Germinação e crescimento inicial de espécies florestais sob influência de herbicidas lixiviáveis

Abstract

Herbicidas com baixo poder de sorção podem deixar resíduos no ambiente passíveis de contaminação em cursos hídricos. A passagem dos resíduos para os cursos hídricos pode ser diminuída ou mesmo anulada por camadas vegetadas, notadamente, em matas ciliares. Contudo, pouca informação existe sob os efeitos de herbicidas em espécies florestais, principalmente na fase inicial de desenvolvimento. Com esse propósito avaliou-se a sensibilidade das espécies Senegalia polyphylla (DC.) Britton & Rose (monjoleiro) e Senna macranthera (DC. Ex collad.) H.S. Irwin & Barnaby (fedegoso) a resíduos dos herbicidas ametryn, atrazine, hexazinone e 2,4-D. Para o primeiro capítulo adotaram-se doses correspondentes a 0; 12,5; 25 e 50% daquela comercialmente recomendada de ametryn, atrazine e hexazinone em esquema fatorial 3 x 4 x 2 (herbicidas x doses x espécies) com quatro repetições, conduzidos em blocos ao acaso em casa de vegetação com temperatura controlada. Avaliou-se emergência, Índice de Velocidade de Emergência (IVE), taxa de mortalidade, massa fresca e seca, altura, diâmetro, número de folhas, além de variáveis fisiológicas obtidas com auxílio de um analisador a gases no infravermelho (IRGA). No segundo capítulo foram instalados dois experimentos paralelos (um por espécie) delineados inteiramente ao acaso em esquema fatorial 2 x 4, correspondentes a duas fontes de 2,4-D (produto comercial DMA® ou auxina Sigma-Aldrich® P.A.) e quatro concentrações (0; 0,1; 1 e 10 mg.L-1 de 2,4-D), com quatro repetições e oito réplicas cada. As espécies foram avaliadas quanto à germinação, Índice de Velocidade de Germinação (IVG), contaminação, diâmetro, massa fresca e seca. Como resultado, de maneira geral o monjoleiro se mostrou mais sensível aos herbicidas, todavia, demonstrou potencial fitorremediador para atrazine. A comparação entre os tipos de 2,4-D revela que o herbicida não pode ser utilizado como regulador de crescimento em laboratório, potencialmente devido aos aditivos que apresenta. Por fim, os resultados apontam que o uso recorrente de herbicidas lixiviáveis próximos a fragmentos florestais podem afetar a perpetuação de espécies nativas por efeito deletério silencioso. Novas pesquisas precisam ser realizadas com outras espécies nativas a fim de conhecer os efeitos dessas e de outras moléculas ao ecossistema em geral.