Comportamento de leguminosas para adubação verde no Vale do Jequitinhonha.
Date
2010
Authors
Journal Title
Journal ISSN
Volume Title
Publisher
Abstract
Os impactos provocados pela agricultura convencional têm promovido degradação dos recursos naturais, o que preocupa toda a humanidade. Especificamente nos trópicos, os solos necessitam de proteção constante, haja vista que o seu desgaste promove redução da produtividade. Nesse sentido, práticas conservacionistas, como adubação verde, permitem a manutenção da capacidade produtiva do solo ao longo do tempo, sem causar impactos negativos ao meio ambiente, conduzindo para a sustentabilidade dos agroecossistemas. O objetivo deste trabalho foi gerar e adaptar conhecimentos e tecnologias que possibilitem ampliar o uso da adubação verde em cultivos conservacionistas de baixa perturbação do solo para a agricultura familiar, no Vale do Jequitinhonha/MG, quando foram objetos deste estudo dois biomas característicos da região, o Cerrado e a Caatinga. Dois experimentos foram conduzidos: um na região de Cerrado, com leguminosas anuais, mucuna cinza (Mucuna nivea), mucuna preta (Mucuna aterrima), lab-lab (Dolichos lab lab), feijão-de-porco (Canavalia ensiformis), crotalária juncea (Crotalaria juncea), crotalária espectabilis (Crotalaria spectabilis), guandu anão (Cajanus cajan) e testemunha (solo nu), e outro na região da Caatinga Mineira, constituído pelas leguminosas perenes: cudzu tropical (Pueraria phaseoloides), calopogônio (Calopogonium mucunoides), amendoim forrageiro (Arachis pintoi), soja perene (Glycine wightii), estilosante campo grande (Stylosanthes capitata e Stylosanthes macrocephala) e testemunha (solo nu). O delineamento experimental utilizado nos dois experimentos foi o de blocos ao caso com quatro repetições. Observou-se que, na região de Cerrado, as leguminosas que se destacaram inicialmente para cobertura do solo foram a mucuna cinza e o feijão-de-porco, com todas as coberturas promovendo a redução da temperatura em relação à testemunha. Para a retenção de umidade do solo, o destaque foi a mucuna cinza. Dentre as coberturas avaliadas nesse bioma, as que contribuíram para redução da fitomassa das plantas espontâneas foram o guandu anão, mucuna cinza, feijão-de-porco e lab-lab, com destaque para redução em 40% da fitomassa das gramíneas, proporcionada com essas coberturas. A mucuna cinza, mucuna preta, lab-lab e feijão-de-porco se destacaram no incremento de macronutrientes e aumento da matéria orgânica sobre o solo, com a senescência de folhas durante o ciclo. A crotalária juncea foi a espécie que se destacou no acúmulo de fitomassa, aporte N e macronutrientes. No experimento realizado na região da Caatinga Mineira, as leguminosas que se destacaram para cobertura do solo foram o calopogônio, amendoim forrageiro e cudzu tropical, com o calopogônio contribuindo com as maiores taxas nos primeiros 90 dias. O uso das leguminosas como cobertura permanente promoveu mudanças na composição das espécies espontâneas ao longo das avaliações, quando o calopogônio, amendoim forrageiro e cudzu tropical se destacaram na capacidade de supressão das espontâneas. Todas as leguminosas a partir dos 120 dias proporcionaram menor temperatura do solo, em relação à testemunha. O calopogônio se destacou dentre as espécies, com maior capacidade em conservar a umidade do solo, no incremento de macronutrientes e aumento da matéria orgânica sobre o solo, por meio da senescência de folhas durante o ciclo, maior acúmulo de fitomassa, macronutrientes e aporte de N ao sistema, pela parte aérea, aos 180 dias de ciclo. Este trabalho permite que os agricultores conheçam o comportamento das diferentes espécies para adubação verde, as quais apresentam características distintas, para, assim, suprirem as diferentes demandas para os sistemas agrícolas do Vale do Jequitinhonha.
Description
Keywords
Citation
TEODORO, Ricardo Borges. Comportamento de leguminosas para adubação verde no Vale do Jequitinhonha. 2010. 80 p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Diamantina, 2010.