Browsing by Author "Vieira, Dalva Ribeiro"
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Item Sinfonia em branco e Dessesterro: um estudo sobre maternidade, opressão e violação dos corpos femininos(UFVJM, 2023) Vieira, Dalva Ribeiro; Miguel, Fernanda Valim Côrtes; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM)A proposta desta dissertação apresenta uma análise literária dos romances Sinfonia em branco (2001), de Adriana Lisboa e Desesterro (2015), de Sheyla Smanioto. As análises apontam para o modo como a violação dos corpos femininos e a opressão são narrados nessas obras e como o tema da maternidade as atravessa. Para a realização do estudo, partimos das considerações de Jaime Ginzburg (2013), de que a violência é constitutiva da sociedade brasileira. Ela ocorre com tanta frequência que, em muitas situações, tem sido naturalizada e invisibilizada. Para o autor, os estudos literários poderiam dar uma contribuição importante no sentido de questionar a violência e, principalmente, sua naturalização; porque a leitura de textos literários possibilita que os leitores rompam com a visão automatizada da realidade. Assim, a análise de sua configuração na obra literária vai muito além de identificar quais são as cenas em que as personagens a praticam ou sofrem. É preciso analisar também quem narra e como se narram os episódios traumáticos. O tipo de narrador e as figuras de linguagem, nas obras analisadas, foram recursos linguísticos fundamentais para abordar temas, segundo Eurídice Figueiredo (2020) de difícil representação, como o estupro e o incesto. As análises realizadas partiram de trechos selecionados dos romances, a partir do interesse na aproximação de suas linguagens estéticas para estabelecer relações de comparação sobre a forma como a violação dos corpos femininos, a opressão e maternidade são representadas neles, em diálogo com as teorias de gênero, a partir da discussão de autoras como Rita Terezinha Schmidt (2000), Heleieth Saffioti (1986; 2004), Silvia Federici (2017), Regina Dalcastagnè (2007; 2020), Elisabeth Badinter (1985), e Eurídice Figueiredo (2020). Para a fundamentação da naturalização da violência partimos das discussões trazidas por Judith Butler (2015), Achile Mbembe (2016) e Sílvio Almeida (2020). Os resultados da pesquisa apontam para a percepção de que romances analisados abordam temas considerados tabus, como o incesto e o estupro, de forma profunda e empática; provocando reflexões acerca da naturalização, invisibilidade e silenciamento dessas violências pela sociedade machista e patriarcal, ao mesmo tempo em que as denuncia.