Impactos nos recursos hídricos: uma percepção dos servidores públicos do setor de meio ambiente do Estado de Minas Gerais

Abstract

A atual forma de organização social e o consequente desenvolvimento de atividades econômicas causam perturbações no ambiente, que se refletem na qualidade de vida e no bem-estar das pessoas. As atividades industriais e a exploração da natureza geram diversos impactos ambientais, como alterações na disponibilidade e acesso à água de qualidade. A presente pesquisa buscou identificar e refletir sobre os impactos causados aos recursos hídricos a partir da percepção de servidores públicos de setores ligados ao meio ambiente no Estado de Minas Gerais, Brasil. Para isso, utilizamos um questionário semiestruturado aplicado aos 229 servidores que atuam nessa área. O desenho de estudo caracteriza-se por uma pesquisa transversal, descritiva, exploratória e de natureza quali-quantitativa. Foi ainda realizado estudo de base teórica sobre a organização social, a saúde ambiental e a disponibilidade de água nos territórios, a fim de possibilitar a discussão quanto à gestão, conservação e importância da água na natureza e na sociedade. Constatou-se que os impactos sobre os recursos hídricos acontecem de diversas formas, mas estão ligados principalmente ao manejo e ocupação das bacias hidrográficas, onde o desmatamento, a compactação do solo, a urbanização e as intervenções nas áreas de recarga e descarga hídrica, apresentam relação direta com qualidade da água e sua disponibilidade para consumo. A desigualdade social e o atual modelo de desenvolvimento econômico dificultam os novos caminhos rumo à sustentabilidade do planeta. A promoção da educação ambiental foi apontada como o principal caminho para a preservação dos recursos hídricos. É urgente a necessidade de repensar a forma de cuidar e gerir a água, a partir do seu conceito de finitude, da disponibilidade hídrica e das alterações de sua qualidade em escala regional e global. A propositura de soluções eficazes perpassa o diálogo entre o conhecimento científico e os saberes populares, desenvolvendo uma ciência não apenas ativa, mas também contemplativa e interdisciplinar.