As representações sociais sobre a profissão de terapia ocupacional dos acadêmicos e egressos do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais
Date
2015
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
A terapia ocupacional (T.O.) é uma profissão da área da saúde que existe hámais de
um século. Entretanto, seja por leigos ou profissionais da saúde, a T.O. ainda é
representada como mera ocupação ou como uma profissão que necessita de outro
profissional para prescrever suas condutas, em que é possível destacar a falta de
visibilidade da atuação do terapeuta ocupacional e o não aprofundamento nos
conteúdos voltados às especificidades da profissão. O curso de T.O. alcançou o nível
universitário em 1961; no entanto, ao final da década de 60, a formação do terapeuta
ocupacional ainda estava ligada à ideia de um trabalho voltado para a reabilitação
física. Apesar do amplo e crescente movimento sanitário brasileiro ocorrido na década
de 70, das mudanças curriculares, da redemocratização e das mobilizações sociais e
políticas ocorridas na década de 80, que tiveram forte impacto sobre os modelos de
comunicação e serviços em saúde, a T.O. permaneceu limitada a um campo de
objetivações que, ainda hoje, estigmatizam a profissão em sua área de atuação.Diante
desse contexto, torna-se relevante compreender como os graduandosdeT.O., e seus
egressos, constituem subjetividades que são emblemáticas para a compreensão do
campo formativo, uma vez que refletem a conformação do corpo discente ao saber
reificado, próprio do domínio acadêmico, que amolda para além dos espaços do saber-
conhecer a própria estrutura representacional do saber-fazer, aquilo que constituirá a
base identitária vinculada às práticas desse profissional. Esse estudo tem como
objetivo analisar as representações sociais dos acadêmicos e egressos do curso de T.O.
acerca da sua profissão.Trata-se de um estudo de natureza quanti-qualitativa com
delineamento de estudo de caso com recorte transversal e amostragem não aleatória,
com dados coletados no mês de novembro e dezembro de 2014. Participaram do
estudo, acadêmicos e egressos do curso de T.O. da UFMG (n=100). Para a coleta de
dados foi aplicada a técnica de evocação livre de palavras, frente ao termo indutor
‘pensar na profissão de T.O.’ Os dados foram processados pelo software EVOC2005.
As evocações presentes no quadro de quatro casas de Vergès foram processadas pelo
programa EVOC-Complex para a identificação e comparação das evocações dos
subgrupos presentes – acadêmicos dos períodos iniciais, finais e egressos. Foi possível
encontrar duas evocações,independência e autonomia, com alta frequência nos três
subgrupos analisados. Ainda, como possível presença no núcleo central, foram
encontradas as evocações reabilitação, ocupação, funcionalidade e cuidado. Averificação das palavras presentes na zona de contraste possibilitou identificar a
evocação inclusão presente no subgrupo dos acadêmicos dos períodos iniciais, como
uma importante representação emergente para eles, referida como a mais importante
palavra evocada, no total das vezes em que foi citada.Para ampliação e mapeamento
das evocações do quadro de quatro casas de Vergés, utilizou-se a análise hierárquica
por similaridade e a análise de implicação (0.50 ≤ 1) processadas pelo software
CHIC®. O cluster gerado pela análise de similaridade apresenta associações da
atividade profissional de T.O. com a promoção da maior autonomia e independência
dopaciente (0,98), bem como a adaptação nas suas atividades diárias (0,56). O grafo
apresentou uma associação entre os termos saúde e reabilitação (0,71) e, a associação
dos termos ‘qualidade de vida’ (0,61), ‘funcionalidade’ (0,61) e ‘atividades de vida
diária’ (0,71), aos termos que estão mais fortemente implicados, autonomia e
independência (0,98). Conclui-se, que tanto discentes como egressos, seja pelos
elementos funcionais ou normativos encontrados na centralidade e nas periferias das
representações, caracterizam o profissional de T.O como aquele que tem por
atribuição promover maior adaptação, autonomia e independência aos pacientes
atendidos. Este posicionamento emblemático salienta como os grupos estudados
ancoram um caráter bastante ideológico voltado para as práticas do cuidado ao
paciente, mas pouco crítico para a desconstrução de estigmas sociais (objetivações)
que dificultam a transformação da própria realidade profissional em que a T.O. vê-se
identificada. Seja pela estruturação curricular das disciplinas ofertadas, seja pela maior
aproximação de discentes e egressos, faz-se de suma importância que os cursos
incentivem debates entre serviços, demais profissionais de saúde e atores diretamente
envolvidos no processo formativo, de maneira a refletir os vários aspectos que
orientam e/ou desafiam a inovar à profissão de T.O.
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Keywords
Citation
DUTRA, Letícia. As representações sociais sobre a profissão de terapia ocupacional dos acadêmicos e egressos do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Minas Gerais. 2015. 90 p. Dissertação (Mestrado Profissional) – Programa de Pós-graduação em Ensino em Saúde, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2015.