A gerência de unidades básicas de saúde do Sistema Único de Saúde no Vale do Jequitinhonha / Minas Gerais
Date
2020
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
No campo de assistência à saúde, a discussão do gerenciamento dos processos de trabalho tem
tido destaque, em especial no que se refere ao processo de transformação dos serviços de
saúde no Brasil. O exercício da gerência dos serviços de saúde da Atenção Básica é carregado
de complexidades e, ainda que existam alguns estudos que buscam descrever como a função
gerencial é desempenhada na AB, não há estudos sobre esse tema entre os profissionais que
atuam na microrregião de Diamantina, MG. Neste estudo buscou-se investigar como tem sido
realizada a função gerencial nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Equipe de Saúde da
Família do Sistema Único de Saúde, na microrregião de Diamantina, MG. Trata-se de um
estudo misto de delineamento descritivo-exploratório, que foi dividido em duas etapas. Na
etapa quantitativa foram aplicados questionários a 53 profissionais que exercem a gerência de
serviços de saúde com Estratégia Saúde da Família, na região em estudo, e os dados foram
analisados a partir do software STATA11.0. A análise dos dados quantitativos revelou que a
categoria profissional que assume predominantemente a gerência dos serviços é a
enfermagem (98,8%), e confirmou as hipóteses de que os profissionais acumulam funções
gerenciais às assistenciais (86,79%) e que os profissionais não tem formação específica para a
atuação gerencial (73,58%). Os resultados quantitativos demonstraram ainda que os gerentes
reconhecem que as atividades propostas para o trabalho gerencial em uma UBS, relacionadas
à gestão de pessoas, gestão de materiais, articulação de rede e participação popular, fazem
parte da sua rotina diária de trabalho. Entretanto, para algumas dessas questões, como é o caso
da gestão de conflitos, da participação social e da regulação da assistência, os profissionais
não se sentem plenamente aptos a desenvolvê-las. Na etapa qualitativa foram entrevistados,
através de um roteiro semi-estruturado, seis profissionais que acumulam funções gerenciais às
assistenciais e que realizaram curso de formação na área gerencial. As entrevistas foram
gravadas e transcritas na íntegra, tendo sido analisadas de acordo com a análise do conteúdo
proposta por Minayo (2006). A análise das entrevistas revelou que a compreensão de gerência
está atrelada às rotinas burocráticas, e que o acúmulo das funções gerenciais às assistenciais
gera a sensação de que o trabalho não foi desempenhado adequadamente, já que ambas as
funções são extensas e complexas. As profissionais que acumulam funções sentem-se
cansadas, sobrecarregadas, desmotivadas e frustradas. Evidenciou-se, ainda, que os cursos de
formação deram conta de estabelecer a identidade como gerente, de oferecer ferramentas que
facilitaram o trabalho, e de ampliar o olhar das profissionais para o usuário, enquanto centro
do processo de produção de cuidado. Conclui-se que, para que a gerência dos serviços possa representar um fator de transformação das práticas, são necessárias algumas medidas:
incentivo financeiro aos municípios, pelo Ministério da Saúde, que induza a criação do cargo
de gerente; apoio institucional pela Secretaria de Estado de Saúde, que garanta uma
construção do fazer gerencial em consonância com o que é preconizado pela Política Nacional
de Atenção Básica, além de espaços de Educação Permanente; criação do cargo de gerente da
Atenção Básica pelas secretarias municipais de saúde, desvinculado de atividades
assistenciais.
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Citation
PERTILE, Karina Cenci. A gerência de unidades básicas de saúde do Sistema Único de Saúde no Vale do Jequitinhonha / Minas Gerais. 2020. 107 p. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino em Saúde) – Programa de Pós-graduação em Ensino em Saúde, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2020.