PPGER - Mestrado em Estudo Rurais (Dissertações)
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Item Mãos e pés na terra: análise dos silenciamentos nos diagnósticos sobre o Jequitinhonha(UFVJM, 2022) Souza, Lauanda Lopes de; Sulzbacher, Aline Weber; Stocco, Aline Faé; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Sulzbacher, Aline Weber; Stocco, Aline Faé; Lima, Josélia Barroso Queiroz; Leite, Ana Carolina Gonçalves; Mattos, André Luis Lopes Borges deA presente dissertação trata do discurso hegemônico construído sobre o Vale do Jequitinhonha no interior do processo de criação e consolidação dessa região de planejamento e intervenção estatal. Foram analisados os planos de desenvolvimento para o Vale do Jequitinhonha, escritos entre as décadas de 1950 e 1980, período histórico em que se criou e difundiu uma visão estigmatizada sobre essa localidade e de suas comunidades. A pesquisa assumiu a interseccionalidade como perspectiva de análise, considerando a articulação das opressões de gênero, raça e classe como elemento central para a compreensão da realidade. Buscou-se identificar como o silenciamento e a negação de uma diversidade étnica dos sujeitos e comunidades, em nome da construção da identidade regional/nacional revelam também o ocultamento da exploração histórica a que esses sujeitos foram submetidos. Realizou-se um levantamento histórico sobre a região, desde a sua formação até o processo de regionalização, buscando identificar os interesses ocultos em determinados discursos e estigmas e o papel do Estado nesse processo. Posteriormente, foram identificados os elementos da dinâmica social dos territórios da bacia do rio Jequitinhonha que foram negados e/ou silenciados no interior dos planos desenvolvimentistas que criaram a região “Vale do Jequitinhonha”. Como resultado, foi possível identificar que, desde o período colonial até o processo de regionalização, a invisibilidade e silenciamento em torno da realidade social e étnica da localidade funcionaram enquanto estratégia para uma contínua exploração e mutilamentos de sujeitos e comunidades do rio Jequitinhonha. Observa-se que algumas categorias como “pobreza” e “Homem do Jequitinhonha” se produzem diretamente da dimensão racial, ocultando um processo de domesticação dos corpos dos sujeitos em prol dos interesses do sistema capitalista. Dessa forma, além da expropriação do território, essa localidade tem se tornado um polo exportador de força de trabalho negra e barata para outras regiões, bem como de seus recursos naturais como a mineração.