Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação

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A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri - PRPPG/UFVJM - tem a finalidade de apreciar, coordenar, auxiliar, deliberar e homologar as atividades de Pesquisa, Pós-Graduação e inovação da Instituição. A PRPPG possui um orgão de deliberação denominado Conselho de Pesquisa e Pós-Graduação - CPPG. A "Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação" é constituída pela Diretoria de Pesquisa e pela Diretoria de Pós-Graduação no campus sede da UFVJM e pelas diretorias de Pesquisa e de Pós-Graduação dos campi fora de sede.

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    Mulheres negras e violência simbólica: estudo de caso em Gouveia - MG
    (UFVJM, 2022) Moreira, Maria Josiane; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Lima, Josélia Barroso Queiroz; Weitzman, Rodica; Souza, Cristiane Luiza Sabino de
    As mulheres negras historicamente vivem processos de violências. Dentre elas, a violência simbólica é uma forma de violência estrutural, sutil e internalizada que provoca o silenciamento de suas vítimas. Nesse sentido, a partir da perspectiva do feminismo negro e com o objetivo de apresentar como o racismo e o sexismo através da violência simbólica tem permeado nossas histórias, esta pesquisa apresenta dados da investigação com mulheres negras de diferentes gerações, moradoras da cidade de Gouveia - MG. Objetivando também compreender como enxergam ou não, as violências sofridas, principalmente aquelas, que se expressam em forma de tabu, embutindo condutas morais e religiosas. Com a metodologia de pesquisa qualitativa-quantitativa, na primeira fase da pesquisa foram aplicados questionários de opinião para residentes locais maiores de 18 anos com ditados e expressões populares de cunho racista e/ou sexista. Na segunda etapa, entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com várias mulheres negras a fim aprofundar dados obtidos com o questionário de opinião afim de responder questões que corroborem com este trabalho através de um estudo de caso realizado na cidade de Gouveia – MG.
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    Silenciamento e violência no cinema e na literatura: as personagens femininas em Lavoura Arcaica
    (UFVJM, 2021) Oliveira, Renato César Prates; Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Paula, Adna Candido de; Vieira, Erika Viviane Costa; Silva, Rodrigo Guimarães
    A proposta desta dissertação apresenta uma leitura comparativa entre o romance Lavoura Arcaica (1975), de Raduan Nassar, e o filme homônimo, Lavoura Arcaica (2001), de Luiz Fernando Carvalho. As análises apontam para o modo como as personagens femininas são representadas e rememoradas ao longo das obras a partir da perspectiva ambígua e melancólica de um narrador masculino. Para a realização do estudo, partimos da hipótese de Jaime Ginzburg (2012), de que a morte de protagonistas femininas seria uma situação serial presente nas obras da literatura brasileira. Dessa forma, para que um homem possa narrar é necessário que uma mulher morra, marcando um traço expressivo da violência constitutiva de nossa herança histórica e cultural. As análises realizadas partiram de passagens, trechos e cenas selecionadas do romance e do filme a partir do interesse na aproximação de suas linguagens estéticas e artísticas para estabelecer relações de comparação e intertextualidade em diálogo com as teorias de gênero, a partir da discussão de autoras como Rita Terezinha Schmidt (2012), Heleieth Saffioti (1987; 2004), Silvia Federici (2017) e Giselle Gubernikoff (2016). Para a fundamentação da perspectiva melancólica do narrador partimos das discussões trazidas por Freud (2010; 2012; 2013) e revisitadas por Ginzburg (2012). Já as análises pontuais das cenas cinematográficas foram realizadas, sobretudo, a partir da teoria da montagem, de Ismail Xavier (1984), com contribuições de outros teóricos sobre o uso do som, da iluminação e das cores (CAMARGO, 2000; GORBMAN, 1987; HELLER, 2013). Os resultados da pesquisa apontam para uma tentativa de compreensão da relação entre violência e patriarcalismo, para o silenciamento das vozes femininas e para a manutenção das ambiguidades narrativas, realizadas de maneiras diferentes em cada uma das obras estudadas.
