Estudo da infecção por Leishmania sp em cães na Macrorregião de Teófilo Otoni ­- MG

Abstract

A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) é uma doença infecciosa causada pelo protozoário Leishmania infantum, o qual é transmitido pela picada do flebótomo Lutzomyia longipalpis infectado. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a LVC está presente em 88 países, sendo o cão doméstico o principal reservatório para o agente etiológico da doença humana. O Brasil registrou entre 2010 a 2018 um crescimento exponencial no número de casos humanos e caninos de Leishmaniose Visceral. O diagnóstico da LVC é realizado rotineiramente nas clínicas veterinárias por meio de exame clínico associado a métodos sorológicos, conforme recomendação do Ministério da Saúde. O objetivo deste trabalho foi estudar a LVC na Macrorregião de Teófilo Otoni através do diagnóstico molecular, isolamento e identificação de espécies de Leishmania sp nos cães. No presente estudo, foram utilizados cães provenientes da Clínica Veterinária São Francisco e do Canil Municipal de Teófilo Otoni, MG, para coleta das amostras com aprovação da CEUA­Mucuri da UFVJM. Foram selecionados 132 cães com resultado DPP positivo. Posteriormente, os animais foram avaliados quanto à sintomatologia, sexo e tratamento. Foi realizado o Teste Rápido e feita a coleta de pele de orelha esquerda e aspirado de medula óssea. O aspirado de medula foi enviado para a Fiocruz para visualização, identificação do protozoário e confirmação do diagnóstico. Pelo menos um sinal clínico, possivelmente associado à LVC foi observado em 77,27% dos animais e 83% dos animais apresentavam pelagem curta. Os animais com mais de 6(seis) anos de idade apresentaram um percentual de positividade menor em relação a faixa de animais adultos­jovens. Os locais de maior incidência da LVC aconteceram em áreas da região Norte da Cidade de Teófilo Otoni. Ao se avaliar os resultados das culturas realizadas com as amostras de aspirado de medula óssea, observou­se que 86 animais (65,15%) apresentaram cultura de Leishmania sp negativa e a leitura de lâminas prévias à cultura, verificou­se presença de formas amastigotas de Leishmania sp em 26,52% das lâminas de medula e em 18,18% das lâminas de pele de orelha. Ao se avaliar os resultados de PCR e RFLP observou­se que dos 132 animais avaliados, 56 amostras apresentaram resultado positivo para PCR (42,42%) e 69 amostras (52,27%) apresentaram resultado positivo para RFLP (identificação da espécie de Leishmania sp), sendo 56 amostras de sangue de medula e 13 amostras de macerado de cultura positiva que tiveram resultado negativo na PCR. A L. infantum foi a única espécie encontrada nas amostras analisadas. No resultado final, 88 cães (66,67%) deste estudo tiveram o diagnóstico confirmado com positividade em pelo menos um dos testes realizados (parasitológico e/ou molecular). Este estudo demonstrou que, o diagnóstico da LVC ainda enfrenta sérios desafios e requer o uso de vários testes diagnósticos. Especialmente na Macrorregião de Teófilo Otoni, MG, existem poucos dados epidemiológicos sobre a LVC, portanto, a detecção precoce de cães infectados é essencial para o direcionamento e melhoria das ações estratégicas no controle da LV.