Eficiência na produção das matérias-primas vegetais exploradas para o Biodiesel no Brasil
Date
2022
Authors
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Publisher
UFVJM
Abstract
O Brasil para cumprir seus compromissos da Conferência das Partes da Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança Climática (Paris/2015 e COP/2021) estabeleceu metas
anuais de descarbonização para o setor de combustíveis. Esta pesquisa analisa a eficiência na
produtividade das matérias-primas vegetais (MPV), oleaginosas (soja, milho, algodão,
amendoim, dendê, girassol e canola) cultivadas em diferentes regiões do país, e que integram
a base da produção do biodiesel no Brasil. Os dados foram tratados sob a técnica de análise da
eficiência denominada Análise Envoltória de Dados (Data Envelopment Analysis - DEA) com
retorno variável à escala e orientação produto. Na estimação, o output foi a produtividade
(kg/ha), e os inputs foram os insumos utilizados na produção agrícola, coletados de abril a
outubro/2021 nas plataformas digitais oficiais. Dos 23 municípios produtores de soja, 13
obtiveram eficiência máxima (56% da amostra), e o alcance da eficiência pelos outros 10
requer a diminuição de 13%, em média, nos insumos MJS (máquinas, juros e serviços) e
SMFA (sementes/mudas, fertilizantes e agrotóxicos) e aumento de 16%, em média, na
produtividade. Dos 19 municípios produtores de milho, 06 são eficientes, (31%). O alcance da
eficiência pelos 13 municípios ineficientes restantes implica em diminuir em 11%, em média,
os insumos SMFA e MDE (manutenções, depreciações e encargos) e aumento da
produtividade em 21%, em média. Nos sete municípios produtores de algodão em plumas
(beneficiado), a produtividade chega a 1/3 da produtividade do algodão em caroço. Os cinco
produtores de caroço de algodão são eficientes, o que indica aos produtores de plumas de
algodão a necessidade do aumento de 65 a 200% na produtividade para alcançar um nível
igual de eficiência. Além disso, seria necessário eliminar em 39% as folgas em todos os
insumos, sendo estes em média: 31% em MJS, 45% em SMFA, 22% em MDE e 13% em RF
(renda de fatores). No caso do amendoim, 10 municípios são eficientes (37%). Para alcançar a
eficiência, os outros 17 municípios precisam reduzir seus insumos variáveis MJS (8% em
média) e SMFA (12% em média), e aumentar em torno de 30% a produtividade. No dendê,
oito municípios são eficientes e dois podem alcançar a eficiência mediante redução de 11%
nos insumos SMFA e de 9% nos insumos MDE, com aumento da produtividade em 18%. No
caso do girassol, sete municípios são eficientes e três requerem redução de 30%, em média,
nos insumos MJS e SMFA, e aumento de 9,5% na produtividade para alcançar a eficiência.
Na canola, sete municípios têm eficiência e três requerem ajustes nos insumos MJS (6% em
média) e SMFA (25% em média), e aumento de 16% na produtividade para chegar à
eficiência. Em termos de rendimento das MPV analisadas, o dendê apresentou os melhores valores, 25.780 kg/ha, seguido pelo milho (5.760 kg/ha) e pelo algodão em caroço (4.290
kg/ha). Estas três MPV possuem os menores custos com SMFA dentre as MPV analisadas,
sendo o dendê a única MPV cujos custos com SMFA são menores que os custos com MJS
(ambos custos variáveis), ademais oferta dois tipos de óleos: o óleo de palma extraído da
polpa (mesocarpo) e o óleo de palmiste extraído da amêndoa (endocarpo). Nas demais MPV
os custos dos insumos variáveis com SMFA desequilibram em medidas distintas, mas de
forma prevalente a eficiência na produtividade. Os dados obtidos apontaram que dentre as
MPV analisadas, a soja não é, do ponto de visa ambiental, a melhor escolha para a produção
do biodiesel quando comparada com as demais MPV, pois, possui um dos menores
rendimentos em óleo por kg/ha (51%) e o menor balanço energético (1,3:1), mas é a MPV
cuja escala de produção possibilitou a expansão histórica da cadeia produtiva do biodiesel. O
milho tem rendimento kg/ha de 14,17% e balanço energético de 1,42:1, e o algodão tem
rendimento kg/ha de 45% e balanço energético de 1,77:1. Estes também possuem alta
escalabilidade de produção. O girassol é o primeiro em rendimento kg/ha (1.032), mas o
dendê além de ser o segundo melhor rendimento em kg/ha (280) e o melhor balanço
energético (5,6:1), gera dois tipos de óleos (o de palma do mesocarpo e o de palmiste do
endocarpo), entretanto, há limitações de natureza logística quanto à sua extração e
industrialização do seu óleo.
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Citation
SILVA, Simão Pereira da. Eficiência na produção das matérias-primas vegetais exploradas para o Biodiesel no Brasil. 2022. 178 p. Tese (Doutorado em Biocombustíveis) – Programa de Pós-graduação em Biocombustíveis, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2022.