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    Violência, gênero e patriarcalismo: um estudo do romance S. Bernardo de Graciliano Ramos
    (UFVJM, 2020) Viana, Nayane de Souza; Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Pelinser, André Tessaro; Bento, Conceição Aparecida; Magnani, Maria Cláudia Almeida Orlando
    A presente pesquisa realiza um estudo da narrativa de S. Bernardo (1934), segundo romance escrito por Graciliano Ramos e que deu ao autor o título de um dos maiores romancistas da literatura brasileira. A trama é ambientada na década de trinta e narra a ascensão do protagonista Paulo Honório até a conquista da fazenda, que dá nome à obra. Ele conta seus conflitos internos, já no auge dos seus cinquenta anos e faz da escrita um modo de tentar compreender aquilo que ele não consegue explicar. O objetivo do estudo foi o de identificar as marcas de violência e de opressão à mulher ao longo da narrativa; sobretudo, na representação que o narrador elabora das personagens. Para isso, partimos das seguintes questões: quais são as marcas de opressão ao feminino, a partir da análise das memórias da violência, evidenciadas em S.Bernardo? Por que Paulo Honório precisa narrar suas memórias? Por que uma mulher precisa morrer para que um homem possa narrar? Na busca de respostas a essas indagações, adotamos uma abordagem metodológica qualitativa e de natureza bibliográfica, em que temos a hipótese de que a morte de Madalena seria uma chave de leitura fundamental na compreensão sobre os motivos que fazem com que o dono da fazenda decida narrar a suas memórias, como forma de elaborar esta perda e lidar com seus efeitos negativos. A pesquisa discute ainda, alguns apontamentos acerca da violência como forma constitutiva na sociedade brasileira, bem como a violência de gênero; a forma como as personagens femininas aparecem representadas no romance, a partir do que nos é narrado. Além disso, abordamos acerca do ciúme e da opressão que levam a personagem da esposa ao suicídio, além da maneira como Madalena nos é apresentada e sua relação com Paulo Honório. A partir do que nos narra o marido, e em contraste com o ponto de vista de outras personagens, no contexto do discurso, é possível a criação de um olhar empático pela personagem feminina. Madalena é apresentada como o lugar da alteridade, da diferença e do antagonismo. Ao longo dos três capítulos que compõem o presente estudo, discutem-se as aproximações entre os temas da literatura, violência e gênero, propondo um olhar sobre a teoria do narrador, os pontos de conflito de relacionamento marital entre Madalena e Paulo Honório, e, especialmente, o silenciamento e o suicídio de sua esposa a partir de uma perspectiva histórica, que aponta para uma morte serial das personagens femininas da literatura brasileira ao longo de sua historiografia.
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    Percepções das professoras de educação infantil sobre o trabalho pedagógico nas relações de gênero e sexualidade
    (UFVJM, 2020) Martins, Silvânia Aparecida Rodrigues; Santos, Sandro Vinícius Sales dos; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Santos, Sandro Vinícius Sales dos; Bonadiman, Heron Laiber; Santos, Dayse Lúcide Silva
    Esta dissertação de mestrado teve como objetivo analisar as percepções das professoras de educação infantil sobre o trabalho pedagógico que envolve as relações de gênero e sexualidade com crianças de cinco anos de idade. Foi realizada uma pesquisa qualitativa, através de entrevista focalizada, do tipo estruturada. O material analisado buscou extrair os aspectos mais relevantes, através da interpretação dos depoimentos das professoras, por meio da análise de conteúdo. Responderam à entrevista quatro docentes da Educação Infantil, que atuavam em turmas com crianças de 5 anos de idade, em um Centro Municipal de Educação Infantil, no município de Diamantina (MG). Do ponto de vista teórico, foram desenvolvidos os conceitos de criança; infância, a história da criança no Brasil, sexualidade; infância, Educação Infantil e; sexualidade e gênero na Educação. Em seguida, foram relatados os procedimentos metodológicos e foi feita a análise crítica das entrevistas, comparando as respostas das professoras com os dados da literatura. Finalmente, formulamos apontamentos que auxiliem a elaboração de uma política pública da educação para a sexualidade nas instituições de educação infantil da cidade de Diamantina. Como conclusão, o conjunto das respostas evidenciou nuances importantes sobre o modo como as professoras concebem e realizam o trabalho com gênero e sexualidade no contexto da educação infantil. Além disso, elas demonstraram ter modos próprios de aproximação e de trabalho com a sexualidade infantil e suas manifestações.
