14.287,55 hectares de turfeiras distribuídas ao longo de 1.180.109 hectares da SdEM, o que representa 1,2% da área total. Essas turfeiras ocupam um volume médio de 170.021.845,00 metros cúbicos, armazenam 4.488.576,71 toneladas de matéria orgânica e acumulam em média 314,16 t ha-1. A maioria das turfeiras mapeadas segue o seguinte padrão ambiental: ocorrem em áreas aplainadas da superfície S2, tendo em sua base rochas quartzíticas, entre 1100 e 1350 metros de altitude, onde as temperaturas e precipitações anuais médias são respectivamente menores que 19°C e maiores que 1200 mm e estão colonizadas por vegetação campestre, com esparsos capões de mata. Nas turfeiras da SdEM predominam os estágios de decomposição da matéria orgânica avançado (sáprico), seguido do intermediário (hêmico). A taxa de crescimento vertical variou entre 0,058 e 0,43 mm ano-1, enquanto a taxa de acúmulo de carbono oscilou entre 0,95 e 53,91 g m-2 ano-1. As turfeiras que se situam em posições altimétricas de 1.000 a 1.200m e acima de 1.700 m são mais recentes (Holocênicas), ao passo que aquelas que ocupam posições entre 1.200 e 1.700 metros de altitude são mais antigas (Pleistocênicas). As turfeiras da SdEM, começaram a ser formadas no Pleistoceno Superior (42.175± 3390 anos A.P.), quando estavam colonizadas predominantemente por plantas de ciclo fotossintético CAM. A vegetação foi mudando gradativamente para plantas do ciclo fotossintético C3 ao longo da transição Pleistoceno-Holoceno, processo associado a mudanças paleoclimáticas. Através de mapeamentos via técnicas de geoprocessamento e sensoriamento remoto foi possível entender melhor a natureza geológica, geomorfológica e hidroclimatológica das turfeiras e sua inserção na paisagem regional. Os ambientes turfosos da SdEM guardam significativa importância no armazenamento de carbono orgânico e água e enquanto testemunho de mudanças paleoambientais, o que fundamenta uma necessidade urgente e emergente no sentido de proporcionar maior proteção e preservação a esses pedoambientes.

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SILVA, Márcio Luiz da. Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional: mapeamento e estoque de matéria orgânica. 2012. 123 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2012.

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