Um cafezal em flor: o papel dos recursos tróficos, de nidificação e do entorno na manutenção do serviço de polinização do café inserido em uma matriz de campo rupestre em Diamantina-Minas Gerais
Date
2019
Authors
Journal Title
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Publisher
UFVJM
Abstract
O serviço ecossistêmico de polinização é uma das mais importantes contribuições da
biodiversidade para a produção de alimentos, possui valor estimado em 43 bilhões anuais só
no Brasil. Dentre os responsáveis por esse serviço, se destacam as abelhas como sendo os
principais polinizadores de cultivos agrícolas, contribuindo com a produção de alimentos.
Este trabalho foi realizado em um gradiente vegetacional formado por áreas de cultivos de
café imersas em matriz de vegetação nativa caracterizada como Campo Rupestre. Foram
marcados pontos no interior do cafezal, no interior da vegetação nativa e na área transicional
entre estes, com dez repetições distando pelo menos 1 km entre si. O objetivo do primeiro
capítulo foi comparar os métodos de amostragem e analisar a riqueza, abundância, recorrência
e composição de abelhas no período seco e chuvoso, que antecedem e sucedem a floração do
café, respectivamente. Foram utilizadas três metodologias - pantraps, iscas de odor e coleta
ativa, em todos os pontos. Os métodos de coleta atuaram de forma complementar. A riqueza e
abundância de abelhas não diferiram entre as estações, mas diferiram quanto ao local
amostrado. Contudo, a composição de abelhas diferiu entre as estações e entre os locais
amostrados, sendo que apenas duas espécies foram recorrentes. Já o segundo capítulo, teve
como objetivo avaliar o padrão de nidificação de abelhas solitárias nesta mesma região e a
participação das abelhas na polinização das flores do café. Foram instaladas em setembro,
estações de coleta em 30 pontos amostrais (dez no interior do cafezal, dez na borda e dez na
vegetação nativa), contendo dez ninhos de bambu e dez ninhos de papel cartão preto cada,
sendo estes ninhos monitorados semanalmente e recolhidos quando as abelhas fechavam a
entrada do ninho. Quanto à polinização do café, na fase de botões florais, foram selecionados
galhos na borda e no interior do cafezal, submetidos a dois tratamentos: polinização natural e
autogamia. Durante a floração foram contabilizados o número de abelhas visitando as flores
em sessões de dez minutos em cada galho, tanto na borda quanto no interior do cafezal. Os
frutos maduros foram coletados, contabilizados, secados, pesados, medidos e, posteriormente,
foram calculados os valores de densidade. As abelhas construíram 132 ninhos: 59,1% destes
ninhos foram construídos na vegetação nativa, 40,2% na área de transição e apenas 0,7% dos
ninhos foram contruídos no interior do cafezal pelas abelhas. Dos 132 ninhos construídos,
cerca de 54% continham grãos de pólen de café. Na borda do cafezal, foram observadas mais
visitas de abelhas que no seu interior. O tratamento de polinização natural gerou mais frutos
que o tratamento de autogamia tanto na borda quanto no interior do cafezal. No entanto, no
interior do cafezal, os frutos foram mais pesados, maiores e menos densos que os frutos da
borda. No interior do cafezal, os frutos oriundos da polinização natural foram menores,
entretanto mais densos que os frutos de autogamia. Na transição, os frutos gerados a partir da
polinização natural possuíram maior massa, menor comprimento e maior densidade que os
frutos de autogamia. Concluímos que os Campos Rupestres agem como reservatórios de
abelhas que polinizam o cafezal quando florido, gerando maior quantidade de frutos e com
melhor qualidade.
Description
Keywords
Abelhas solitárias, Polinização cruzada, Café, Cultivos agrícolas
Citation
MACHADO, Ana Carolina Pereira. Um cafezal em flor: o papel dos recursos tróficos, de nidificação e do entorno na manutenção do serviço de polinização do café inserido em uma matriz de campo rupestre em Diamantina-Minas Gerais. 2019. 64 p. Dissertação (Mestrado em Biologia Animal) – Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2019.