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    Discurso de ódio sobre diferenças de gênero no currículo da página Catraca Livre
    (UFVJM, 2017) Silva, Silvana Soares; Ribeiro, Vândiner; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ribeiro, Vândiner; Costa, Maria do Perpétuo Socorro de Lima; Soares Júnior, Azemar dos Santos
    Esta dissertação tem como objeto de investigação o discurso de ódio sobre as diferenças de gênero reguladas pelo padrão heteronormativo no currículo do Catraca Livre, página de jornalismo e entretenimento no Facebook. A pesquisa está inserida na linha pós-crítica dos estudos em currículo, inspirada nos Estudos Culturais e no pós-estruturalismo. O discurso de ódio se manifesta, por meio da correção, da punição com palavras e atos que podem ofender, machucar e matar. A pesquisa investiga a produção e os efeitos do discurso de ódio nesse currículo ao demandar um padrão heteronormativo às mulheres, lésbicas, gays, travestis e transgêneros. Foram mapeadas publicações sobre gênero, que abordam os modos de ser, questões de gêneros divergente da norma binária, direitos e liberdade das mulheres, lésbicas, gays, travestis e transgêneros de dezembro de 2015 a dezembro de 2016. A seleção das publicações foi feita por meio da reiteração do discurso de ódio presente nas postagens e expressadas nos comentários. Como metodologia analítica utiliza-se a análise de discurso de inspiração foucaultiana. O argumento central é o de que no currículo analisado circulam diversos discursos, como: o religioso, o biológico, o machista e moralista, que dão visibilidade e força ao discurso de ódio na tentativa de normalizar os sujeitos mencionados. Os conceitos centrais que funcionaram como ferramentas analíticas são: gênero, currículo, discurso, heteronormatividade, processos de subjetivação, poder-saber e diferença. Na perspectiva teórica adotada o currículo é compreendido como prática de significação que produz saberes, estabelece papéis, dita regras e ensina modos de ser. Entendido ainda como um artefato cultural, o currículo produz transformações e modificações, acionando processos de subjetivação em relações de poder desiguais. Os Estudos Culturais veem na mídia um papel educador, abrindo espaço para análises de currículos não escolares, como o aqui analisado, assim como para os estudos de gênero. Nesta pesquisa gênero e sexo são compreendidos como uma construção cultural a partir de uma matriz heterossexual. O gênero é performativo, é resultado fluido da prática reiterativa e citacional dos discursos que o nomeia. Em síntese, as análises empreendidas neste trabalho dão destaque aos efeitos da produção do gênero e do sexo ao serem nomeados, esquadrilhados e classificados pelo discurso de ódio divulgado no currículo investigado.
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    O atravessamento das questões de gênero nas escolhas profissionais de estudantes do Ensino Médio
    (UFVJM, 2019) Bezerra, Ludmila Lins; Braga, Denise da Silva; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Braga, Denise da Silva; Costa, Maria do Perpétuo Socorro de Lima; Silva, Jeane Félix da
    Partindo da discussão sobre currículo e gênero, a presente dissertação objetivou analisar como as questões de gênero participam nas escolhas profissionais de estudantes do Ensino Médio. Por meio da abordagem qualitativa estruturada com a técnica do Grupo Focal, a pesquisa traz a fala de estudantes do 3º ano do Ensino Médio na cidade de Diamantina-MG referente às suas escolhas profissionais. Com as contribuições de Carvalho (2010); Scott (1995); Louro (2003); Silva (2010) e Moreira (2001), organiza-se um referencial teórico sobre os conceitos de gênero e currículo. Para a interpretação do material coletado, serão utilizadas as categorias de análise de conteúdo de Bardin (2011). Os dados coletados por meio dos encontros do grupo focal foram organizados segundo a técnica de análise de conteúdo que a partir do processo de ‘categorização’ estabelece a classificação das seções que foram organizadas e discutidas de acordo com as falas dos/as participantes da pesquisa. Dentre os resultados, a pesquisa aponta uma visão dicotômica em relação às escolhas profissionais entre os/as jovens e seus pais/mães/responsáveis. Além disso, os/as jovens evidenciam acreditar que existem profissões para homens e outras para mulheres e usam o fator biológico como determinante para tal divisão. A divisão entre homens e mulheres não representa apenas uma divisão de tarefas, mas uma desigualdade de status e remuneração, no qual gênero é o fator preponderante para limitar e reduzir as possibilidades de mulheres atuarem nos diversos espaços profissionais, inclusive os de liderança. Ressalta-se por meio dessa pesquisa, a importância em discutir sobre gênero no espaço escolar. Para superar as desigualdades de gênero, é fundamental a desconstrução de papeis e espaços masculinos e femininos socialmente estereotipados.
