PPGCH - Mestrado Profissional Interdisciplinar em Ciências Humanas (Dissertações)

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    Arte rupestre e a construção da paisagem regional: um estudo dos sítios Cabeças, Alto Araçuaí, Felício dos Santos-MG
    (UFVJM, 2020) Gambassi Júnior, Roberto Pilade; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Bandeira, Arkley Marques; Arcuri, Márcia Maria Suñer
    Os sítios arqueológicos Cabeças estão localizados no sopé da Serra do Gavião, bacia do Rio Jequitinhonha, sub-baçia do rio Araçuaí, próximo ao povoado de Cabeças, munícipio de Felício dos Santos, Alto Jequitinhonha-MG. Inseridos em cinco abrigos sob rocha quartzítica, três foram escavados entre os anos de 2013 e 2014, apresentando datações que vão do século XVII de nossa Era recuando até o Holoceno Médio, aproximadamente 7225 anos AP. Neste sentido, apesar de se tratar de uma área total de 22 hectares (relativamente pequena), há um processo de uso da área em longa duração, o que nos leva a crer que há aspectos ambientais fundamentais para o estabelecimento e garantia de vida das populações pregressas durante oito milênios, mas que além disso, são as motivações relacionadas aos mitos, ao lugar dos ancestrais, ao sagrado, que garantiram efetivamente o uso continuo deste lugar. Como característica marcante, os sítios possuem a intensa produção de pinturas rupestres no lugar, a qual foi o objeto de análise neste trabalho, onde buscamos de forma interdisciplinar descrever e interpretar dados, a partir de discussões sobre arte, estilo e paisagem. Estes conceitos foram utilizados na pesquisa para estabelecer discussões acerca das pinturas, técnicas, formas, escolhas e a construção da paisagem regional. Optamos por entender as pinturas para além das formas e agencias, que por possuírem vida estão em fluxo constante com o mundo envolvente. A mesma discussão é estabelecida em relação ao conceito de arte, no caso “dos povos originários”, entendendo que as formas materializam cosmologias desconhecidas, e, portanto, muito do que se vê na verdade está para além dos olhos. Afim de discutirmos “Paisagem”, estabelecemos uma discussão que vai além dos aspectos fisiográficos, mas culturais e simbólicos. Na caracterização das pinturas optamos por utilizar como técnica o uso do calque, tanto em plástico quanto digital, o qual colaborou na elucidação de diversos painéis bastante danificados, além de nos permitir estabelecer cronologias relativas dentro dos painéis e sobre as formas e técnicas para a composição das pinturas. Como resultados, identificamos estilos, técnicas e formas particulares na produção e (re)significação do lugar, que nos dizem acerca das escolhas humanas sobre o habitar, indo além de opções que permeiam questões utilitário-funcionais ou ambientais, mas explorando os universos culturais envolvidas no processo contínuo de ocupação indígena no Alto Vale do Araçuaí, Serra do Espinhaço Meridional, Minas Gerais.
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    Espelho de pedra: a estrutura emergente da arte rupestre nas matas do Alto Araçuaí (Felício dos Santos, MG)
    (UFVJM, 2019) Greco, Wellington Santos; Fagundes, Marcelo; Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); Fagundes, Marcelo; Paula, Adna Cândido de; Horta, Andrei Isnardis; Suñer, Márcia Maria Arcuri; Pádua, Letícia Carolina Teixeira
    Foram analisados sete sítios de arte rupestre localizados no município de Felício dos Santos, Alto Araçuaí, Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Em perspectiva interdisciplinar, o arcabouço teórico da análise se organizou em três conceitos metodológicos primeiros: estrutura, paisagem e estilo. O seu objetivo central foi a investigação de combinações recorrentes nos painéis tomadas enquanto indicadores de um determinado processo de estruturação, tendo o estilo enquanto premissa e a arte como produção técnica de atribuição simbólica, que é integrante e marca da paisagem. Uma vez que a paisagem ocorre junto à ação, os três conceitos norteadores se fecham em um círculo de análise que se movimenta sob a categoria de arte, sendo, então, todos tomados não só enquanto teoria, mas como método, cumprindo assim a prerrogativa da investigação interdisciplinar. É sobre esse movimento que versa esta dissertação, que tem nos resultados alcançados o veio de discussão. Também se deteve a investigar quais relações podem ser tecidas entre os sítios e os vestígios rupestres buscando observar as particularidades que constituíram e podem ter limitado, condicionado ou orientado a(s) escolha(s) ou padrão(ões) de organização dos painéis rupestres e, assim, da(s) (re)construção(ões) da paisagem. Para tanto, se deteve às figuras, em análise sincrônica e diacrônica, partindo do conceito de estrutura. Posto que essas relações se imbricam e coexistem na constituição e manutenção de um todo coeso e coerente, ainda que dinâmico. Esse movimento também foi analisado e é um dos resultados que se apresenta. A pesquisa se decorreu em três trabalhos concomitantes: atividades de campo, análises em laboratório e estudo bibliográfico. Em campo, o registro da arte rupestre se deu por fotografia e descrição categórica. Cada figura foi detalhadamente analisada em suas características intrínsecas de matéria-prima, cor, técnica de execução, desenho, forma e disposição no painel, em consideração com outras figuras. Essas disposições de localização das figuras no painel também receberam atenção, principalmente em razão de ser a arte rupestre um registro fixado, fator que possibilitou a análise segura sobre as combinações, ainda que, como cumpre ressaltar, apenas sinais estejam na rocha. Por isso, defendeu-se o estudo enquanto análise de símbolos, sob a ênfase de que o que se tem são vestígios e as relações que aconteceram, se deram e ocorrem, foram e são fenomenológicas. Pela aplicação do método, mesmo que a análise não se feche em uma consideração única sobre a arte rupestre dos sítios em questão, os resultados alcançados sob tal abordagem teórica conferem a hipótese da existência de organização comum nos painéis dos sítios estudados, havendo um modo estilístico de composição e conformação da paisagem da Serra baseado em específico dinamismo que possibilita, viabiliza e sustenta determinada estrutura emergente das combinações artísticas. Assim, não apenas se evidencia convenções gráficas, como também elucida acordos culturais conjecturados nos/com/pelos vestígios. Nessa perspectiva, arte e paisagem não foram dialeticamente ou dicotomicamente verificadas, mas entendidas juntas como símbolos ocorrentes em inter-relações fenomenológicas envolvidas. Destarte, uma é tanto e como a outra enquanto aquela for. Mesmo que dividido em três capítulos, um de caráter mais teórico, outro sobre a metodologia desenvolvida e um terceiro de apresentação e discussão sobre os resultados, em suma, todo o texto sublinha o quanto a arte ocorre (também) não presa à rocha, ainda que não (se) exista em movimentos arbitrários e de todo desprendidos. Em razão disso, além de se somarem aos resultados de outras pesquisas e conhecimentos sobre a presença humana pré-contato no Alto Jequitinhonha, acredita-se que os dados gerados podem contribuir com perspectivas teóricas, mantendo a ciência em igual dinâmica no movimento de defesa de sua autonomia e qualidade, via democracia.