Escassez de água: impactos socioambientais e a segurança alimentar e nutricional sustentável

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2015

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UFVJM

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O uso indiscriminado da água pode ser atribuído à crença dos seres humanos de que este é um bem infinito. No entanto, no cenário global, a questão da água representa um dos mais graves problemas a serem enfrentados neste século. Em várias regiões do planeta, a escassez da água tem sido intensa, tensionada principalmente pela ação degradadora do homem sobre o ambiente. O presente estudo objetivou investigar o impacto da escassez de água sobre os aspectos sociais, ambientais e segurança alimentar de agricultores familiares da região centro sul rural do município de Itambacuri, Minas Gerais, Brasil. Assim como outras regiões do mundo, esta região está localizada em área suscetível à desertificação, embora tenha sido há algumas décadas, considerada abundante em água no bioma mata atlântica, caracterizado por terras férteis e rica biodiversidade. Neste estudo quantitativo e qualitativo, utilizamos fontes de dados secundários disponíveis em órgãos oficiais, além dos dados provindos da aplicação de 51 questionários semiestruturados com agricultores familiares bem como, de entrevistas com presidentes de associações rurais. Foram utilizados para tratamento dos dados o aplicativo SPSS Statistics, versão 18.0, série: 10190858, e para a análise qualitativa, a técnica da análise de discurso. Os resultados apontam que a escassez de água tensiona problemas que desencadeiam efeitos diversos naquelas populações. A indisponibilidade da água nas regiões visitadas, segundo os agricultores, está ligada à prática degradadora do passado e a intensificação da criação de gado, que demanda pastagens amplas e uso intenso de água. Embora compreendam que o déficit de chuvas compromete a produção, atribuem a responsabilidade pela escassez da água aos grandes proprietários de terras, que possuem mais recursos para desflorestar e esgotar lagoas e brejos. A deficiência de assistência de órgãos locais, com exceção da Estratégia Saúde da Família, também foi constante, aliado ao fato de que os programas de incentivo à agricultura familiar são praticamente inacessíveis aos agricultores. A horta, que representava a alternativa de cultivo para subsistência da família vem sendo abandonada, para priorizar o uso da água em outra atividade. A maioria dos participantes afirmou não comercializar alimentos, pela dificuldade de acesso aos locais de venda. Ademais, cerca de 31,4% dos entrevistados afirmou não participar de nenhum grupo ou organização, por outro lado, outros citaram o grupo religioso como referência. Nesse sentido, as premissas do conceito de governança da água, em situação de déficit hídrico, representam uma alternativa para transformação desta realidade, aliando a participação comunitária nos processos decisórios às estratégias para garantia da soberania e segurança alimentar e nutricional sustentável, pautados na promoção da vigilância ambiental em saúde.

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CRUZ, Juliana Lemes da. Escassez de água: impactos socioambientais e a segurança alimentar e nutricional sustentável. 2015. 128 p. Dissertação (Mestrado Profissional) – Programa de Pós-Graduação em Saúde, Sociedade e Ambiente, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2015.

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