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    Perspectiva de gênero: representações sociais sobre o homem no processo da gravidez e do nascimento
    (UFVJM, 2017) Torres, Yasmine Karina Sotomayor; Paes, Sílvia Regina; Morais, Rosane Luzia de Souza; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Paes, Sílvia Regina; Dias, Ana Catarina Perez; Vitorino, Débora Fernandes de Melo
    O processo da gravidez e do nascimento (PGN) é ainda considerado como uma função da mulher. Isso geralmente é influenciado pelo determinismo biológico que permite à mulher engravidar e ter filhos. Embora, é indispensável reconhecer que esse processo, desde o seu inicio, também envolve diretamente ao homem. Mas, além do biológico, aquela assinação feminina que se dá ao PGN, tem uma forte influência social, donde os estereótipos de gênero tradicionais cumprem um papel determinante. Neste sentido valorizando a importância do envolvimento do homem no dito processo, foi realizada a presente pesquisa de abordagem qualitativa. O presente estudo teve por objetivo analisar as representações sociais sobre o homem no processo da gravidez e do nascimento do filho (a), considerando os personagens envolvidos: homem, mulher e profissional de saúde. A pesquisa foi realizada na maternidade do Hospital Nossa Senhora da Saúde da cidade de Diamantina. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas nos 17 participantes, dos quais foram 5 mulheres/mães, 5 homens/país e 7 profissionais de saúde; sendo esse número definido em cada grupo por o critério de saturação. As entrevistas foram gravadas, transcritas e submetidas à análise de conteúdo, juntamente com os dados obtidos pela observação participante que foi a segunda técnica de recolecção de dados. O analise de conteúdo permitiu identificar quatro grandes categorias: Estereótipos de gênero, profissionais de saúde e a participação do homem, fatores externos na participação do homem e benefícios da participação do homem, no PGN respectivamente. Em sentido geral o PGN tem ainda a representação de ser de responsabilidade e participação basicamente feminina. Isso é mais evidente em etapas relacionadas ao planejamento familiar e durante a gravidez, pois durante o parto e o nascimento percebe-se certa aproximação na participação do homem, mais enfatizando sua presencia como símbolo de companhia, fortaleza e segurança para a mãe. Evidencia-se que os estereótipos de gênero tradicionais, aqueles que reforçam a ideia de que o processo em questão é de responsabilidade basicamente feminina e que desligam ao homem dos cuidados e da assistência sanitária que envolve esse processo, estão fortemente arraigados não só nos homens, más também nas mulheres e nos mesmos profissionais de saúde participantes, que às vezes reforçam esses estereótipos no seu agir profissional. Um aspecto relevante que surgiu na presente pesquisa é que o trabalho de parto e o parto são cenários de confrontação, ambivalência e dualidade para os homens, pois convergem dois tipos de masculinidade. Assim por um lado é um cenário que replica algumas características da masculinidade hegemónica: o homem como símbolo de fortaleza e segurança. Por outro lado é uma etapa muito sensível, que permite que os homens demostrem alguns sentimentos como medo, dor e insegurança, caraterísticas que vão à contra da masculinidade tradicional, mais que oferece uma janela de mudança da masculinidade hegemónica fortemente mantida na sociedade. Nesse contexto, é importante que os profissionais de saúde, tornem-se agentes de mudança e promovam partos mais humanizados e acolhedores, considerando como ponto chave a perspectiva de gênero nesse processo, mas também na saúde sexual e reprodutiva em geral.
