PPGBIO - Mestrado em Biocombustíveis (Dissertações)
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Item O Plúton Corrente Canoa: porção menos diferenciada da Suíte Borrachudos (Bloco Guanhães, Orógeno Araçuaí)(UFVJM, 2023) Tomich Sena, Rodolfo; Kuchenbecker, Matheus; Barbuena, Danilo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)O Bloco Guanhães, um dos vários basement inliers do Orógeno Araçuaí, é responsável pelo registro de uma complexa história evolutiva que remonta à formação dos primeiros supercontinentes do planeta, mas que devido à escassez de dados geológicos ainda se encontra pouco entendida. Inserido neste contexto está o corpo Corrente Canoa, descrito inicialmente como um charnockito pertencente ao embasamento arqueano do Bloco Guanhães, e posteriormente reinterpretado como um produto de metassomatismo dos granitoides estaterianos da Suíte Borrachudos, abundantes no interior do bloco. Tendo em vista as interpretações divergentes buscou-se nesta pesquisa, através de estudos geofísicos, geoquímicos, petrográficos, geocronológicos e por modelagem de temperatura de cristalização, elucidar a gênese e o significado tectônico deste corpo no contexto do Bloco Guanhães. Os resultados obtidos, especialmente os de geocronologia, inéditos para o corpo Corrente Canoa, demonstraram uma idade de cristalização de 1703.1 ± 4.3 Ma (U-Pb em zircão) para este corpo, confirmando sua vinculação ao magmatismo da Suíte Borrachudos, parte integrante de uma Grande Província Ígnea Silícica desenvolvida no contexto do Paleocontinente São Francisco-Congo. Apesar de estar situado em um contexto geológico consolidado, é notável a singularidade das assinaturas geofísica e geoquímica do corpo Corrente Canoa, que indica um menor grau de diferenciação magmática quando comparado aos demais plútons da Suíte Borrachudos. A sua assinatura geofísica depleteada nos elementos Th e U evidencia este menor grau de diferenciação. A correlação negativa entre o conteúdo de sílica (SiO2) e os elementos maiores TiO2. Al2O3, MgO, CaO e FOt, sugere um fracionamento do plagioclásio, piroxênio, anfibólio, biotita e óxidos de Fe-Ti durante a evolução do magma. Dentre esses minerais, o piroxênio e o feldspato potássico seriam os responsáveis por controlar o processo de cristalização fracionada na suíte, estando o piroxênio associado aos termos menos evoluídos, e com maior incremento no corpo Corrente Canoa. A diferença na anomalia de Eu/Eu* entre o corpo Corrente Canoa (1,01 em média) e a Suíte Borrachudos (0,32 em média) pode ser entendida como um indicador do grau de fracionamento destes corpos, uma vez que menores valores indicam maior grau de fracionamento em rochas graníticas. O termômetro de saturação de zircão indica uma temperatura média de cristalização para o corpo Corrente Canoa de 888°C, resultado superior à média da Suíte Borrachudos (846°C). Estes valores permitem inferir que o corpo Corrente Canoa estaria posicionado à uma maior profundidade no momento da sua cristalização. Dessa forma, apesar de integrar a Suíte Borrachudos, o corpo Corrente Canoa não faz parte do plúton Morro do Urubu, que constituem corpos magmáticos distintos, mas justapostos. Entretanto, a idade existente para o plúton Morro do Urubu (U-Pb de 1777 ± 30 Ma) gera um problema. Como explicar a justaposição no mesmo nível crustal destes corpos ígneos distintos, considerando que não foram identificadas estruturas tectônicas entre eles? Uma hipótese seria que após a colocação do plúton Morro do Urubu o rifte tenha passado por significativa subsidência levando o plúton a porções mais profundas da crosta onde, em seguida, se alojaria o corpo Corrente Canoa. Apesar desta hipótese, é importante mencionar que a idade existente para o plúton Morro do Urubu é frágil, abrindo a possibilidade deste plúton ser, na realidade, mais novo, implicando em relações distintas com o corpo Corrente Canoa. A singularidade do corpo Corrente Canoa aponta para a necessidade de revisão cartográfica regional, levantando a possibilidade de que parte do que se encontra atualmente cartografado como embasamento do Bloco Guanhães corresponda às rochas da Suíte Borrachudos, mas com uma assinatura geofísica e geoquímica distintas das habituais para essa suíte.