Interação dos fatores do pé/tornozelo e do quadril com lesões musculares em jogadores de futebol juvenil

Abstract

Introdução: Dentre os fatores de risco associados a lesões musculares, lesão muscular prévia tem sido um dos fatores de risco mais importante. A identificação de déficits funcionais remanescentes de uma lesão prévia durante a avaliação pré-temporada pode auxiliar na implementação de medidas preventivas mais específicas e diminuir o risco de lesões subsequentes. Objetivo: Identificar e explorar retrospectivamente as interações entre fatores musculoesqueléticos do quadril e pé/tornozelo associados à ocorrência de lesões musculares em atletas de futebol juvenil antes e após a avaliação pré-temporada. Métodos: Um estudo de coorte retrospectivo foi conduzido baseado em um banco de dados de medidas clínicas realizadas durante a avaliação pré-temporada e registro de lesões musculares prévias e futuras lesões musculares de 86 atletas de futebol juvenil. A avaliação pré-temporada incluiu os seguintes testes: alinhamento perna-antepé (APA), ADM passiva de RM do quadril, flexibilidade dos isquiotibiais (FI), ADM de dorsiflexão do tornozelo (WBLT), função dos extensores do quadril (FEQ) e modified Star Excursion Balance Test (mSEBT). A análise estatística foi realizada através da Árvore de Classificação e Regressão. A área sob a curva ROC (Receiver Operating Characteristics) foi calculada para verificar a precisão dos modelos e por fim a razão de prevalência e o risco relativo foram calculados para cada nodo terminal. Resultados: A interação entre categoria do time, mSEBT, flexibilidade dos isquiotibiais, WBLT e função dos extensores do quadril identificou atletas com lesão muscular prévia antes da avaliação pré-temporada. Para futuras lesões musculares, a interação entre flexibilidade dos isquiotibiais, mSEBT e ADM passiva de RM do quadril identificou atletas com lesão muscular após a avaliação pré-temporada. Os modelos alcançaram 100% e 90% de sensibilidade e 69,6% e 51% de especificidade, respectivamente. A área sob a curva ROC para os modelos foi de 0,88 (IC de 95%: 0,81, 0,95; p< 0,001) e 0,80 (IC de 95%: 0,70, 0,90; p < 0,001, respectivamente. Conclusão: Diferentes interações e pontos de corte entre a flexibilidade dos isquiotibiais, o mSEBT e outras variáveis foram associadas à ocorrência de lesões musculares antes e após as avaliações da pré-temporada. Durante a temporada de treinamentos e jogos, é importante monitorar a flexibilidade dos isquiotibiais e o equilibrio dinâmico do membro inferior por meio do mSEBT em atletas masculinos de futebol juvenil.