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    Luz, câmera e ação: homofobia, heteronormatividade e resistência no currículo dos filmes "Billy Elliot", "Carol", "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor" e "Madame Satã"
    (UFVJM, 2017) Rocha, Cristiane Lima; Ribeiro, Vândiner; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ribeiro, Vândiner; Soares Júnior, Azemar dos Santos; Santos, Rosana Baptista
    A presente dissertação analisa como os discursos homofóbicos que circulam nos currículos dos filmes "Billy Elliot (Inglaterra, 2000)", "Carol (Reino Unido/Estados Unidos, 2015)", "C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor (Canadá, 2005)" e "Madame Satã" (Brasil, 2002), demandam corpos normalizados em um padrão heteronormativo e que efeitos têm sobre as personagens. Tomo como metodologia a análise do discurso, de inspiração foucaultiana. As análises serão realizadas por meio das falas, as cenas, dos sons, das imagens, nas coisas explícitas e silenciadas. Bem como, os conceitos de currículo, gênero, homofobia, heteronormatividade, norma, discurso, relações de saber-poder e processos de subjetivação e posições de sujeito foram eleitos como ferramentas teórico-conceituais para essa pesquisa. Em termos teóricos, esta dissertação se inscreveu no campo dos Estudos Culturais, na versão dos estudos pós-críticos de currículo. Assim, o conceito central da investigação é currículo, compreendendo-se que ele ensina modos de ser, pensar e agir às pessoas, bem como produz determinados tipos de sujeitos e corpos. Igualmente, o conceito de discurso tem espaço importante, sendo entendido como "práticas que formam sistematicamente os objetos de que falam" (FOUCAULT, 1986, p. 56). Destaco que o discurso da homofobia circula nos mais diversos espaços produzindo efeitos sobre os corpos, demandando posições de sujeito, seja nos filmes, nas novelas, na escola, na família, na religião, na roda de amig@s. O problema central desta investigação é: como os discursos sobre gênero, por meio de discursos homofóbicos, têm demandado corpos normalizados em um padrão heteronormativo nos filmes em análise? Para isso, trago como objetivos específicos: verificar os processos de construção de práticas ditas femininas e masculinas nos filmes investigados; registrar quais marcas são nomeadas e classificadas como "normais" às posições de gênero; identificar quais posições de sujeito generificados são demandadas e produzidas em atividades cotidianas nos filmes em questão; investigar como se expressam as desigualdades de gênero nos longa-metragens pesquisados; analisar quais mecanismos, técnicas e estratégias de poder são utilizadas no reforço à homofobia nessas obras cinematográficas; identificar e analisar possíveis tentativas de apagamento de marcas homossexuais ou escapes nas personagens dos filmes. O argumento central é de que há uma reiteração do padrão heteronormativo no currículo dos filmes investigados mesmo quando se percebe uma suposta tentativa de romper com padrões tidos como ideais e normais. Desse modo, soma-se ao discurso homofóbico e heteronormativo, por exemplo, discursos biologicistas, religiosos, psicológicos e moralistas, demandando posições de sujeito heterossexuais.
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    Ensinar, formatar e moldar: práticas de um currículo generificado de uma escola do ensino fundamental
    (UFVJM, 2016) Fernandes, Viviane Carvalho; Ribeiro, Vândiner; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Ribeiro, Vândiner; Fonseca, Ivana Alice Teixeira; Ramalho, Maria Nailde Martins
    Este trabalho buscou compreender como se constituem as feminilidades e as masculinidades no currículo de uma escola da rede municipal de ensino de Governador Valadares. A pesquisa está inserida no campo dos estudos de gênero e currículo, com inspiração em Michel Foucault. Para o desenvolvimento desta dissertação, foram selecionados alguns conceitos que serviram como ferramentas de trabalho, sendo eles: gênero, currículo, discurso, poder/saber, processo de subjetivação, norma, heteronormatividade, relação de poder e posições de sujeito. Como metodologia, foram utilizados procedimentos da pesquisa etnográfica para coleta de informações, tais como: observação com registro em diário de campo, conversas informais e entrevistas semiestruturadas. Para tratar essas informações, foram utilizados elementos da análise do discurso de inspiração foucaultiana. Por meio dessas ferramentas metodológicas e com os conceitos que serviram de base para o desenvolvimento desse trabalho, analisou-se que a escola, de uma forma geral, por meio dos discursos biologicistas, machistas, pedagógicos, entre outros, tem naturalizado os corpos das meninas e dos meninos, constituindo feminilidades e masculinidades, como se houvesse apenas um único modo correto de ser homem e mulher, menino e menina. O argumento geral desenvolvido nesta dissertação é: apesar da reiteração constante de discursos heteronormativos, por meio das práticas curriculares, ensinando modos adequados de ser a meninas e meninos, a normalização dos corpos não é totalmente garantida, pois escapes podem ser encontrados. Os sujeitos são criativos e manifestam seus sentimentos e desejos. O currículo foi compreendido, aqui, como um artefato importante na constituição das feminilidades e das masculinidades, produzindo diversas posições de sujeito, mas, sobretudo, posições que se enquadram em um padrão heteronormativo, e que também estão fora da escola.